“Utopia? Talvez, mas só talvez!” na Coluna de Valdete Braga

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Por Tino Ansaloni Publicado em 02/12/2015, 18:51 - Atualizado em 02/12/2015, 18:56
Valdete Braga Chegou o mês de dezembro. Último mês do ano de 2015. A pergunta é geral: Já? Ontem o ano estava começando! Por um lado, esta aceleração do tempo nos deixa apreensivos. Por outro, pode ser vista como um motivo para reflexão, e, mais do que reflexão, ação. Para que correr tanto? Para chegar onde? Não valerá mais a pena “botar o pé no freio”, seguir devagar e com calma, sem essa loucura em que se transformou a vida moderna? Muitos vão dizer que, se não acompanharmos o ritmo, ficaremos para trás. Pode ser. Mas resta saber até onde vale à pena ficar na frente. E na frente de que. A vida segue seu ritmo, estejamos correndo ou andando. Claro que, parar, nunca. A vida não para, do nascimento à morte. Mas nós podemos escolher conduzi-la com calma ou aos tropeços. Não é porque todo mundo está correndo que precisamos correr também. Ou porque todos estão apavorados que vamos nos apavorar. Ouvi uma reflexão muito interessante de um amigo, dia desses. Conversávamos sobre o final de ano triste que teremos, com os acontecimentos recentes, tão perto de nós. Ninguém está com ânimo para festas, presentes, ou comemorações. Além das dificuldades financeiras oriundas de tudo isto, o espírito também não está para festas e alegrias. Foi quando o meu amigo comentou que, mesmo nos acontecimentos mais trágicos, está a mão de Deus. E ele falou: “quem sabe, através desta tragédia toda, nós não vamos aprender a comemorar o Natal de acordo com o seu verdadeiro sentido?” Penso nestas palavras e sinto que elas têm muito valor. É óbvio que o ideal seria que nada disto tivesse acontecido. Mas aconteceu, e não temos como voltar no tempo para impedir. Que tal então tentarmos – pelo menos tentarmos – tirar alguma lição disto tudo? Sei que palavra nenhuma vai consolar as vítimas, sei que não existe consolo, não neste momento. A dor dos que perderam tudo não pode ser mensurada. Por mais solidariedade que tenhamos, por mais que queiramos (e transformemos esse querer em atitudes) ajudar, só o tempo, rápido ou lento, corrido como a vida ou moroso como o sofrimento, poderá amenizá-la. Então, não será esta a hora, em meio à falta de ânimo para compras, gastanças, comilanças, de pararmos e pensarmos no verdadeiro sentido do Natal? Presentes sim, mas existe presente mais gostoso de dar e receber do que um abraço sincero? Fartura sim, mas porque não uma mesa farta e simples, com arroz e feijão que sejam, mas com a família em volta, e uma oração antes de iniciar a refeição? Sem vinho, mas com uma garrafa de refrigerante dividida entre pessoas que se querem bem? Se não tiver refrigerante, suco, e se não tiver suco, água, mas servidos e tomados com amor? Utopia? Talvez. Mas nada é por acaso e esta tragédia, como tantas que acontecem pelo mundo todo, também não são. Se há culpados, que se investigue e se puna. Se foi acidente, se não foi, que as autoridades competentes, pressionadas e ajudadas pelos cidadãos comuns, tomem as providências. Que se culpem os culpados e se inocentem os inocentes, mas acima de tudo, em primeiro lugar, que os olhares se voltem para as vitimas. Sim, o final de ano chegou trazendo muitas tristezas. Vai ser difícil e demorado para estas pessoas serem felizes de novo. Mas se a tristeza delas, e de todos nós, servirem para mudar alguma coisa, não terá sido em vão. Podemos começar colocando em prática a reflexão com a qual comecei esta crônica, dita de forma despretensiosa por um amigo. Existe melhor ocasião para abrirmos o coração do que o Natal? Quem sabe, se não aprendemos por nós mesmos, aprenderemos “forçados” por esta tragédia? Que todos nós tenhamos, sem presentes, sem banquetes e sem grandes festas, um Feliz e Abençoado Natal!

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