Brumadinho: Saúde dos impactados pelo rompimento é discutida na ALMG

Reunião, nesta terça-feira (29/4), vai abordar estudos realizados pela Fiocruz Minas e pela UFRJ sobre assunto.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 28/04/2025, 09:43 - Atualizado em 28/04/2025, 09:44
Rompimento de barragem da Vale, em Brumadinho, gerou destruição e, conforme pesquisa, ainda afeta saúde dos atingidos. Foto — Luiz Santana/Arquivo ALMG. Siga no Google News

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) agendou para esta terça-feira (29/4/2025) uma nova audiência pública para aprofundar a discussão sobre a situação socioambiental e a saúde das pessoas atingidas pelo colapso da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ocorrido em 2019.

O encontro, marcado para as 9h30 no Auditório José Alencar, é uma iniciativa da deputada Bella Gonçalves (Psol). A pauta da comissão inclui a análise dos resultados de pesquisas que investigam a saúde dessa população, conduzidas em parceria pela Fundação Oswaldo Cruz Minas (Fiocruz Minas) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A parlamentar ressalta que a questão da saúde dos impactados pela atividade minerária tem sido uma prioridade em seu mandato. Ela recorda a realização de diversas audiências anteriores sobre o tema, que culminaram na criação de um grupo de trabalho dedicado ao estudo dos efeitos da mineração e do rompimento de barragens na vida das comunidades locais.

“Nesta oportunidade, nosso objetivo é dar voz aos achados de um estudo da Fiocruz que aponta a presença de contaminação por metais pesados em adultos e, principalmente, em crianças da região de Brumadinho. Além disso, queremos debater a necessidade de formulação de políticas públicas específicas para assegurar a saúde da população afetada pelo desastre, que trouxe consequências para toda a Bacia do Rio Paraopeba”, explica a deputada.

Estudo da Fiocruz Revela Exposição a Metais Pesados

A Fiocruz Minas informa que o estudo em andamento busca identificar as transformações nas condições de saúde dos atingidos pelo desastre em um horizonte de médio e longo prazo. Para isso, os participantes são monitorados desde 2021, e em janeiro deste ano, uma nova análise incorporando dados de 2023 foi divulgada.

Um dos focos da pesquisa é o levantamento do perfil de exposição a metais pesados no município. A concentração de cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês foi verificada por meio de análises laboratoriais de sangue e/ou urina.

Nos indivíduos com mais de 12 anos, os resultados indicaram a presença desses metais nos dois anos avaliados. Contudo, em 2023, houve uma redução no percentual de amostras com níveis de metais acima dos valores de referência.

O arsênio foi o metal mais frequentemente encontrado em concentrações superiores aos limites de referência, sendo detectado em aproximadamente 20% das amostras de adultos e cerca de 9% das amostras de adolescentes. No entanto, nessa faixa etária, o percentual de amostras com arsênio elevado chega a 20,4% em algumas áreas de moradia.

A pesquisa aponta que todos os metais apresentaram alta frequência de detecção nos dois anos, com quedas mais significativas nos valores médios de manganês e reduções menos expressivas para arsênio e chumbo, ao comparar os dados de 2021 e 2023.

Segundo a Fiocruz, o cenário aponta para uma persistente exposição a esses metais na cidade, de maneira disseminada em todas as regiões investigadas, embora com concentrações menos elevadas.

Os estudos também investigam as condições gerais de saúde da população, com base em diagnósticos médicos pregressos e na percepção dos próprios participantes, além de analisar a saúde mental e a utilização de serviços de saúde.

A pesquisa, denominada Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho, conta com financiamento do Ministério da Saúde e se desenvolve em duas vertentes: uma direcionada à população com mais de 12 anos (Saúde Brumadinho) e outra voltada para crianças de 0 a 6 anos (Projeto Bruminha).

Para a audiência na ALMG, foram convidados representantes de diversas instituições, incluindo a Secretaria de Estado de Saúde, o Ministério Público, o Ministério da Saúde, o Conselho Estadual de Saúde, a Prefeitura Municipal de Brumadinho, o Projeto Assessoria Técnica Independente na Bacia do Paraopeba do Instituto Guaicuy, o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ e a Fiocruz Minas.

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