Saúde Yanomami registra avanços com queda de óbitos e reforço na assistência, aponta Ministério

Número de profissionais atuando na região ultrapassou 1,7 mil, aumento de 158% desde 2023. Os dados são do Informe 7 do Centro de Operações de Emergências Yanomami.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 06/05/2025, 16:54 - Atualizado em 06/05/2025, 16:54
Com expansão da assistência, óbitos no território Yanomami caem 21% em 2024. Crédito – Walterson Rosa/MS. Siga no Google News

Um levantamento do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (5), indica progressos significativos na assistência à população Yanomami, com uma redução no número de óbitos em 2024, especialmente por causas consideradas evitáveis como malária, infecções respiratórias e desnutrição. O Informe nº 7 do Centro de Operações de Emergências (COE) atribui esse resultado ao aumento expressivo da presença de profissionais de saúde, cujo contingente mais que dobrou, e aos investimentos em infraestrutura e qualificação do atendimento promovidos pelo Governo Federal.

O documento revela uma diminuição de 21% no total de mortes na população Yanomami entre 2023 e 2024. Analisando as causas específicas, houve quedas de 47% nos óbitos por infecções respiratórias agudas, de 42% por malária e de 20% por desnutrição. Os óbitos que poderiam ter sido evitados com intervenção médica apresentaram uma redução ainda maior no período, atingindo 26%.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o comprometimento da gestão federal com a saúde da população Yanomami. “Esses resultados demonstram o compromisso do Governo do presidente Lula, que decidiu envolver todos os Ministérios para cuidar da vida do povo Yanomami. Esse esforço foi feito após um período de desassistência, em que o governo anterior estimulava, inclusive, o garimpo ilegal. A ação conjunta de todo o Governo Federal garantiu o combate necessário e permitiu que os profissionais de saúde pudessem entrar em aldeias e cuidar da população. Mais que dobrou o número de profissionais de saúde dentro do território”, afirmou Padilha.

O número de novos profissionais de saúde atuando na região registrou um aumento expressivo de 158% no período analisado, saltando de 690 no início de 2023 para 1.781 em 2024. Parte dessas 1.091 novas contratações foi viabilizada pela Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde (AgSUS) e pela expansão do Programa Mais Médicos, que atualmente conta com 45 médicos atuando no território Yanomami ou na Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista – um aumento de dez vezes em relação ao período anterior.

Desde o início da emergência sanitária no território Yanomami, o Ministério da Saúde reativou sete polos base que estavam fechados devido à insegurança das equipes de saúde causada pela presença do garimpo e à deterioração das estruturas físicas. Essa ação permitiu levar assistência médica a 5.224 indígenas nos polos base de Kayanaú, Homoxi, Hakoma, Ajaraní, Haxiú, Xitei e Palimiú. Até abril de 2024, todas as 37 unidades foram reabertas, reduzindo a lacuna assistencial no território Yanomami. A precariedade dos serviços encontrada em 2023 resultou na subnotificação de casos de doenças e óbitos nos anos anteriores.

Em 2024, o Ministério da Saúde investiu R$ 256 milhões na recuperação e melhoria da infraestrutura das unidades de saúde indígena. “Com a reabertura dos polos, as equipes de saúde puderam retornar e garantir assistência, monitoramento e vigilância. Todos os 37 polos estão abertos e funcionando”, informou o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.

Tapeba também destacou a construção do Centro de Referência em Saúde Indígena de Surucucu, o primeiro hospital de atenção especializada em território indígena, com previsão de inauguração para setembro. Em Boa Vista, o Hospital de Retaguarda, que já começou a receber pacientes indígenas, também contribuiu para a melhoria da assistência. A capacidade de resolução de casos no próprio território foi ampliada com a implementação da Telessaúde, maior conectividade e energia fotovoltaica em diversos polos de saúde.

Esse conjunto de medidas resultou na diminuição da incidência de doenças. A desnutrição grave em crianças menores de 5 anos apresentou uma redução de 24,2% em 2023 para 19,2% em 2024. Houve um leve aumento no número de crianças com baixo peso, o que indica uma melhora no estado nutricional geral da população, com mais crianças atingindo o peso adequado e menos crianças em estado de desnutrição severa. Atualmente, 50% das crianças Yanomamis estão com o peso considerado ideal.

“A recuperação nutricional em crianças é um processo mais lento e complexo, principalmente nos casos mais graves, podendo levar anos até a normalização do peso e o fortalecimento do sistema imunológico”, ponderou Weibe Tapeba.

Malária: queda de óbitos e casos positivos

O informe aponta uma redução de 42% nos óbitos por malária e de 47% na letalidade da doença entre 2023 e 2024. No mesmo período, houve um leve aumento de 9,7% nas notificações de casos (de 31.207 para 34.231), resultado da expansão das equipes de saúde, do fortalecimento das ações de vigilância e da intensificação do diagnóstico, incluindo a busca ativa de casos. Em 2023, foram realizados 180.906 exames para detecção da doença, número que saltou para 260.251 em 2024, um aumento de 44%.

Apesar do aumento na testagem, houve uma redução de quase 24% na proporção de testes positivos para malária. Segundo o secretário Weibe Tapeba, “os dados refletem avanços importantes no acesso ao diagnóstico e à assistência, com impacto direto na redução da letalidade e na melhora da resposta ao controle da malária no território”.

Expansão do atendimento em diversas áreas

O número de atendimentos por infecções respiratórias agudas (IRA) registrou um aumento expressivo de 270%, acompanhado de uma redução de 73% na letalidade e de 47% nos óbitos relacionados a essas infecções no período analisado. Foram 24.180 atendimentos em 2024, contra 7.523 em 2023.

Os dados do informe também demonstram um aumento significativo nos atendimentos realizados pelas principais categorias de profissionais de saúde em 2024 em comparação com 2023. Destaca-se o crescimento de 461% nos atendimentos de nutricionistas (de 8.905 para 49.974) e de 72,6% nos atendimentos médicos (de 26.113 para 45.072). Técnicos e auxiliares de enfermagem mantiveram o maior volume de atendimentos, com um aumento de 13,9% (de 560.447 para 638.098), enquanto os enfermeiros registraram um aumento de 28% (de 142.083 para 181.895).

As ações implementadas também resultaram em uma diminuição expressiva no número de internações na Casa de Saúde Indígena (Casai), unidade de referência que oferece assistência médica, hospedagem, alimentação e acompanhamento multiprofissional aos pacientes indígenas encaminhados para tratamento fora de suas aldeias. Foram 2.837 internações em 2024, contra 4.013 em 2023, o que indica um impacto positivo da atenção primária no próprio território.

Imunização em alta

O boletim do Ministério da Saúde também aponta um aumento de 65% na aplicação de doses de vacinas de rotina recomendadas durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional Yanomami (ESPIN-Yanomami). Foram aplicadas 53.477 doses em 2024, contra 32.352 em 2023, demonstrando um esforço contínuo para proteger a saúde da população indígena.

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