A Editora Splendet e o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiro Dra. Nicéia Quintino Amauro, ambos da PUC-Campinas, prorrogaram as inscrições para o edital que permitirá a publicação de seis obras inéditas pelo selo “Mulheres Negras Publicam”, que visa incentivar, dar apoio e visibilidade à produção literária nacional desse público, promovendo assim a diversidade no campo acadêmico. As obras, que necessariamente serão escritas por mulheres negras, serão publicadas no formato físico e digital. Para participar do processo, o novo prazo para inscrição vai até o dia 2 de janeiro de 2025.
O Edital prevê que podem participar da seleção mulheres negras que tenham os arquivos originais concluídos, prontos para avaliação editorial. O material pode ser de qualquer gênero literário e precisa ser original, nunca publicado em nenhuma plataforma e ter no máximo 200 páginas. Em caso de a obra ter sido feita em coautoria, ela pode participar da seleção caso ambas as autoras preencham os pré-requisitos.
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Todas os documentos necessários para a inscrição constam no edital. A classificação final será divulgada no site da Editora Splendet em 31 de março de 2025.
“É um dever de toda a sociedade adotar medidas que promovam a igualdade racial. Djamila Ribeiro, no Pequeno Manual Antirracista questiona ‘Você está fazendo o que pode para contribuir para a luta antirracista?’. A editora Splendet entendeu essa pergunta institucionalmente. É urgente termos publicações literárias mais diversas e para isso precisamos de medidas intencionais. Existem boas iniciativas desenvolvidas na área, como o Cardernos Negros, em 1978, Mulheres Negras na Biblioteca (para aumentar o acervo), Literafro, Livaria Bantu, Preta Poeta e Margens (UNICAMP). Essa é mais uma que chega para somar esforços. A parceria é mais uma iniciativa que foi pensada para a comunidade negra e com a comunidade negra”, afirma a Profa. Dra. Camila Brasil Gonçalves Campos, Pró-Reitora de Inovação da PUC-Campinas.
“O Selo Mulheres Negras que publicam é uma iniciativa preciosa para a comunidade interna e externa, especialmente, reconhecendo a intelectualidade e a potência dos saberes das mulheres negras. Espera-se que mulheres negras do Brasil inteiro participem”, afirmou a Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, responsável pelo Centro Afro.
Em entrevista à rede de televisão CNN, O CEO da Revista Raça mencionou que hoje há mais luz sobre os autores negros, que antes eram praticamente “invisíveis” para as editoras. Porém, ele relembra que há ainda muito por fazer.
No contexto nacional, a produção literária ainda é muito desigual, especialmente quando falamos de autoras negras. Uma pesquisa da UNB (Universidade de Brasília) mostrou que, até 2014, cerca de 2,5% das obras publicadas eram de autores negros. Não foi encontrada pesquisa que estime o percentual somente de autoras negras, mas é possível inferir que é absolutamente desproporcional ao contingente populacional, uma vez que mulheres negras são cerca de 28% da população brasileira, proporção que, certamente, não se mantém na fatia dedicada à produção literária desse público.
O Selo Mulheres Negras Publicam traz a missão da promoção da diversidade na literatura e pode também ser inspiração para outras iniciativas.
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