Nos dias atuais, a saúde mental é uma pauta recorrentemente debatida, em razão da sua importância e dos impactos negativos que sua negligência pode causar nos indivíduos. Em Ouro Preto, essa temática é seriamente conduzida pela Rede de Atenção Psicossocial do Município, que trata das questões de saúde mental de cada paciente de forma multidisciplinar, entre vários setores da Prefeitura Municipal, e também por meio de parcerias com outros órgãos, com a finalidade de reinserir o paciente na comunidade, no convívio social, por meio de processos terapêuticos individuais, coletivos e ocupacionais.
O que é RAPS?
De acordo com o Ministério da Saúde, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é um conjunto de diferentes serviços disponíveis nos municípios e comunidades, que, juntos, formam uma rede para o cuidado das pessoas com transtornos mentais, sejam eles moderados ou graves, e com problemas em decorrência do uso de drogas. Essa Rede deve apoiar e cuidar também dos familiares desses pacientes. Em Ouro Preto, a RAPS é composta pelos seguintes serviços: Atenção Primária (que são as UBSs e as equipes multiprofissionais), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS ad, CAPS II e CAPS ij), o SAMU, a UPA, a Santa Casa de Ouro Preto, e os serviços de Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação.
Para que serve o CAPS?
Os Centros de Atenção Psicossocial são os serviços de saúde do SUS para tratamentos de pessoas que sofrem com transtornos mentais, como depressão, ansiedade, psicoses, neuroses graves e demais quadros. Os CAPS recebem todos os cidadãos que necessitam de atendimento, pois, nesses locais, é realizado o acolhimento e escuta do paciente. O acolhimento é feito por profissionais capacitados, como assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
Qual serviço devo procurar?
A diretora da Rede de Atenção Psicossocial, da Secretaria de Saúde de Ouro Preto, Flávia Mendes, afirmou que, embora existam os Centros de Atenção Psicossocial, todos os serviços de saúde podem realizar o acolhimento do indivíduo. “Quando se trata de Atenção Psicossocial, todos os serviços de saúde podem acolher e realizar o atendimento do paciente, realizando a conduta que for adequada à situação e ao serviço. O cuidado em saúde mental ofertado pode ser a escuta, a prescrição medicamentos, ou até solicitar apoio da equipe multidisciplinar, e, se necessário, encaminhar para a especialidade”, afirmou a diretora.
Sobre os quadros menos graves, como depressão e ansiedade, por exemplo, a diretora esclarece que esses podem ser atendidos na Unidade Básica de Saúde. Ou ainda, quando o usuário tem um quadro grave, mas já está mantendo um quadro estável da doença, ele também pode e deve ser acompanhado pela UBS. Flávia falou sobre o papel dos CAPS. “A prioridade dos CAPS é para os casos graves e persistentes. Porém, esses equipamentos são ‘portas abertas’, então eles vão fazer o acolhimento de todos, mas não quer dizer que a atenção que aquele usuário precisa é naquele local. Assim, a equipe irá avaliar e direcionar o paciente ao serviço mais indicado”, disse Flávia.
Atendimento psicológico nos postos de saúde
A psicóloga Gabriela Campos Silva atende as comunidades dos bairros Padre Faria e São Cristóvão. Ela explicou um pouco mais sobre como funcionam os atendimentos nas UBSs e sobre as parcerias com outros setores da Prefeitura de Ouro Preto. “Temos atendimento psicológico em todos os postos de saúde de Ouro Preto, as UBSs. Em alguns bairros, os psicólogos atendem em dias específicos, duas ou três vezes por semana, tanto na sede, quanto nos distritos e subdistritos. Esse acolhimento é feito após o encaminhamento do médico, que é quem faz a primeira avaliação, o primeiro contato com o paciente. Os pacientes que são mais graves, são encaminhados para os CAPS. Há aqueles casos que não são tão graves, como depressão leve, ou ansiedade, mas que a gente assiste esse paciente na UBS com uma certa frequência. Para esses pacientes com uma situação mais branda, alguns psicólogos sugerem os grupos, nos quais alguns temas são levados e discutidos. No bairro Padre Faria, onde eu trabalho, nós temos grupos”, comentou Gabriela.
Gabriela ressaltou que o foco das equipes de saúde é fortalecer a Rede, o trabalho conjunto. “Um dos nossos principais objetivos é reforçar a Rede de Saúde do Município, ou seja, não só de saúde mental, mas saúde como um todo. Porque quando se trata de saúde mental, temos que entender que o paciente é um ser biopsicossocial, que está inserido num lugar social, em várias questões para além do que a gente chama de saúde, centrada na medicina. Então, fazemos um trabalho em rede, multidisciplinar. No bairro Padre Faria, temos vários equipamentos que atendem de forma conjunta: o CRAS, o CAPS, as escolas do bairro, o Projeto Trampolim, a Casa de Cultura Negra e a Casa de Cultura do Padre Faria. Para um paciente que não está em situação muito grave, que a gente já percebe que ele já consegue caminhar por conta própria, a gente o encaminha para esses outros lugares, que oferecem atividades que funcionam como terapias ocupacionais, como fazer um trabalho artesanal na Casa de Cultura, ou aulas de capoeira na Casa de Cultura Negra, por exemplo”, contou a psicóloga.
Como são os atendimentos?
Também são assistidos idosos ou pacientes acamados e as crianças com dificuldades escolares. “Às vezes, para aquela criança que está com alguma dificuldade escolar ou que não tem muitas perspectivas, incentivamos a prática de esportes no Projeto Trampolim. No CRAS também tem os grupos. Assim fazemos essa Rede funcionar. Além disso, nós também fazemos as visitas domiciliares aos pacientes que estão acamados, ou que estão se recuperando de uma doença grave. Então, é um trabalho bem amplo, que não centra o paciente somente nesse atendimento ambulatorial. A gente vai dando aquele suporte inicial ao paciente e, aos pouquinhos, a gente vai criando essa rede de cuidado no território. O paciente chega deprimido, a gente vai fazendo um trabalho ambulatorial de acolhimento e, com o passar do tempo, ele tem que ir para o território dele, buscando esses outros equipamentos, outras possibilidades para além do cuidado no posto de saúde”, disse Gabriela.
Os atendimentos multidisciplinares podem variar de acordo com cada UBSs. Além dos grupos de discussão, algumas oferecem auriculoterapia, que consiste na aplicação de pressão em pontos específicos da orelha; outros têm grupos de apoio para deixar o tabagismo; ou também o suporte do Programa Iris, da Universidade Federal de Ouro Preto, que auxilia mulheres no climatério. Para saber mais detalhadamente sobre os serviços e apoios oferecidos, o cidadão pode entrar em contato com a UBS mais próxima da sua residência.
Horários de Atendimento:
Os atendimentos nos serviços de CAPS acontecem de segunda à sexta-feira, das 7h às 17 h. Tais serviços contam com as seguintes atividades: primeiros acolhimentos, atendimentos, oficinas terapêuticas, grupos terapêuticos, atendimentos às crises e ações intersetoriais;
CAPS AD II: Para usuários de álcool e outras drogas. Oferece atendimento diário para adultos, em sua população de abrangência, com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas como álcool e outras drogas.
Endereço: Rua Nossa Senhora do Parto, nº. 50, Padre Faria.
Telefone: 3552-6198
CAPSij: Serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes até os 17 anos (11 meses e 29 dias), ou sofrimento psíquico decorrente do uso de substâncias psicoativas até 15 anos (11 meses e 29 dias).
Endereço: Rua Dom Helvécio, nº. 423, Cabeças.
Telefone: 3552-3165
CAPS ll: Direcionado para o atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes.
Endereço: Rua Tomé de Vasconcelos, 131, Água Limpa.
Telefone: 3559-3266
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