“…E era verdade!” na Coluna Valdete Braga

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Por Tino Ansaloni Publicado em 20/06/2016, 16:22 - Atualizado em 20/06/2016, 16:23
Por Valdete Braga Quando vi a chamada para um programa de televisão sobre ameaça de morte sofrida pela menina Maysa, atriz do SBT, pensei que fosse alguma destas pegadinhas de mau gosto que aparecem de vez em quando na TV. Pensei também que poderia ser alguma estratégia para uma matéria com dupla interpretação. Nos anos 80 e 90, época das revistas impressas sobre temas de televisão, era comum usarem este tipo de marketing. Colocava-se na chamada da capa da revista o nome da atriz ou do ator, e somente na matéria, do lado de dentro, se explicava que era algo referente ao personagem. Lembro-me vagamente, quando adolescente, de uma tia indignada porque comprou uma revista, cujo nome me foge à memória, e sofreu este “golpe”. Na capa, a chamada era “Eva Wilma e Carlos Zara se separam”. A minha tia, fã dos dois atores, casados na vida real, que na época estavam em cena em uma novela, correu para comprar a revista e o texto falava que, nos próximos capítulos, os personagens representados pelo casal iriam se separar. Este fato foi motivo de piada e brincadeiras na família por um bom tempo. Como tanta coisa tem se repetido no cenário artístico, imaginei que poderia ser algo do tipo, fiquei curiosa e esperei a explicação. Antes eu estivesse certa. A realidade era bem menos inocente do que eu pensava. Aliás, de inocente não tinha nada. A apresentadora do programa explicou que Maysa, uma menina de 14 anos, que fez a novela infantil “Carrossel”, do SBT, havia realmente sofrido ameaça de morte. A ameaça foi feita no instagram da garota, e, para confirmar, foi colocado na tela o comentário, que dizia “o que não chegou a acontecer com a Ana Hickman vai acontecer com você”. Confesso que levou um tempinho para a ficha cair. Que espécie de gente faz uma coisa dessas? Brincadeira de péssimo gosto, que nem pode ser chamada brincadeira, ou algum distúrbio psíquico mesmo, como no caso que resultou em tragédia com a apresentadora Ana Hickman? Seja o que for, fatos como este só vêem comprovar mais uma vez o despreparo de tanta gente para o uso da ferramenta virtual. Eu, particularmente, e friso particularmente, não vejo graça nenhuma nessas pessoas que ficam acompanhando a vida de seus artistas preferidos pelas redes sociais. Instagram, nem sei o que é. Mas tem quem goste, e não há mal nenhum nisso. No momento em que o “ídolo” (outra palavra com a qual não concordo, mas muita gente usa e tem direito de usar) cria uma conta para ser seguido, quem achar que deve, que siga. Faz parte. Versão 2016 das revistas da minha tia dos anos 80. Os artistas postam fotos, contam sua vida, falam com quem namoram ou não namoram, mostram sua casa, e quem quiser interagir, está no seu papel. Mas daí a escrever uma barbaridade dessas para uma menina de 14 anos, a distância é enorme. Aliás, nada justifica escrever para ninguém, em nenhuma idade, mas em se tratando de uma adolescente, fica mais sério ainda. Até onde vamos nessa mistura de real com virtual, de fantasia com realidade, de pessoas achando que a tela do computador as colocam acima do bem e do mal? Até quando as pessoas vão achar que rede social é terra sem lei, que podem falar o que bem entendem, ofender a quem bem quiserem, xingar, agredir? Claro que não dá para generalizar, mas parece que quanto mais o virtual se populariza, em lugar de ocupar papel de relevância na vida das pessoas, mais aparecem loucos para deturpar o seu real sentido. Obviamente, este caso vai ser apurado e a pessoa vai responder pelo que fez. Mexeu com uma menina muito bem assessorada, conhecida no meio artístico, etc. Mas é preocupante. Não é só artista que tem instagram e o mundo anda tão louco que acaba criando uma paranóia. No mundo real, se mata por um tênis ou um celular. Se este tipo de violência continuar em ritmo crescente também no mundo virtual, as perspectivas não são nada animadoras. Progresso é necessário, e aprender e utilizar o “novo” é essencial na vida de todos. Mas que seja usado com parcimônia, inteligência, e, principalmente, bom senso e responsabilidade. Senão o que poderia nos auxiliar para um mundo melhor, pode fazer papel inverso e nos jogar de volta na idade da pedra. Cabe a cada um utilizar o filtro de sua sabedoria.

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