Bancários exigem inclusão de PCDs e neurodivergentes no ambiente de trabalho

Quarta rodada de negociação com os bancos aconteceu nesta quinta (18).

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 19/07/2024, 11:59 - Atualizado em 19/07/2024, 11:59
Foto — Reunião entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) aconteceu nesta quinta (18). Crédito — Reprodução. Siga no Google News

Na mesa de negociação desta quinta-feira (18), o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) discutiram direitos para pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes, além de segurança nas agências bancárias e departamentos. 

Os bancários são uma das únicas categorias com uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), com validade para todo o Brasil, para bancos públicos e privados, e envolve 433 mil trabalhadores. A data-base da categoria é 1º de setembro. 

Na categoria bancária são 17.417 pessoas com deficiência, o que corresponde a 4% do total de trabalhadores. Da totalidade de PCDs, 56% são deficientes físicos, 10% auditivos e 2% pessoas com deficiência intelectual, sendo 44% mulheres e 56% homens. 37% estão nos bancos públicos e 63% em bancos privados. 

"A centralidade do trabalho na sociedade necessita ser inclusiva. O respeito à diversidade  também inclui a temática PCD e suas várias especificidades.  A discussão passa pela contratação e pela manutenção destes trabalhadores nos locais de trabalho. Garantias de trabalho digno são garantias de renda, autonomia e gera benefícios sociais e econômicos. O setor bancário reúne condições  favoráveis para  oferecer um ambiente e clima organizacional adequado  às necessidades das pessoas com deficiência", afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

"Cobramos dos bancos a implementação da lei de cotas (5%) nas empresas, reivindicamos uma participação maior dessa categoria em cargos de liderança e a inclusão de políticas para que PCDs e neurodivergentes para que permaneçam nos empregos e se qualifiquem.  Também reivindicamos ações afirmativas para pais com filhos PCD´s. A diminuição da jornada sem diminuição de salário é uma demanda muito importante para esse grupo, priorizando o teletrabalho e a criação bipartide, com a contratação, inclusão e combate ao capacitismo". 

A neurodiversidade é um termo que se refere à diversidade de habilidades cognitivas e funcionamento mental entre as pessoas. Pessoas neurodivergentes são aquelas que têm diferenças no funcionamento do cérebro em comparação com a maioria da população. Essas diferenças podem incluir autismo, TDAH, dislexia, entre outras.

Outro assunto discutido foi o aprimoramento da segurança nas agências e departamentos. 

O enfraquecimento do sistema de segurança, especialmente nas chamadas “agências conceito” ou “lojas”, aumenta a insegurança dos funcionários e clientes. Os bancos argumentam que, no modelo das lojas, não há transação suficiente de dinheiro que justifique a instalação de portas giratórias e contratação de vigilantes. Uma inverdade, porque apesar de não possuírem caixas, essas agências mantêm áreas de autoatendimento com caixas eletrônicos, e muitas delas realizam a compensação dos depósitos. 

Uma consulta  realizada no Brasil com trabalhadores bancários nas agências de negócios, na última semana, mostra que, nos últimos dois anos, a maior parte dos entrevistados sofreram algum tipo de agressão. Xingamentos, gritos e ofensas foram apontados como as principais violências citadas pelos bancários. 

“Entre os trabalhadores que sofreram agressão, os vigilantes foram as primeiras pessoas que pediram ajuda, e a maioria diz não ter registrado boletim de ocorrência com medo de perder o emprego. Os bancários também responderam que não se sentem seguros em trabalhar em uma unidade de negócios e que a implantação de portas giratórias e a contratação de vigilantes armados também são apontados para melhorar a segurança”.

A redução dos mecanismos de segurança nas agências também atinge o debate sobre a saúde e condições de trabalho, especificamente a saúde mental dos funcionários, pelo aumento da insegurança no ambiente de trabalho.

Os bancos destacaram que o modelo de segurança, com porta giratória e vigilantes, é ultrapassado. E que as reivindicações dos trabalhadores não devem avançar. 

"O banco está preocupado com a segurança patrimonial, mas nós estamos atentos às vidas, que são insubstituíveis", ressaltou Neiva Ribeiro.

A Lei Nacional de Segurança Bancária obriga, para o funcionamento de um estabelecimento financeiro, a existência de um sistema com vigilantes bem preparados, protegidos e armados, e câmeras de monitoramento, além de mais um item a critério das instituições, como a porta giratória, definida em acordo com a categoria.

Ao longo de negociações entre entidades sindicais e os bancos, também foram incluídos alarmes interligados com outra unidade da instituição, empresa de segurança ou órgão policial; cofre com temporizador; e biombos para separar a área dos caixas e filas. O plano de segurança deve ser fiscalizado pela Polícia Federal.

Calendário Campanha Nacional Unificada 2024: 

  • Entrega da minuta de reivindicações: 15/06;
  • Definição de calendário: 22/06;
  • Mesa de negociação: Emprego e Terceirização: 26/06;
  • Mesa de negociação: Cláusulas sociais (Teletrabalho, jornada de 4 dias): 02/07;
  • Mesa de negociação: Igualdade de Oportunidades (LGBTQIA+): 11/07;
  • Mesa de negociação: Saúde (PCDs e neurodivergentes) e Segurança: 18/07;
  • Mesa de negociação: Saúde (adoecimento mental): 25/07 ;
  • Mesa de negociação: Cláusulas Econômicas: 06/08;
  • Mesa de negociação: Cláusulas Econômicas: 13/08;

A próxima reunião acontece no dia 25/07, discutindo adoecimento mental na categoria. 

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