Após flexibilização, Itabirito-MG registra primeira suspeita de covid-19

Por João Paulo Silva Publicado em 06/05/2020, 14:21 - Atualizado em 06/05/2020, 21:43

Foto – Fachada da Prefeitura de Itabirito-MG. Crédito – Reprodução.

Quase 10 dias após flexibilizar o isolamento social, por meio do Decreto 13155 que determinou o retorno controlado e gradativo das atividades presenciais do comércio, Itabirito (MG) registrou o primeiro caso suspeito de covid-19 no município, nesta terça-feira (05/05). Trata-se de um senhor de 76 anos, com diabetes.

Coronavírus: Prefeitura publica decreto sobre retorno das atividades comerciais em Itabirito-MG

De acordo com informações da Prefeitura Municipal, o paciente incluso no “grupo de risco” foi admitido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no dia 24 de abril, por sentir mal-estar e dor no peito, desde o dia 22.

O poder público municipal informou, no entanto, que o mesmo não apresentava febre. “Eletrocardiograma e exames de sangue mostraram infarto agudo do miocárdio, causando edema agudo de pulmão, provocando falta de ar”.

Ainda de acordo com informações do Executivo, foram colhidas amostras de secreção do paciente ainda no dia 24, “não por suspeita de covid-19, mas por protocolo sentinela”. No dia seguinte, o paciente necessitou de intubação e ventilação mecânica, ou seja, respirador.

Secretaria de saúde não confirma morte pela covid-19

O paciente foi encaminhado para o "CTI COVID", na Santa Casa em Belo Horizonte, no dia 28 de abril. “Pacientes com doenças diversas e que têm também falta de ar, mesmo por outras causas claras, como é o caso deste senhor que teve infarto, são admitidos nos leitos COVID”, informou a Prefeitura.

Nesta terça-feira (05/05), a família do paciente foi informada por médico do Centro de Terapia Intensiva (CTI) que teria tido resultado de exame (teste rápido) positivo para COVID.

A Secretaria de Saúde informou que não tem o laudo desse exame e que a informação foi repassada por telefone. Ainda de acordo com representantes da pasta, o resultado do PCR, teste mais confiável que identifica o vírus no período em que está ativo no organismo, colhido na UPA, deu negativo.

Considerações

A Prefeitura de Itabirito publicou uma série de considerações sobre a primeira suspeita de covid-19 no município.

(Correção: O redator dessa matéria errou ao informar que a Prefeitura de Itabirito publicou uma série de considerações sobre a primeira morte na cidade. Na verdade, o poder público municipal elencou uma série de considerações sobre a primeira suspeita de covid-19 na cidade).

“Com relação ao resultado de teste rápido reagente, realizado na Santa Casa, pode tratar-se um falso positivo, já que o PCR colhido no terceiro dia de doença, em Itabirito, foi negativo. Seria adequado colher novo swab para confirmar a infecção e excluir possibilidade de falso positivo do teste rápido”.

“Uma outra hipótese é que o paciente tenha se contaminado no CTI. Para efeito de proteção da família e contatos, é necessário considerar o resultado positivo, e aplicam-se as medidas em relação a contatos (isolamento, coleta de swab, orientação sobre sintomas)”.

“Não há como relacionar este caso específico à flexibilização das medidas de isolamento social, já que os sintomas foram apresentados pelo paciente em 22 de abril, antes da determinação do retorno gradativo e controlado das atividades suspensas até então”.

“O aumento de casos em Belo Horizonte, mesmo considerando que a incidência ainda é baixa, nos obriga a redobrar atenção com medidas de precaução (isolamento respiratório, uso de máscaras, evitar ao máximo aglomerações e circulação em espaços públicos)”.

Políticos vão à mídia e prestam esclarecimentos

Na manhã desta quarta-feira (06/05), o prefeito Orlando Caldeira, o vice Élio da Mata Santos, o secretário de Saúde, Marco Antônio Félix, e equipe de Saúde da Prefeitura de Itabirito, foram a uma emissora de rádio local com a intenção de prestar esclarecimentos à população.

Para o secretário de Saúde, a suspeita da primeira possível contaminação pelo novo coronavírus em Itabirito não é motivo de alarde e já era esperada.

 “Essa situação de nós termos um possível caso de coronavírus na nossa cidade não é motivo para alarde, tampouco para que possamos festejar. O fato é realmente preocupante, dentro do sistema que hoje engloba o país todo, a possibilidade de contaminação é uma realidade. As pessoas precisam entender isso. Quando o decreto estabeleceu a abertura com restrições ao comércio, a nossa preocupação maior foi exatamente essa – restringir a circulação das pessoas. Atendendo a uma necessidade da situação financeira do Município, fizemos essa abertura gradativa do comércio para que as pessoas pudessem sobreviver de alguma forma. A medida foi oportuna, mas não exclui a nossa responsabilidade de manter as pessoas vivas. O decreto é claro e foi criteriosamente estudado”.

O secretário disse ainda que a Prefeitura está no caminho certo quanto ao enfrentamento da pandemia.

“A situação do paciente que se encontra ainda hospitalizado na Santa Casa de Belo Horizonte é grave, mas ele está sendo medicado adequadamente. Além disso, está sendo realizado todo o levantamento epidemiológico dos contatos do paciente. No entanto, isso não nos dá tranquilidade. Se nós tivemos o primeiro caso, é lamentável dizer isso, mas já era esperado, porque é uma pandemia. O vírus está aí, circulando. Todas as medidas tomadas pela Prefeitura, até o momento, só reforçam que estamos no caminho certo”.  

Élio da Mata afirmou que a população não deve se preocupar única e exclusivamente com a propagação do novo coronavírus. “Existem outras doenças paralelas que podem piorar ainda mais a situação que estamos vivendo, dada as atuais condições climáticas. É mais um motivo para reforçar o uso de máscaras e não abrir mão das condições de higiene, lavar as mãos, manter o distanciamento social e evitar aglomerações”.

O vice-prefeito destacou ainda que com a proximidade do Dia das Mães, as pessoas devem evitar sair às ruas para realizar compras.

“O maior presente que podemos dar às nossas mães nesse dia é garantir que elas permaneçam seguras. E o que vai envolver essa segurança? Não aglomerar. Vamos deixar para comemorar com elas, presencialmente, noutro momento. Estamos preocupados, principalmente, com esse fim de semana”.

Já o prefeito Orlando Amorim Caldeira afirmou que Itabirito não pode se precaver de todas as possibilidades para minimizar a pandemia do novo coronavírus.

“Ainda que estejamos em um ano eleitoral, não é o momento de disseminarmos o ódio, mas de estarmos unidos. Embora os ânimos estejam inflamos nesse momento, é hora de cuidarmos um dos outros.”

O prefeito também pediu prudência e cuidado aos comerciantes da cidade. “As pessoas precisam perceber a seriedade desse problema mundial”.

Flexibilização

No dia 27 de abril, o prefeito de Itabirito (MG), Orlando Amorim Caldeira, assinou, em conjunto com outras autoridades, o Decreto 13155 sobre o retorno controlado e gradativo das atividades presenciais do comércio e outras atividades que estevam suspensas ou com funcionamento restringido em razão do enfrentamento da emergência em saúde pública decorrente da Covid-19.

A Prefeitura justificou no decreto que em decorrência das ações já implementadas pelo município, sobretudo o distanciamento social instituído desde 17 de março, com aumento gradativo das restrições, houve resultado satisfatório, de modo que a situação epidemiológica relacionada à Covid-19 se mantinha controlada.

Outra justificativa do Executivo foi "a necessidade de retomada da economia local, pleno emprego, bem-estar social e o direito fundamental à saúde, todos com base constitucional". O Decreto citava ainda que o município necessitava de arrecadação tributária decorrente das atividades empresariais e comerciais, ressaltando a previsão de queda de 30% nos tributos municipais, conforme estudos realizadas pela Secretaria da Fazenda.

Controvérsia

Sobre a possibilidade do aumento da curva de contaminação pelo novo coronavírus em Itabirito após a flexibilização do comércio, o secretário de Saúde afirmou: “No momento nós não percebemos esse aumento de casos suspeitos, mesmo porque nós temos poucos dias da abertura do comércio e de forma restritiva. O comércio foi aberto, mas nós não queremos que haja a proliferação do vírus. A maneira de evitar a proliferação é não havendo aglomerações e circulação das pessoas”.