Opinião | “O arco-íris faz toda a diferença”, por João Filipe da Mata
"As bandeiras, as festas e as ruas enfeitadas significam que a minha, a sua e a nossa existência importam. A nossa história importa. O nosso afeto importa. Podemos ser exatamente quem somos", defende o escritor e vice-cônsul em Sydney, Austrália, João Filipe da Mata.
Junho, mês do orgulho, chegou e Sydney está tomada por bandeiras LGBTQIA+. O arco-íris se espalhou por todos os lados: lojas, escritórios e espaços públicos.
Mesmo morando na Austrália, nessa época do ano, eu me lembro dos meus dias de criança, em Brasília, quando minha avó, muito séria, me ensinou: “Homem não acha homem bonito”. “Não? Acha o quê, vó?” “Simpático”, ela complementou, contrariada com minha insistência.
Simpático?
Eu não sabia o que aquela palavra comprida significava e fiquei dias pensando no que havia feito de errado, com medo de nunca mais merecer o seu carinho.
O tempo passou e hoje, ao caminhar por Sydney, eu me sinto abraçado e me encho de esperança em um futuro mais diverso e inclusivo, livre de violência e de discriminação com a comunidade LGBTQIA+. Hoje, de cabeça erguida, eu posso me olhar no espelho e dizer para aquele menino que eu fui: não há nada de errado com você.
As bandeiras, as festas e as ruas enfeitadas significam que a minha, a sua e a nossa existência importam. A nossa história importa. O nosso afeto importa. Podemos ser exatamente quem somos.
O arco-íris faz toda a diferença.
Sobre o autor
João Filipe da Mata é escritor e vice-cônsul em Sydney, Austrália. Autor de "Filho da Mãe", publicado pela editora Much, já morou na Eslovênia, na Itália, nos Emirados Árabes, na China e no Sri Lanka.
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