"Este álbum representa uma homenagem não a mim mesmo, mas à minha trajetória, à minha obra. E o que é minha obra? É o mundo através do meu olhar. É o momento em que eu paro e olho para mim, percebendo a partir de onde eu conto a história do mundo". Essa é a perspectiva de Sérgio Pererê sobre seu novo disco, "História do Mundo", que chegou nas plataformas digitais de streaming nesta quinta-feira, dia 30 de novembro. Lançado em disco de vinil, em setembro deste ano, o trabalho agora chega à internet trazendo como música bônus uma inspirada versão do artista para "Promessas do Sol", de Milton Nascimento e Fernando Brant.
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Fruto da parceria com o produtor musical Jongui, o álbum "História do Mundo" marca os 25 anos da carreira profissional do cantor, compositor, ator e multi-instrumentista Sérgio Pererê, compilando versões repaginadas de sucessos de sua prolífica caminhada, além de apresentar duas músicas inéditas. Décimo quinto registro fonográfico de Sérgio Pererê, o álbum é um marco simbólico de sua carreira. "É como um resumo das coisas que já escrevi, da minha visão de mundo através da arte", diz, ressaltando que o álbum conta com duas músicas inéditas, "Babá Obá" e "Onde Está Sua Fé" (com participação do rapper Luciano Zulu), além dos convidados Maurício Tizumba, em "Woman", e Ohana, em "Terra e Lua”.
Sobre a versão de "Promessas do Sol", presente apenas no formato online do disco, Pererê sublinha que a ideia foi reverenciar Bituca como o principal artista que o ajudou a compor seu "olhar sobre a história do mundo". "Bituca é, para mim, a referência maior na música brasileira. É o que eu mais escuto, é uma figura muito presente na minha vida. E 'Promessas do Sol' também é uma música que está na minha vida há muito tempo, que escuto desde novo", afirma. "É uma música pesada, com um tema triste. Mas, por conta da rítmica, da melodia, ao decorrer da música ela vai crescendo, ganhando uma força muito grande, misturada com essa dor. Mesmo a letra dizendo 'você me quer forte, não sou forte mais', a firmeza na melodia me traz muita força".
Parceria e confiança
Um ponto crucial de "História do Mundo" foi a parceria entre Pererê e Jongui, responsável pela fusão dos beats eletrônicos e naipe de sopros aos elementos que tradicionalmente compõem a musicalidade do artista mineiro, como os timbres ancestrais da mbira, da rabeca e os tambores do Reinado, do Candomblé e da Umbanda. A alquimia musical entre orgânico e eletrônico é uma das linhas-guias do trabalho, produzido, mixado, masterizado, gravado e editado por Jongui no Estúdio Maria Laranjeiras, em Belo Horizonte (com exceção dos pianos elétricos de Luiz Otávio e de Carlos Trilha, gravados no Órbita Estúdio, no Rio de Janeiro).
"A relação com o Jongui já vinha de um tempo. Já tínhamos essa vontade de trabalhar juntos, eu já acompanhava as produções dele. Então, foi um trabalho de confiança. E, sendo assim, eu o deixei livre para propor coisas e ele me deixou livre para propor coisas. Disso, saiu uma terceira criação; que não é nem Pererê, nem Jongui. Que é 'História do Mundo'", diz Pererê. "Fiquei honradíssimo com o convite para produzir o álbum. Construímos a sonoridade e a estética em um processo delicioso e fluido. Fui agraciado", completa Jongui, que divide os arranjos e a orquestração de sopros com William Pajé em "Woman" e "Onde Está Sua Fé" (em "Terra e Lua", "Filho de Odé" e "Costura da Vida", é apenas Pajé quem assina).
Pererê sublinha que o trabalho em dupla com Jongui conseguiu manter a essência de sua proposta artística, adicionando à sonoridade uma roupagem eletrônica que convida o ouvinte à dança. "Trouxemos essa conversa com os beats, para que os corpos pudessem dançar, sem deixar de lado os elementos que compõem a minha música e, principalmente, o que considero o foco da minha escrita, que é a existência humana. Então, tudo o que eu já propus, de certa forma, está neste álbum. Quem já me acompanha talvez não se surpreenda, embora o eletrônico esteja mais presente, mas as pessoas vão ver o Sérgio Pererê que já conhecem", assinala o artista.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio do UniBH.
Sobre Sérgio Pererê
Sérgio Pererê é cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu trabalho é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com destaque para as referências afro-latinas –, e pelo timbre peculiar de sua voz. Sua poesia entrelaça temas cotidianos a enunciados metafísicos e elementos do sagrado de matriz africana, como o culto à ancestralidade e aos orixás. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e em países como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina. Sérgio Pererê considera-se amadrinhado pelas raízes banto de Minas.
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