Frente Popular em Defesa de Ouro Preto se reúne, mais uma vez, para discutir políticas públicas

O encontro contou com a presença de cidadãos de vários setores da sociedade

Home » Frente Popular em Defesa de Ouro Preto se reúne, mais uma vez, para discutir políticas públicas
Por João Paulo Silva Publicado em 10/04/2016, 21:40 - Atualizado em 10/04/2016, 23:20
Por João Paulo Silva Na manhã do último sábado (09), às 9h da manhã, foi realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos São Julião, no Bairro Bauxita, mais um encontro da Frente Popular em Defesa de Ouro Preto. Representantes de distritos e várias instituições ligadas ao tema, estiveram presentes nesta, que foi a sua quinta edição dos encontros. O tema desta vez foi “Cultura e Patrimônio”. As reuniões vêm acontecendo semanalmente e objetivam a construção de um projeto alternativo de gestão. Trata-se de um projeto interdisciplinar de caráter democrático e interativo visando propostas de políticas públicas. A Frente Popular em Defesa de Ouro Preto é um movimento político/social de oposição ao atual governo municipal, mas não de apoio a pré-candidatos específicos.  É composto por várias lideranças distintas das quais surgem indicações de nomes dentro de seus partidos, democraticamente. Constituídas por convidados técnicos das áreas afins, lideranças políticas e comunitárias, além da comunidade como um todo, nas reuniões são levantados problemas e soluções de curto, médio e longo prazo, de forma a melhorar os serviços públicos e a qualidade de vida dos ouro-pretanos. Júlio Pimenta, um dos pré-candidatos à Prefeitura Municipal de Ouro Preto pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), participou e abriu o encontro de sábado, que teve a mediação do Advogado Guido Coutinho. Júlio definiu o grupo e falou de seus objetivos: “o grupo intitulado Frente Popular em Defesa de Ouro Preto reúne indivíduos de oposição ao atual governo municipal. O que nos une é o fato de não concordamos ou termos críticas à atual administração. Mas de nada adianta pensarmos em mudanças e em novos candidatos se não tivermos um projeto bem elaborado. Pois só podemos criticar a atual gestão se tivermos bem definidas as propostas de mudança”. Ainda sobre o caráter participativo do movimento, Júlio Pimenta destacou: “o que nós percebemos é que as pessoas geralmente chegam com o projeto pronto. Nós não! O que queremos é fazê-lo de forma participativa. Deste modo, foram elencados dezesseis temas que servirão como diretrizes para se pensar o projeto final”. Antes de ser aberta a discussão, todos os participantes do encontro puderam se apresentar.  “A idéia é que cada um se apresente com o nome e sua área de atuação, em seguida terá início o nosso bate-papo. Nós não trazemos nada pronto para os encontros para que possamos começar essa elaboração juntos. Com esse intuito, foi criado um e-mail a fim de que todos os membros possam interagir e dialogar. A partir disso, em outra oportunidade será proposta uma segunda rodada baseada nas sugestões encaminhadas a ao nosso endereço eletrônico”, orientou Guido. Ivanir Aparecida é diretora de escola e residente de Cachoeira do Campo. Ela falou do descaso enfrentado pelo distrito em relação ao seu patrimônio histórico cultural. “Vim até aqui, simbolicamente, representar a todos os moradores de Cachoeira do Campo. Nós fazemos um pedido de socorro a essa cidade que se configura como Patrimônio Cultural da Humanidade. Enquanto os holofotes estão todos voltados para ela, nós nos sentimos abandonados. Isso nos tem feito muito mal. Toda a nossa história e cultura estão se perdendo. Temos lá, por exemplo, um casarão maravilhoso do início do século XX jogado às traças e nada acontece. Gostaríamos de sentir novamente o laço entre nossos distritos e Ouro Preto. A nossa voz não é ouvida”. “Esse casarão fica localizado no centro de Cachoeira do Campo, em frente à Igreja Matriz. Ele foi comprado pelo município de Ouro Preto no governo passado, entretanto a atual administração não tomou nenhuma medida a fim de preservá-lo. Foi preciso escorá-lo, já que havia o risco de desabamento. Temos uma preocupação enorme a esse respeito. A nossa intenção é avaliá-lo e criar uma meta de governo para um futuro próximo com intuito de sanar esse problema”, esclareceu Júlio Pimenta. A arquiteta Débora Queiroz foi mais uma das participantes que deixou sua mensagem de apoio à cidade. Ela explanou sobre a precariedade das políticas públicas voltadas à cultura na cidade de Ouro Preto.  “A cultura chegou num momento muito delicado na história da cidade. Estamos perdendo várias tradições, a nossa vida cultural pujante está agonizando. Eu converso com muitos turistas sobre isso e também constato por parte de proprietários de estabelecimentos na cidade uma insatisfação muito grande. A cidade precisa dessa vida cultural para sobreviver. “Precisamos fazer com que a autoestima do ouro-pretano seja reanimada e que as pessoas se sintam donas do que é seu patrimônio, sua própria cidade”. Completa Júlio. Um possível Plano de Gestão do Patrimônio Cultural de Ouro Preto foi apresentado. A proposta se baseia em conceitos defendidos por importantes instituições de defesa do patrimônio. “Para conseguir reestruturar o patrimônio histórico cultural de Ouro Preto seria necessário investir em estrutura institucional, recursos e estrutura legal. A prefeitura possui atualmente inúmeros bens inventariados, isto é, catalogados e reconhecidos como patrimônio cultural. Ao todo se somam mil e setecentos bens, divididos em materiais e imateriais. A prefeitura até possui um trabalho de catalogação que começou a ser feito em 2005. Porém, isso fica dentro de um arquivo e ninguém conhece. O cidadão na sabe”, explicou Débora. O encontro - que teve a duração de três horas - se encerrou às 12h com uma provocação iniciada por Guido Coutinho. De acordo com ele é preciso “desconstruir essa visão de que patrimônio se configura como empecilho para o desenvolvimento da cidade”. Esse ponto parece ser muito propagado pela administração do prefeito José Leandro. Júlio Pimenta deu a reunião por encerrada, agradeceu a presença de todos os participantes e lembrou que o tema do próximo encontro será Educação. Temas como Agropecuária, Meio Ambiente, Esporte e Lazer, Saneamento, entre outros, já foram abordados em reuniões anteriores. Outros assuntos ainda serão discutidos, seguindo o mesmo critério de organização. A Frente Popular em Defesa de Ouro Preto surgiu da necessidade de reorganização da cidade. Seus participantes, sejam eles quais forem, independente de partidos políticos, grupos ou tendências, têm a palavra livre durante as reuniões, para exporem sua angústias e necessidades, na maioria das vezes, advindas da falta de gestão e proximidade do atual governo com os anseios da população. A Frente entende que não há governo sem participação popular. Não há política pública, sem seus principais atores, os moradores de cada bairro da sede, distrito ou localidade de Ouro Preto.  

Deixar Um Comentário