Coisas do Cotidiano: Leia “Que Saibamos Valorizar”, por Antoniomar Lima
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Semana passada, tolhido por afazeres particulares, não pude escrever a crônica que comumente é editada às sextas-feiras. Por isso, nessa centésima décima crônica quero evocar duas significativas personalidades que nos deixaram recentemente. Uma da área política que foi Pepe Mujica (1935/2025), ex-presidente uruguaio; e o professor e gramático brasileiro Evanildo Bechara (1928/2025), da literária, que pertenceu entre outras entidades a ABL – Academia Brasileira de Letras.
O primeiro era um homem do campo, conhecido pela humildade, foi um exemplo de como ser um humano, bom e verdadeiro presidente da república e que não se necessita de muita pompa e protocolos inúteis.
Aliás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o admirava por essa postura, fazendo-lhe jus, ainda em vida, um ano antes, em 2024, o condecorou com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, maior honraria brasileira.
Além da política, Pepe Mujica, deixou algumas frases célebres entre as quais “No meu jardim, há décadas não cultivo ódio. Porque aprendi uma dura lição imposta pela vida: que o ódio acaba estupizando, porque nos faz perder a objetividade frente as coisas”, “Triunfar na vida não é ganhar. Triunfar na vida é levantar e começar de novo cada vez que se cai.” Entre outras...
Quanto ao segundo, o Professor Evanildo Bechara, esse tenho comigo uma história particular do nosso encontro em 2018, no Auditório Francisco Iglesias, no ICHS - UFOP, na Cidade Histórica de Mariana.
Ao saber que o eminente gramático da “ABL- Academia Brasileira de Letras”, fazia-se presente, eu já sabia de antemão que estava sendo esperado para nos brindar com a palestra sobre a nossa língua mater, esperei o momento certo para abordá-lo para batermos uma lépida conversa, que foi deveras o que aconteceu.
De posse de sua “Moderna Gramática Portuguesa” que eu tinha adquirido momentos antes. Chegando ali, o vi sentado em uma das últimas cadeiras aguardando ser chamado para proferir sua palestra.
Pedi licença para sentar-me ao seu lado, o que de imediato foi concedido pelo gramático pernambucano. Nesse diminuto tempo disse-lhe que ele não necessitava se apresentar a mim e, sim, eu à ele. E assim, o fiz.
Após esse instante de descontração lhe pedi que autografasse a gramática que eu tinha em mãos. Aí ele disse que era melhor que ele fizesse isso no final da palestra em que todos teriam esse momento. Peguei-lhe a mão agradecido e esperei esse momento que tenho registrado em fotos, no meu arquivo pessoal.
As duas personalidades citadas foram pessoas iluminadas, que deixaram coisas úteis a partir de suas próprias vidas e ações e obras que entraram para o panteão da eternidade.
Que nós, simples mortais, saibamos valorizar este legado, que saibamos cultivar as memórias desses dois grandes homens.
Laudate Dominum
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