Festival Abraça mantém viva a memória das vítimas da tragédia-crime da Vale em Brumadinho

Nesta quinta-feira (30), evento se encerra em Belo Horizonte.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 29/05/2024, 16:36 - Atualizado em 29/05/2024, 16:36
Foto — Estandartes produzidos pelos familiares de vítimas da tragédia-crime da Vale em Brumadinho. Crédito — Renca Produções. Siga no Google News

Fortalecer laços e manter acesa a memória das 272 vidas ceifadas no rompimento da barragem da Vale em 2019, é esse um dos objetivos do Festival Abraça, que teve início no último final de semana em Brumadinho e em Sarzedo. Passados 5 anos da tragédia-crime da Vale, familiares e comunidade ainda sofrem com as consequências do desastre. Até hoje, 5 anos e 4 meses após a ruptura, ninguém foi responsabilizado. 

Com o festival Abraça, a AVABRUM (Associação dos Familiares de vítimas e Atingidos pelo Rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho)  e o Projeto Legado de Brumadinho buscam amenizar a dor e levar leveza à população das cidades atingidas. O encerramento da programação acontece nesta quinta-feira (30), em Belo Horizonte, com apresentação “Canto Negro Para Milton Nascimento” do cantor, compositor, instrumentista e ator mineiro Sérgio Pererê no Sesc Palladium. 

“Ações como essa são uma forma de ressignificar, trazer alegria em meio a tanta dor, revolta com a falta de justiça. Este festival vem para trazer leveza, mostrar para pessoas que não vamos viver de tristeza. Até porque os nossos, de onde eles estão, não gostariam de nos ver tristes”, disse a vice-presidente da AVABRUM, Nayara Porto, que perdeu o marido Everton Lopes Ferreira, de 32 anos, na lama da Vale.

Foto - Espetáculo “Elefanteatro”, do grupo de teatro de bonecos Pigmaleão, no Festival Abraça em Brumadinho. Crédito - Renca Produções.

Cortejo abre evento

Escritas em estandartes, frases exprimiam os desejos dos afetados pela tragédia-crime e marcaram com emoção o início da programação do Abraça na tarde de sábado, em Brumadinho. 

Numa caminhada simbólica, após o Ato mensal por justiça, memória, honra e homenagem às 272 vítimas fatais, vários familiares caminharam com os estandartes, a partir do letreiro de entrada da cidade, até a Praça Saudades das Joias, onde aconteceu o festival. 

Altivas, as bandeiras, pediam pelo fim da ganância, pela volta da paz em Brumadinho, por justiça, cuidado com o meio ambiente, memória das vítimas e ressignificação à vida dos atingidos. Os estandartes foram confeccionados no pré-festival pelos próprios familiares sob a orientação da artista Chris Tigra. Neste mês de maio, a ruptura da barragem completa 5 anos e 4 meses.

Foto - Oficina de bolhas, no Festiva Abraça, em Sarzedo. Crédito - Renca Produções.

Abraça em Brumadinho

Em Brumadinho, o evento contou com feiras de artesanato, gastronomia, cortejos de congado, oficinas, atividades infantis, espetáculos “Elefanteatro”, do grupo de teatro de bonecos Pigmaleão; o “Circo de Família”, da trupe circense Cia Circunstância; e o “Naquele Bairro Encantado – Ensaio Para uma Seresta”, do Grupo Teatro Público.  A programação chegou ao  fim com o concerto “Música de Cinema”, da Orquestra de Sarzedo, que fez uma apresentação que mesclou cinema mudo e música clássica.

Abraça em Sarzedo 

Já no domingo, o festival chegou em Sarzedo, na Praça Mirante Santo Antônio. No município, além da feira gastronômica e de produtos locais, atividades infantis, como oficina de bolhas e brincadeiras tradicionais, com o grupo Atrás do Pano, animaram as crianças. Também foram realizadas duas apresentações musicais – da dupla sertaneja Erick e Rafael e da Banda MP4. 

O festival ainda contou com a exposição do “Hacklab Volante”, projeto do designer e artista visual Fred Paulino, que utiliza um micro-ônibus adaptado como galeria de arte e tecnologia, inspirado nos estudos de “gambiologia”, uma abordagem contemporânea de criação das populares gambiarras.

União 

Para a coordenadora do projeto Legado de Brumadinho, Luciana Veloso, o Festival Abraça,  além de honrar as vítimas da tragédia, vem  para unir os municípios afetados pela lama e potencializar as vozes por justiça. “Devemos exigir que tragédias-crimes como essa não se repitam. Minas é muito mais do que um território propício para mineração. Somos um povo criativo, corajoso, alegre e precisamos valorizar isso também”, disse. Para ela o festival tem sido poético e uma forma de ressignificar o crime da Vale.  

DMC 

Realizado com recursos da multa do Dano Moral Coletivo pago a título de indenização social pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, o Festival Abraça se encerra nesta quinta-feira (30), em Belo Horizonte, com o cantor, compositor, instrumentista e ator mineiro Sérgio Pererê. Ingressos gratuitos devem ser retirados no local do espetáculo.

Saiba mais 

Para mais informações, acesse a  programação do Festival Abraça em @festivalabraca, @legadodebrumadinho e @avabrumoficial.

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