Leia “Crise no casamento?” na Coluna Reinvente com Lígia Mendes

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Por Tino Ansaloni Publicado em 14/11/2018, 06:00 - Atualizado em 02/07/2019, 01:44

Quando adolescente, eu tinha muitos sonhos. Comportamento típico da idade. Imaginava um mundo perfeito, onde tudo dava muito certo. Um dos meus maiores desejos era ter uma carreira de sucesso, e também sonhava em encontrar uma pessoa legal, que formasse comigo um verdadeiro par. Não sonhava muito com festa de casamento, véu, grinalda… nada disso. Mas queria um bom relacionamento, principalmente porque via em casa um modelo de casamento que me agradava.

Tive algumas experiências frustradas ao longo dos anos, e o maior problema que hoje eu consigo identificar foi a minha falta de autoconfiança. É desastroso o resultado de um relacionamento no qual uma das pessoas não se sente merecedora de felicidade. E eu era esta pessoa. Tempos emocionalmente sombrios pra mim.

Até que um dia, com o amadurecimento e um toque de cuidado de Deus em minha vida, conheci alguém muito especial. Muito além das expectativas! Fomos crescendo juntos, um exaltando o outro, cuidando do outro, e, assim, foi se construindo em nós uma autoconfiança quase inabalável.

Depois de 10 anos juntos, nos casamos. E, ao contrário do que eu planejava, quis sim comemorar este momento de vestido branco e tudo mais. Foi e é uma grande realização em minha vida. Celebrei a descoberta de um grande amor.

Junto com o casamento vieram algumas cobranças, conselhos e falas não muito agradáveis. Algumas pessoas quiseram me alertar a respeito da crise dos 3 anos, 7 anos, 11 anos… Pensei: “uau, quanta crise pra superar! Será que é isso mesmo?”. E decidi conduzir meu relacionamento com base no exemplo que tenho dos meus pais, com a minha fé, intuição e conhecimentos aprendidos no MasterMind e nas leituras da área comportamental. Li neste meio tempo que as crises do casamento são, na verdade, crises financeiras. Que o casal precisa se planejar para os eletrodomésticos que estragam, para a reforma que a casa precisa, entre outros, e que esta falta de planejamento financeiro é o que traz estas crises. Li também que as crises vêm da falta de diálogo, dos desafios com o nascimento dos filhos, ou até mesmo do excesso de confiança no próprio relacionamento, o que leva o casal a fazer menos questão dos pequenos detalhes. Li bastante. Mas as tais “crises” ainda me assombravam.

Hoje completamos 3 anos de casados, e, em tese, era para estarmos vivendo a primeira crise. Ela não chegou. O que chegou foi a multiplicação do nosso amor, com a vinda do nosso filho Augusto. Ele trouxe um brilho incrível para nosso lar. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava viver algo tão grandioso e belo. Ele trouxe também a oportunidade de nos reinventarmos enquanto casal, enquanto profissionais, para a vida seguir com mais cor, mas continuar seguindo.

Entendo que não existe receita de bolo quando o assunto é casamento. O que posso dizer é que algumas percepções nos auxiliaram a viver estes primeiros 3 anos com paz e com a certeza de que queremos muitos anos mais. Estas dicas funcionaram para nós, talvez possam auxiliar outros casais.

  • Autoconfiança: não acredito em “metades da laranja” que se unem e formam uma só. Acredito em duas laranjas inteiras, que decidem viver juntas. A dependência emocional de saber que o outro é minha parte pode ser angustiante. E se aquela parte estiver vivendo um grande desafio emocional? Só terei metade de mim para ajudar, e isso é muito pouco. E se aquela parte faltar? O que será da minha vida sendo apenas a metade de alguém? No meu ponto de vista, o primeiro passo é se ver como uma pessoa integral, confiante em suas habilidades, segura dos seus talentos e do seu valor. Poucas coisas são mais tristes do que depender de alguém para se sentir valorizado, realizado. Como é bom estar ao lado de alguém que escolhemos e que escolheu estar junto de nós. Duas pessoas inteiras vivendo juntas um grande propósito de vida.

 

  • Paciência e compreensão: junto com o nascimento do Augusto, vieram muitas mudanças na minha forma de pensar, no meu corpo, na minha disponibilidade, na minha energia. Foi necessário ter muita paciência para superar o impacto das primeiras semanas de vida do meu filho. Nesse ponto, meu marido deu um verdadeiro show. Mostrou o que é, de fato, estar junto. Foi compreensivo com minhas mudanças de humor, com meu cansaço, com os choros “sem motivo”, com a mudança desta mulher para o nascimento de uma mãe. Isso se chama empatia. E ele teve muita habilidade de se colocar no meu lugar e entender um pouco do mundo que eu estava vivendo. Mesmo fora desta situação da chegada de filhos, ter paciência para ouvir e buscar compreender os sentimentos do outro é algo que nos auxilia diariamente.

 

  • Admiração: esta dica veio da minha mãe. Só é possível amar alguém que admiramos. Com o passar do tempo, parece que conhecemos 100% do outro. E isso não é verdade. Em 13 anos de relacionamento ainda descubro qualidades fascinantes do meu marido Danilo. E sei que tenho muitas outras para descobrir. A dica é continuar procurando qualidades no outro, dia após dia. Incansavelmente. Se buscássemos as qualidades na mesma intensidade que buscamos os defeitos do outro, chegaríamos à conclusão que a pessoa é muito melhor do que imaginávamos.

 

  • Carinho e cuidado: tomar a decisão de manter as demonstrações de afeto todos os dias. Um simples beijo de bom dia mesmo com o outro ainda meio sonolento, uma mensagem no meio da tarde dizendo “eu te amo”, ligar dizendo que chegou bem de viagem, avisar quando vai atrasar para o almoço, são atitudes muito simples, mas fundamentais para manter o encanto do relacionamento. Danilo volta e meia institui o “dia do amor”, e me surpreende com um presentinho, uma flor, um elogio… e, com isso, me conquista a cada dia.

 

  • Autoconhecimento: um dos marcos do meu relacionamento foi quando eu fiz o treinamento MasterMind Eneagrama Sistêmico. Eu tinha umas atitudes que não gostava e não compreendia o porquê destes comportamentos. Também não entendia como Danilo teimava em manter alguns “defeitos” que pra mim eram muito difíceis de conviver. Quando passei por este processo de desenvolvimento, veio um clarão mental a respeito de muitos conflitos que tivemos. Compreendi minhas atitudes instintivas e descobri que o padrão comportamental de Danilo era, de fato, quase oposto ao meu. Simplesmente entendi que ele não agia por maldade, com desejo de me agredir ou irritar. Descobri como superar um pouco do meu perfeccionismo, como utilizar a comunicação adequada com ele, como tornar nossos diálogos mais interessantes. E quando ele vivenciou este mesmo treinamento, passou a interpretar também o meu padrão comportamental, e demos um grande salto no nosso casamento. Alcançamos um nível de harmonia muito positivo.

 

Na minha opinião, o grande segredo para superar ou evitar as crises no casamento é ter em mente o objetivo principal muito bem definido do casal. É querer que o casamento seja bom, que o lar seja um local de paz e conforto, porque na vida já temos desafios demais. É buscar recursos para se tornar uma pessoa melhor a cada dia, e auxiliar nosso parceiro a crescer como pessoa também. É entender que um lar em harmonia traz força, é nosso sustento quando a energia cai, e zelar pelo relacionamento é zelar pela própria felicidade.

Desejo que as crises do casamento passem bem longe de todos nós!

Vamos manter contato? Quem quiser compartilhar comigo suas experiências no casamento, o email é [email protected]

Grande abraço,

Lígia Mendes

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