Opinião | “O arco-íris faz toda a diferença”, por João Filipe da Mata

"As bandeiras, as festas e as ruas enfeitadas significam que a minha, a sua e a nossa existência importam. A nossa história importa. O nosso afeto importa.  Podemos ser exatamente quem somos", defende o escritor e vice-cônsul em Sydney, Austrália, João Filipe da Mata.

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Por João Filipe da Mata Publicado em 12/06/2024, 13:04 - Atualizado em 12/06/2024, 13:04
Foto — João Filipe da Mata. Crédito — Reprodução. Siga no Google News

Junho, mês do orgulho, chegou e Sydney está tomada por bandeiras LGBTQIA+. O arco-íris se espalhou por todos os lados: lojas, escritórios e espaços públicos.

Mesmo morando na Austrália, nessa época do ano, eu me lembro dos meus dias de criança, em Brasília,  quando minha avó, muito séria, me ensinou: “Homem não acha homem bonito” “Não? Acha  o quê, vó?” “Simpático”, ela complementou, contrariada com minha insistência.

Simpático?

Eu não sabia o que aquela palavra comprida significava e fiquei dias pensando no que havia feito de errado, com medo de nunca mais merecer o seu carinho.

O tempo passou e hoje, ao caminhar por Sydney, eu me sinto abraçado e me encho de esperança em um futuro mais diverso e inclusivo, livre de violência e de discriminação com a comunidade LGBTQIA+. Hoje, de cabeça erguida, eu posso me olhar no espelho e dizer para aquele menino que eu fui: não há nada de errado com você.

As bandeiras, as festas e as ruas enfeitadas significam que a minha, a sua e a nossa existência importam. A nossa história importa.  O nosso afeto importa.  Podemos ser exatamente quem somos.

O arco-íris faz toda a diferença.

Sobre o autor

João Filipe da Mata é escritor e vice-cônsul em Sydney, Austrália. Autor de "Filho da Mãe", publicado pela editora Much, já morou na Eslovênia, na Itália, nos Emirados Árabes, na China e no Sri Lanka.

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