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Jovens da periferia de BH são contratados por time de futebol mexicano

Lucas e Ivan já embarcaram rumo a um novo país e a uma nova vida.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 08/02/2023, 14:03 - Atualizado em 08/02/2023, 14:03
Ivan Ferreira e Lucas Gonçalves já embarcaram para o México. Crédito – Tiago Ciccarini / Sejusp Siga no Google News

Dois jovens da periferia de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ganharam uma chance de mudar de vida e se profissionalizar como atletas. Ivan Ferreira, de 16 anos, e Lucas Gonçalves, de 17, embarcaram esta semana para o México, onde vão jogar futebol profissionalmente pelo time Real de Arteaga, da 1ª divisão do campeonato mexicano.

Eles desembarcaram na cidade de Querétaro, capital do estado de mesmo nome, e o time pagará as despesas de moradia, os estudos e um salário para eles jogarem no time de base. Aqui no Brasil, os adolescentes praticavam o esporte nas oficinas de futsal do programa Fica Vivo!, executado no território de Justinópolis. Agora, Ivan e Lucas mostrarão o seu talento nos campos de futebol do México.

Como a maioria das crianças brasileiras, os dois jovens começaram a brincar com a bola ainda na infância. Lucas foi incentivado por um primo e Ivan pelo oficineiro Moisés, que sempre o via na rua e o chamava para participar das oficinas do Fica Vivo!. E foi por meio do esporte que eles se esqueceram dos problemas ao seu redor e criaram sonhos, que hoje começam a se materializar.

Somente três jovens brasileiros foram selecionados para jogar pelo clube, entre eles os dois jovens do Fica Vivo!. Lucas treinava na oficina de futsal do bairro Guadalajara e Ivan no bairro Tony, ambos na região de Justinópolis. 

Foto - Reprodução. Crédito - Crédito - Tiago Ciccarini / Sejusp

Ivan participa da oficina de Esportes Coletivos do Fica Vivo! desde o seu início, em 2014; ele tinha apenas 7 anos e nunca faltava às aulas. “Este é o meu sonho, espero agarrar a oportunidade, subir para o profissional e ajudar a minha família. Se não fosse pelo Fica Vivo! eu não estaria jogando bola e envolvido com o esporte. Desde quando comecei a ir às oficinas tudo mudou, outro mundo se abriu para mim”.

Já Lucas conta que precisava convencer a mãe, que muitas vezes não queria deixá-lo ir. “Eu não queria perder o futebol. Quando eu jogo sinto uma energia boa, não estou fazendo mal para ninguém, nada de errado, me divirto. Estou bastante ansioso, espero poder fazer um bom futebol e ajudar a minha família. Meu sonho é ser um grande jogador, quem sabe jogar na seleção brasileira”.

Para os oficineiros que treinavam os garotos nas oficinas do Fica Vivo!, o orgulho e a felicidade não cabem no peito. Ivan foi apelidado de Pelézinho pelos treinadores, em razão da sua habilidade com os pés. “Eu me sinto realizado. Cada jovem que consegue alcançar o seu objetivo, nós ganhamos também; é como se estivéssemos indo com eles, porque eles fazem parte da nossa história”, disse Moisés Costa de Macedo, criador da oficina e o grande incentivador do esporte, que sempre convidava Pelézinho para as partidas.

Para o oficineiro Felipe Gomes Rodrigues, esta é uma chance que eles não teriam sem o programa. “São jovens de famílias carentes, que por condições financeiras não teriam condições de sair do país para jogar. Desejo muita sorte e felicidade, que eles possam conquistar todos os sonhos deles”.

Foto - Reprodução. Crédito - Crédito - Tiago Ciccarini / Sejusp

Segundo a analista social Cecília Matos, o programa Fica Vivo!, em Justinópolis, é praticamente a única iniciativa no território que oferece aos adolescentes diversas atividades. “Quando circulamos na comunidade escutamos que o programa é o único lugar que o jovem tem para praticar esporte. E não são somente espaços de prática artística ou esportiva que ofertamos, também atendemos muitas demandas de acesso a direitos”. 

Para participar das oficinas basta “chegar e entrar”, como afirma o analista Leandro Souza. “A demanda é espontânea, mas contamos com a atuação dos oficineiros, que na maioria das vezes são referências comunitárias e que estão ali na linha de frente do território. São eles que estabelecem esse vínculo inicial com os jovens”. 

Oficinas do Fica Vivo! 

O Programa de Controle de Homicídios – Fica Vivo! atua na prevenção e na redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, em áreas que registram maior concentração desse fenômeno. O trabalho é feito por meio da oferta de diversas oficinas e conta com o trabalho de uma equipe de oficineiros e analistas.

As atividades são bem variadas, vão do grafite ao futebol, e atraem os jovens. São nestes espaços que a equipe do Fica Vivo! consegue intervir, descobrindo a situação e realidade desses adolescentes e mostrando a eles outras perspectivas.

Na Unidade de Prevenção à Criminalidade (UPC) Justinópolis são ofertadas dez oficinas: de futebol, duas de futsal, circo, esportes coletivos, artesanato, barbearia, corte de cabelo, grafite e danças urbanas. Uma média de 258 adolescentes são atendidos por mês nas oficinas, que estão presentes em quatro territórios da região. 

Foto - Reprodução. Crédito - Crédito - Tiago Ciccarini / Sejusp

Com informações da Agência Minas

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