Caetano Veloso e Daniela Mercury homenageiam capoeirista morto em discussão política na Bahia

Moa do Katendê, educador na propagação da cultura afro-brasileira, foi morto a facadas por eleitor de Jair Bolsonaro, após dizer que votou em Haddad. Suspeito confessou o crime.

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Por João Paulo Silva Publicado em 09/10/2018, 13:20 - Atualizado em 02/07/2019, 01:04

Imagem-Reprodução

O capoeirista Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê, de 63 anos, morto na madrugada de segunda-feira (8), na Bahia, foi, mais uma vez, homenageado por Caetano Veloso. Desta vez o cantor e compositor baiano, consagrando mundialmente, lamentou a morte de Moa em suas redes sociais. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o capoeirista foi esfaqueado pelo suspeito do crime, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, após se posicionar a favor do candidato à Presidência da República Fernando Haddad.

“Moa do Catendê, a quem devo a revelação que foi ver e ouvir o grupo de pessoas na rua cantando “Misteriosamente o Badauê surgiu”, foi morto a facadas por ter dito que votara em Haddad. O assassino, um bolsonarista apaixonado, foi encontrado quando tentava fugir”, disse Caetano Veloso.

Caetano ressaltou a importância de Moa para a cultura afro baiana. O Badauê foi o afoxé,  uma forma diversa do maracatu, segundo alguns pesquisadores, de maior evidência do Carnaval baiano. “Moa era meu amigo e foi uma das figuras centrais na história do crescimento dos blocos afro de Salvador. Estou de luto por ele. Não olho redes sociais. Abri computador para chegar ao e-mail e vi a foto de Moa, sorrindo, o que me fez parar, meio alegre de vê-lo, e ter a terrível notícia que contei aqui resumidamente. Compositor, mestre de capoeira, Moa vive na história real da cidade e deste país”.

Moa e o Badauê foram também inspirações de Caetano Veloso ao compor a música Beleza Pura. Leia o trecho abaixo:

“Moço lindo do Badauê
Beleza pura
Do Ilê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não”

Vídeo-Caetano Veloso, Maria Gadú – Beleza Pura

A canção faz parte do álbum Cinema Transcendental, gravado e lançado em 1979, pela Verve. Além de Veloso, a cantora Daniela Mercury também usou as redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido. “Que tempos são esses? Mestre Moa, meu maior respeito pelo senhor. Morreu lutando contra o que sempre lutou: a intolerância. Seguiremos aqui lutando sua boa luta. À família, meu abraço mais fraterno”.

Artistas e mestres de capoeira de todo o Brasil, também prestaram homenagem a Moa. O enterro aconteceu às 17h desta segunda-feira (8), no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana. Além de capoeirista, Moa era artesão, educador na propagação da cultura afro-brasileira, dançarino, percussionista e artesão. Ele completaria 64 anos de vida no dia 29 de outubro. O suspeito está preso e confessou o crime.

 

Um Comentário

  1. Geraldo César de Araújo 09/10/2018 em 20:48- Responder

    Sinto muitíssimo…

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