Você acredita em anjos? Foi assim que Vanderleia da Conceição Ladislau se referiu a Juliana Lopes, a Cabo da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros Militar de Ouro Preto (MG) que salvou o seu filho Luan Victor Ladislau, de 6 anos. A criança foi vítima de afogamento na tarde do último domingo (13/06). O acidente ocorreu numa das piscinas de um pesqueiro localizado em Barro Branco, distrito de Mariana (MG).
Juliana Lopes conta que naquela tarde estava de folga e hospedada ao lado do pesqueiro. Ela aguardava a entrega de uma refeição acompanhada de alguns familiares e amigos para retornar à casa quando um rapaz veio da parte de baixo do estabelecimento comercial desesperado e perguntando se alguém tinha conhecimento de primeiros socorros.
“Saí correndo em direção ao local onde estão localizadas duas piscinas e o quiosque. Foi quando encontrei a criança já fora da piscina, sem pulso e respiração. Uma moça viu a criança no fundo da piscina, gritou e alguém a tirou de lá, é tudo o que sabemos até o momento”.
Após avaliar a vítima, com a ajuda da técnica em enfermagem Aline Viana e de Edmila Oliveira, estudante de enfermagem, Juliana Lopes realizou massagem cardíaca e respiração boca a boca na criança. “Depois disso, a criança voltou a reagir, vomitou muita água e alimentos, foi se restabelecendo bem devagar e chorou muito ao se dar conta do que estava acontecendo”. Juliana ressaltou que Aline e Edmila contribuíram muito na ação.
Rumo ao hospital
Após a primeira etapa do salvamento concluída, a cabo do Corpo de Bombeiros Militar encontrou outro desafio, encaminhar Luan para o atendimento médico. Como o pesqueiro está localizado em um local de difícil acesso e diante da necessidade de levar a vítima para um hospital, ela teve que pedir aos funcionários do estabelecimento a senha da internet a fim de entrar em contato com os militares de Mariana. “Tudo foi muito rápido e o contato teve que ser realizado via Whatsapp”. No entanto, a ansiedade era grande e Juliana não queria perder tempo. Ela só pensava no bem-estar de Luan.
Como o menino já estava com pulso e respirando, ela achou melhor o colocar dentro do próprio carro. Ainda no distrito de Padre Viegas, antes de chegar na rodovia, eles foram localizados pelo Corpo de Bombeiros que já conhecia bem a localidade, visto que já prestaram atendimento na região. Mais uma vez foram checados os sinais vitais do menino e foi constatado que ele estava com a saturação muito baixa.
“Foi quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) nos interceptou e a criança foi transferida para a Unidade de Suporte Básico. Ainda na estrada, fomos socorridos por uma ambulância e seguimos para a Santa Casa de Ouro Preto acompanhados por um médico e um enfermeiro”.
Depois do susto
Na tarde desta quarta-feira (16/06), a equipe de redação do Jornal Voz Ativa conversou com Vanderleia da Conceição Ladislau, mãe de Luan Victor Ladislau, o garoto que praticamente nasceu de novo. A camareira e moradora do bairro Morro Santana, em Ouro Preto, disse que o filho estava passando uns dias com o avô que o levou para passear no pesqueiro. “O Luan é um menino muito tranquilo. Ele nos disse que estava apenas molhando o pezinho, mas que sentiu vontade de entrar na piscina”.
Ainda de acordo com Vanderleia, que estava de folga no dia do acidente, ela só ficou sabendo da situação do filho quando chegou ao hospital. “Fui informada de que meu filho estava passando mal, não sabia exatamente o que era, mas corri para a Santa Casa”.
Na Santa Casa de Ouro Preto, ela foi acalmada pela equipe médica e informada de que seu filho, embora tivesse sofrido um afogamento, estava bem e já conversando. Luan recebeu alta nesta terça-feira (15/06) e já está com a mãe. “Agora ele está meio que de repouso, mas brincando dentro de casa e bem normalzinho”.
Sobre a atuação da cabo Juliana Lopes a quem a mãe se referiu como “um anjo da guarda que Deus colocou no caminho do meu filho”, Vanderleia disse que embora já tenham se falado por telefone, ela ainda não tem palavras para agradecer.
Juliana que é mãe de um garoto de 11 anos disse que só ficou realmente tranquila quando Vanderleia informou que Luan já havia saído do hospital, estava bem e não havia apresentado qualquer tipo de sequela.
“Eu fiquei muito emocionada, desabei a chorar. Tenho 17 anos de serviço, isso nunca aconteceu comigo. Nunca socorri uma vítima de afogamento trabalhando e nem no meu horário de folga. Eu me tornei uma outra pessoa a partir de domingo. É uma coisa muito forte. Eu realmente estava no lugar certo, na hora certa. Estou muito realizada pela minha atuação”, disse.
Natural de Barbacena (MG) e moradora de Ouro Preto há 14 anos anos, Juliana alertou pais e responsáveis sobre os perigos envolvendo afogamentos e outro tipos de acidentes com crianças. “Quando você sai com criança, tem que ficar atento o tempo inteiro, ainda mais em lugares com água, piscina, represa e outros. Não tem outro jeito, não pode baixar a guarda. A atenção tem que ser redobrada”.
As mães devem se encontrar pessoalmente nos próximos dias. O Jornal Voz Ativa vai acompanhar o encontro e levar esse momento emocionante aos leitores.
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