Em 2021 foram realizadas 721 greves no país, revela estudo do DIEESE

Dessas, 73% conquistaram as reivindicações da pauta dos trabalhadores

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 05/07/2022, 17:28 - Atualizado em 05/07/2022, 17:28
Foto – Reprodução. Crédito – DIEESE. Siga no Google News

O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apresentou nesta segunda-feira (04/07) um estudo com um panorama das greves ocorridas no Brasil em 2021, identificando as principais características desses movimentos. Os dados analisados foram extraídos do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG-DIEESE), que reúne informações sobre as paralisações realizadas pelos trabalhadores brasileiros desde 1978 e conta, atualmente, com mais de 40 mil registros. As informações do SAG-DIEESE foram obtidas por meio de notícias veiculadas em jornais impressos e eletrônicos da grande mídia e da imprensa sindical.

Em 2021, o SAG-DIEESE registrou 721 greves. Os trabalhadores da esfera privada deflagraram quase dois terços dessas mobilizações (65%). Em relação à quantidade de horas paradas, que equivale à soma da duração de horas de cada greve, a participação dos trabalhadores das duas esferas, pública e privada, dividiu-se igualmente em 50%.

De acordo com o estudo, a curta duração das mobilizações, em 2021, revela-se no fato de que a maioria das greves (56%) foi encerrada no mesmo dia de sua deflagração. Apenas 13% alongaram-se por mais de 10 dias.

Das 721 paralisações registradas, apenas 125 continham informações a respeito do número de grevistas envolvidos (o que corresponde a cerca de 17% do total). Dessas, 65% reuniram até 200 grevistas. Paralisações com mais de dois mil trabalhadores constituíram apenas 3% dos protestos realizados.

Tática das greves

Greves de advertência são mobilizações que têm como estratégia o anúncio antecipado de seu tempo de duração – com a definição, na ocasião em que são deflagradas, do momento em que serão interrompidas. Mais de um terço das greves de 2021 (38%) fizeram parte dessa categoria.

Greves anunciadas como movimentos por tempo indeterminado – que têm como objetivo seu encerramento somente após o atendimento da pauta ou, no mínimo, a abertura de negociações – foram mais frequentes (60%).

Caráter das greves

Para cada greve, o conjunto das reivindicações dos trabalhadores foi examinado e classificado de acordo com o caráter que apresenta. Greves que propõem novas conquistas ou ampliação das já asseguradas são consideradas de caráter propositivo.

As greves denominadas defensivas são as que se caracterizam pela busca de proteção de condições de trabalho vigentes, ameaçadas por algum tipo de deterioração; pelo respeito a condições mínimas de trabalho, saúde e segurança; ou contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordo, convenção coletiva ou legislação.

Paralisações que visam ao atendimento de reivindicações que ultrapassam o âmbito das relações de trabalho são classificadas como greves de protesto. E, por fim, quando uma categoria paralisa suas atividades em apoio à mobilização de outros trabalhadores, trata-se de uma greve de solidariedade.

Na pauta de reivindicações de 2021, 88% das greves incluíram itens de caráter defensivo, sendo que as menções à manutenção de condições vigentes e ao descumprimento de direitos ocuparam proporções muito semelhantes (51% e 50%, respectivamente). Greves propositivas foram 32,7% do total.

Reivindicações

Greves com reivindicações relacionadas ao pagamento de vencimentos em atraso (salário e férias) foram as mais frequentes (35%).

A reivindicação por reajuste nos salários esteve presente em 28% das greves; e as demandas relacionadas à alimentação (implementação, reajuste ou regularização dos vales/cesta básica), em 26%.

A implementação de medidas de prevenção contra a contaminação pela COVID-19 (classificadas em condições de segurança) esteve presente em 16% das pautas.

Desfecho

Das 278 greves (39% do total anual) sobre as quais foi possível obter informações sobre o desfecho, 73% lograram algum êxito no atendimento às suas reivindicações.

A íntegra do estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos pode ser lida clicando aqui

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