O presidente eleito do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, concedeu entrevista exclusiva à Rádio Super Notícia de Belo Horizonte, destacando a situação atual do time que assumirá em 2018. Dentre os assuntos abordados, a delicada situação financeira do clube foi um dos pontos principais.
Para 2018, o Cruzeiro terá uma agenda bem cheia. Só a Libertadores ocupa toda a temporada, isso na possibilidade da equipe chegar às finais. Nem precisava dessa longa jornada para obrigar o time Celeste ir ao mercado atrás de jogadores. As deficiências no plantel são claras. E agora ganhou um desfalque a mais, com a venda do lateral esquerdo Diogo Barbosa. Porém, o time enfrenta hoje dois problemas sérios, que podem dificultar os trabalhos em busca de reforços: a falta de dinheiro no caixa e o descrédito no mercado.
O Cruzeiro deve quase R$50 milhões em ações na Fifa, referentes à compra de jogadores. As ações envolvem principalmente jogadores que já deixaram o clube, como os atacantes William “Bigode”, Ramon Ábila, Riascos, o meia Matias Pisano e o zagueiro Caicedo. Atletas que atuam no time também estão no bolo. São eles, o atacante Rafael Sóbis, e o meia Arrascaeta.
No geral, os números do endividamento do clube são ainda mais assustadores. A equipe fechou o balanço de 2016 devendo mais de R$357 milhões, dentre ações trabalhistas, empréstimos bancários, processos na justiça e fornecedores.
E de onde vem esse buraco financeiro? Ironicamente, de campanhas vitoriosas. Para montagem do time que se sagrou bicampeão nacional em 2013/2014, o Cruzeiro inchou a sua folha salarial. Na época, era permitido o investidor externo no futebol. Com isso, era fácil comprar o atleta, ficando ao clube o custo com salários e encargos.
Após as duas conquistas seguidas, o endividamento celeste deu um salto, em contramão às receitas previstas, obrigando a equipe a vender seus atletas mais valorizados. Porém, devido ao modelo de negócio feito na época da contratação desses jogadores, a maior parte dos recursos vindos das negociações ficou com os investidores.
É sabido que para se conquistar títulos é preciso ter um elenco forte. Mas isso não quer dizer que precise ser necessariamente caro. O Corinthians, por exemplo, não precisou investir pesado e está a uma vitória de um título nacional. Por outro lado, o Palmeiras investiu pesado nos últimos anos e passou essa temporada em branco.
Nesse momento de caixa vazio, vale mais um bom planejamento, partindo de um diálogo alinhado entre Diretoria e Comissão Técnica, a fim de fazer a contratação ideal para o esquema tático. Se tá caro contratar nos grandes times, existem muitos talentos pelo interior do país. Além disso, a valorização da base deve ser constante. O Cruzeiro acabou de ser campeão do Brasileiro Sub-20. Quantos jogadores dessa equipe serão promovidos ao profissional?
Essa é a receita mais econômica para se montar uma equipe vitoriosa. Com títulos, os atletas adquiridos na “liquidação” serão valorizados e podem trazer um melhor retorno em futuras negociações. Fica ai o desafio para a nova gestão celeste.
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