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Um helicóptero chamou a atenção dos moradores de Ouro Preto (MG) na manhã desta quarta-feira (25/08). Após apuração da equipe de reportagem do Jornal Voz Ativa que acompanhou ao vivo o movimento no campo do bairro Água Limpa, foi confirmado que a aeronave da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), conhecida como Guará 02 e cedida ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), sobrevoava o céu da importante cidade histórica levando bombeiros e brigadistas até o alto da Serra do Bairro São Cristóvão, conhecida popularmente como região da Pedra de Amolar, que faz divisa com a APA Andorinhas - Área de Proteção Ambiental - no Parque Natural Municipal da Cachoeira das Andorinhas, fim de combater focos de incêndios. A ação contou com a participação de 37 envolvidos, sendo 15 combatentes e outros 22 profissionais de apoio, todos com conhecimento e seguindo protocolos de segurança.
Sargento da 2ª Cia do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, subcomandante Valadares trouxe mais detalhes sobre a ação e do grande aliado no combate aos incêndios florestais que vem pelo céu. “Se não fosse o helicóptero, demoraríamos em torno de uma hora e meia para chegarmos até o foco do incêndio. A aeronave é capaz de transportar os militares e brigadistas mais rapidamente. Em torno de dois ou três minutos, já estamos no ponto de atuação dessas guarnições”, explicou.
Outra vantagem da aeronave, de acordo com o sargento é otimizar o serviço e minimizar o desgaste físico dos combatentes. Já o cabo Frederico, que cuida da parte técnica do Guará 02, explica que a autonomia de voo do equipamento é de três horas e meia, “mas devido à criticidade da operação, envolvendo voos de baixa altura e em área montanhosa, não se trabalha com a aeronave totalmente abastecida, mas em 75% de sua capacidade de combustível”.
No entanto, ainda de acordo com Frederico, um caminhão com a capacidade de armazenamento de cerca de 5 mil litros de combustível também faz parte da operação, garantindo o abastecimento de dez vezes a capacidade total do helicóptero para que assim ele possa operar do nascer ao pôr do sol.
Valadares prossegue explicando que ontem (24), por volta de 8h, os bombeiros militares foram informados sobre o incêndio nos arredores da Pedra de Amolar. Imediatamente, o foco passou a ter a sua evolução monitorada. Além da ação antrópica, muitas vezes, a própria natureza acaba contribuindo com o problema.
Na parte da tarde, por exemplo, o tempo seco contribuiu para que o fogo saísse do controle, mesmo já havendo brigadistas atuando no local. “Uma verdadeira tragédia, infelizmente foram muitos hectares perdidos incluindo a área do Morro São Sebastião, do Veloso e Andorinhas, sem falar dos animais, alguns inclusive em extinção, que podem ter sido atingidos”.
O subcomandante também aponta a presença de focos de incêndio que surgem dentro de camadas subterrâneas. “Geralmente isso acontece à noite e com uma combustão lenta. Ao amanhecer, a incidência do sol pode dar mais força ao fogo e ele se espalha”.
Situação atual
Quando se fala em incêndios, a maneira correta de mensurar a sua gravidade é por meio de extensão do foco e não por níveis. Valadares explica também que nesse momento, embora a situação esteja mais controlada, ainda é possível perceber a incidência de fumaça. “Mas nada impede que o incêndio apareça com mais força e seja propagado para outros pontos que ainda não foram inflamados”.
O Sargento também chamou a atenção sobre a situação alarmante envolvendo incêndios em Minas Gerais. “São várias áreas de incêndios em vários pontos no estado. Estamos em um período crítico de estiagem e esse cenário contribui para com o problema que deve ser resolvido somente com a chegada do período chuvoso, aguardado para o mês de outubro”.
Contudo, isso não significa que o importante trabalho das instituições de segurança fique menos trabalhoso. A partir disso, conforme sugere o subcomandante, surgem outros problemas, como os deslizamentos e soterramentos.
Recente balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros em Minas Gerais, aponta que a Companhia recebeu 331 solicitações para combater as chamas em vegetações no estado, algumas registradas na Grande BH. No início de julho, pelo menos 28 municípios do estado estavam sob ameaça de grandes focos ativos de queimadas, de acordo com dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), monitorados por meio de imagens de satélites. Além disso, 71 cidades apresentavam risco de incêndios em virtude da falta de chuvas.
Enquanto preparávamos esse texto, o Guará 2 seguiu com os militares para a cidade de Mariana-MG acontecia outro incêndio em mata que passaria por estudos para início de combate.
O vôo rasante sobre os telhados centenarios de Ouro Preto, pode ocasionar o deslocamento das telhas, visto que são telhas antigas sem amarração ou o colapso do telhado devido a carga exercida pela pressão da aeronave.