Programa da Secretaria Municipal de Educação e ação da Faop são finalistas do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade
Programa de educação patrimonial “Ouro Preto, meu Lugar” e a ação “Formação de Restauradores em estreita relação com comunidades de Minas Gerais”, da Faop, concorrem à maior premiação para ações do Patrimônio Cultural no Brasil.
O Programa de educação patrimonial “Ouro Preto, meu lugar”, da Secretaria Municipal de Educação, e a ação da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), intitulada “Formação de Restauradores em estreita relação com comunidades de Minas Gerais” , concorrem ao prêmio nacional do concurso Rodrigo Melo Franco de Andrade, edição 2020.
Promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 1987, o prêmio prestigia, em caráter nacional, as ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro que, em razão da originalidade, vulto ou caráter exemplar, mereçam registro, divulgação e reconhecimento público.
As atividades do programa “Ouro Preto, meu lugar” estão voltadas para a construção de discussões acerca de temas como Identidade, Memória, Patrimônio, Referências Culturais, Relações Étnico Raciais, sempre a partir da valorização do indivíduo e de sua relação com o que ele considera patrimônio.
Já a ação da Faop, intitulada “Formação de Restauradores em estreita relação com comunidades de Minas Gerais” tem como objetivo promover a formação de técnicos conservadores-restauradores, articulada com a preservação de acervos comunitários. E também deixar um legado para as comunidades e para os alunos, que desde o início da formação convivem com a valorização e a diversidade da herança cultural brasileira, atuando efetivamente na preservação de seus bens culturais móveis. Tanto o programa quanto a ação foram classificadas na etapa estadual e aguardam a definição da etapa conclusiva, de abrangência nacional.
De acordo com o Iphan, a premiação é oferecida, anualmente, a empresas, instituições e pessoas de todo o Brasil, e tem destacado, ao longo dos anos, a diversidade e a riqueza do Patrimônio Cultural Brasileiro (Material e Imaterial) em suas manifestações culturais, antigas e modernas curvas da arquitetura nacional ou em grandiosas paisagens arqueológicas e naturais.
O nome do Prêmio é uma homenagem ao fundador do Iphan, para destacar as iniciativas que compartilham dos mesmos ideais. O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 1898, em Belo Horizonte (MG). Neste ano atípico, a organização do Prêmio Rodrigo teve que se adaptar à realidade de distanciamento social requerida pela pandemia de Covid-19. As inscrições, realizadas principalmente de forma online, foram um sucesso: a premiação bateu o recorde de 515 inscritos.
“Ouro Preto, o Meu lugar”
O Programa de Educação Patrimonial no Município de Ouro Preto, “Ouro Preto, o Meu Lugar”, está estabelecido pela Lei 1101 de 21 de junho de 2018, a ser desenvolvido no período de 2018 a 2028. A idealizadora e coordenadora do programa é a professora doutora e escritora Cláudia Pereira.
O programa conta com parceria entre as Secretarias Municipais de Educação; de Cultura e Patrimônio; bem como da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio da Prefeitura de Ouro Preto e a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP, com os professores: Tays Torres Ribeiro das Chagas – DEPRO e Luiz Prazeres – DELET.
Dentre as atividades propostas estão: capacitações, palestras, oficinas, visitas orientadas e participação em atividades culturais variadas. Todas são registradas em um passaporte cultural individual que, juntamente com um álbum de figurinhas, um mapa afetivo e um conjunto de cartões de referências, compõem o material didático do Programa.
Cláudia Pereira ressalta que desde setembro de 2018, o Programa envolve, ativamente, cerca de mil pessoas, dentre educadores e educandos das três escolas municipais em que ele se desenvolve na forma de projeto-piloto: Escola Municipal Monsenhor João Castilho Barbosa (Barra), Escola Municipal Doutor Pedrosa (Santo Antônio do Leite) e Escola Municipal Professora Haydée Antunes/CAIC Filipe dos Santos (Cachoeira do Campo). Nessas escolas, a inserção do programa se divide entre os professores, administração escolar, servidores e, principalmente, a educação infantil, o fundamental 1 e 2 e a Educação para Jovens e Adultos – EJA.
“Em 2021, o Programa crescerá substancialmente, passando a incluir um público estimado de 1750 pessoas (além das 1000 que ele já atende). Essa iniciativa que busca ampliar o alcance do programa. Essa expansão propiciará inclusão de mais um distrito no âmbito de atuação da equipe, o distrito de Antônio Pereira, estendendo nossa atuação a outra esfera de ensino com a inclusão da Escola Estadual Professora Daura de Carvalho e da Escola Municipal Bernardina de Queiroz através da educação infantil”.

“Formação de Restauradores em estreita relação com comunidades de Minas Gerais”
Na ação “Formação de Restauradores em estreita relação com comunidades de Minas Gerais”, os alunos do Curso Técnico em Conservação e Restauro da FAOP são estimulados a interagir com a comunidade local durante o estágio supervisionado obrigatório, intrínseco às práticas de ateliês.
Nesta etapa da formação o aluno realiza atividades em três áreas, papel, escultura policromada e pintura de cavalete. O estágio se encerra mediante a conclusão dos processos de restauro e a entrega dos relatórios finais. Esta estratégia de ensino-aprendizagem propicia aos alunos formação consistente, fortalecendo a segurança para atuação no mercado de trabalho e, às comunidades guardiãs, o tratamento necessário e adequado aos seus acervos, propiciando longevidade à preservação dos bens.

A presidente da Faop, Júlia Mitraud, ressalta a importância desta ação para o processo de formação dos alunos e para as comunidades atendidas.
“A ação desenvolvida pela FAOP reforça a sua missão institucional, de formar cidadãos para atuar com excelência na preservação de bens culturais em um trabalho que dialoga com as comunidades guardiãs”, afirma Júlia.
O processo de restauração é gratuito. A comunidade arca somente com os custos relativos a serviços de terceiros tais como transporte, marceneiro ou escultor especializado para estruturação e complementação de suporte. O acervo permanece na FAOP por 24 meses. Durante esse período, a comunidade é convidada a visitar e acompanhar os procedimentos que estão sendo realizados. Na oportunidade visitam os Ateliês, onde conhecem a estrutura do Curso, compreendendo as diversas etapas dos processos de restauro e os alunos ampliam a perspectiva e o entendimento da profissão e do objeto de estudo.
Edição 2019
Na edição de 2019, oito ações vencedoras do Prêmio Rodrigo foram verdadeiros modelos de criatividade, dedicação e qualidade na elaboração e execução de propostas que preservam e promovem diversos bens representativos da cultura brasileira. Em Minas Gerais, a ação Mina Du Veloso, realizada pelo Coletivo Du Veloso, trouxe uma nova narrativa histórica sobre Ouro Preto, com a recuperação de uma galeria subterrânea de uma antiga mina de ouro do século XVIII e sua transformação em centro de referência turística e patrimonial.
Outro vencedor do Prêmio Rodrigo 2019 foi a Feira de Trocas de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, de São Paulo. Realizada desde 2008, a ação é resultado da mobilização das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, como estratégia de salvaguarda dos modos tradicionais de fazer roça, promovendo assim a soberania alimentar e a valorização da agrobiodiversidade.
Resultado
O resultado da premiação será divulgado na próxima terça-feira (08/12). Serão doze prêmios de 20 mil cada. Os vencedores deverão ter relevância para a identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira e ter como objeto os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, nos quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e científico.
O julgamento será feito pela Comissão Nacional, composta por 21 membros, entre eles os cinco diretores do Iphan e seu Presidente.

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