A exposição coletiva “A Coisa dRag” estreia na próxima sexta-feira, 4 de abril, às 19h, em Belo Horizonte, no Centro Cultural da UFMG. Reunindo 34 artistas emergentes e consolidados no circuito da arte brasileira, a mostra apresenta obras relacionadas ao fenômeno drag e seus elementos de transgressão, sob curadoria de Sandro Ka e Elis Rockenbach.
Caio Mateus apresenta quatro telas na exposição, na sua arte, o corpo se fragmenta, se estranha, se reinventa. Suas telas, pintadas a óleo, mergulham na tensão entre forma e identidade, convidando o espectador a refletir sobre o corpo como um território de disputa e criação. As telas integraram a exposição “O Que Pode o Corpo?”, realizada pelo artista em 2024 na Galeria Nello Nuno, da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP).
A mostra "A Coisa dRag” tem como mote curatorial a dragficação e é resultado de um amplo mapeamento realizado no ano passado na Escola de Belas Artes da UFMG. Essa pesquisa investiga a "Dragficação como fenômeno cultural e problemática na produção artística contemporânea”. O conjunto exposto apresenta um recorte da produção de artistas atuantes em diversas partes do país, com nomes como Efe Godoy, Amorim, Carambola, Cassandra Calabouço, Sarita Themônia, Karine Mageste, Lia Menna Barreto, Rafa Bqueer, Renato Morcatti, Tatiana Blass e Thix, entre outros.

A dragficação é entendida como um fenômeno presente na arte contemporânea, manifestando-se em temáticas, processos criativos e elementos visuais e discursivos. Essas características aparecem em obras e poéticas que tomam o fenômeno drag como uma zona de criação ou que a ele se associam.
A tela de Caio Mateus se conecta a essa discussão ao abordar a estranheza do corpo de forma visceral, tensionando questões de gênero e identidade corporal. Assim, dialoga com as outras obras da exposição, que reforçam zonas de tensão – seja nos discursos, seja na visualidade que evidenciam. A mostra reflete criticamente sobre padrões, valores e convenções sociais, abordando temas como corpo, gênero, território e cultura.
Caio ressalta que em suas telas, o discurso vem do seu corpo, da própria experiência de viver à margem: "Sou uma pessoa com deficiência, e minha pesquisa parte desse lugar, desse corpo marginalizado. Falo de transformação, de política, de uma necessidade de novas perspectivas. A 'dragificação', como diz o Sandro, é mais do que uma estética, é uma ruptura, um ato de resistência contra o que nos dizem que deve ser."
Natural de Divinópolis/MG, Caio mora e trabalha há 4 anos em Ouro Preto. É artista visual e autista, sua elaboração artística surge a partir de múltiplas linguagens, como pintura, desenho e instalações. Explorando temáticas que convergem entre arquivo, o olhar científico, o corpo-coisa e a sua figuração na arte.
A mostra fica em cartaz até 16 de maio, de terça a domingo, na Grande Galeria do Centro Cultural da UFMG, na Av. Santos Dumont, 174 - Centro, Belo Horizonte. Além da exposição, a pesquisa divulgou um ebook com a curadoria de todos os trabalhos expostos. No instagram @acoisadrag é possível acessar o material.
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