De Ouro Preto para o mundo: JOY anuncia lançamento de novo single no fim de abril

Por João Paulo Silva Publicado em 08/04/2021, 15:09 - Atualizado em 09/04/2021, 11:47

Foto – A cantora e compositora JOY. Crédito – Reprodução/Instagram JOY.

♫ Corredor. Este é o título do novo single da cantora compositora e multi-instrumentista Joyce Albuquerque, mais conhecida como JOY. Com lançamentos fonográficos e audiovisuais preparados para todo o ano de 2021, a música já tem data marcada, dia 23 de abril. Enquanto a canção parece ter sido escrita para um amor platônico, o clipe mostrará uma história bem diferente.

Adoção consciente

JOY usará o lançamento para promover a adoção consciente de animais e mostrar a tristeza do abandono. As batidas desse pop leve com um refrão "chiclete" vão se unir ao carisma de uma cachorrinha resgatada nas cenas do clipe. Empatia, amor, esperança: o lançamento promete trazer um misto de emoções ao público.

Liberdade

Nascida em Andrelândia (MG), JOY começou seus estudos na música erudita aos 11 anos, até que se fixou na cidade histórica de Ouro Preto (MG). A artista conta que morou em alguns lugares antes de escolher a Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade para viver.

“Passei por São João Del Rei, Coronel Fabriciano… Até que decidi me mudar para cá, quando passei no curso de Jornalismo da UFOP. Sempre me perguntam se eu vim estudar música aqui, é normal. Mas a ideia de estudar jornalismo foi também por conta da música, além de cantar, tocar e compor, eu tenho essa necessidade de pesquisar e me aprofundar sobre a história da música popular brasileira”.

Com esse espírito viajante, acompanhada de seu saxofone, se apresentou em diversas cidades e estados. JOY participou de concertos em homenagem a compositores renomados, como Carlos Gomes e Mozart, mas foi na música popular que encontrou a liberdade para compor, cantar e experimentar.

Do erudito ao Pop

Apesar da formação musical erudita, JOY transita habilmente também entre o Pop e a Música Popular Brasileira. Questionada se os gêneros lhe proporcionam maior liberdade em matéria de composição e expressão musical, a cantora afirma que a música popular lhe deu a liberdade de experimentar, algo que nunca teve no meio erudito, onde precisou lidar com o preconceito.

“É claro que não posso generalizar, mas as pessoas dessa cena costumam ser preconceituosas e negar qualquer outra expressão artística. Isso me travou por muito tempo, principalmente durante a adolescência que é quando você ainda está se descobrindo e não consegue se impor. Eu já gostava de música pop, mas não podia falar, porque você era reduzido pelas pessoas que só ouviam Chopin. Acho que por isso hoje me permito transitar por vários gêneros musicais”, conta.

Com influências que vão do samba de raiz à música Pop, estilo que pode acender uma chama de definições e conceitos, assim como o termo “Nova MPB”, a artista que bebe dessas fontes já viralizou algumas vezes nas redes sociais, misturando música e humor em suas esquetes. Com vídeos que já contam com mais de 3 milhões de visualizações, JOY chamou atenção de produtores e diretores de elenco, tendo sido inclusive cotada para produções da Netflix. Com dois singles lançados, “Palhaço de Brinquedo” e “Tesouro do Destino”, a artista já conta com mais de 30 mil seguidores em suas redes e se prepara para um ano repleto de novidades.

Liquidificador sonoro

Esse verdadeiro liquidificador sonoro não é mais novidade para os artistas brasileiros e foi ganhando cada vez mais espaço no país a partir das experimentações do movimento tropicalista, encabeçado principalmente pelos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, lá nos anos 1960. E quando o assunto é influência musical, a articulada JOY conta sobre uma adolescência relativamente solitária, mas ao mesmo tempo acompanhada por artistas de renome.

“Eu poderia falar por horas sobre isso. Minha adolescência inteira foi trancada no quarto ouvindo o que meus amigos chamavam de música de velho. Cartola, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Wilson Batista, Dalva de Oliveira… A lista não acaba. Para mim não existe nada mais bonito que o samba e o choro”, revela. Após anos de convívio com essas vozes que já há muito tempo fazem parte do panteão dos artistas brasileiros, veio a curiosidade e com ela a busca por artistas mais recentes.

Novas referências e Marina Lima

“A busca por artistas mais “novos” veio mais tarde, quando comecei a compor. Hoje eu ouço assiduamente um pouco de tudo para ter repertório e apresentar referências para o meu produtor. O Silva é um bom nome e exemplo de artista completo que eu gosto de escutar. E aproveito esse gancho para falar da Marina, que além de uma artista completa, foi talvez uma das primeiras cantoras que eu olhei e pensei “então quer dizer que eu posso falar sobre isso?”. É difícil conseguir acompanhar todas as novidades na música hoje, mas eu tento ao máximo. Vamos ver o que ela preparou para nós nesse EP”.

A Marina que JOY se refere é Mariana Lima, cantora, compositora, instrumentista e uma das principais arquitetas do pop brasileiro. A carioca irrompeu no mercado a partir dos anos 1980, tendo como principal parceiro seu irmão, o filósofo Antônio Cícero e está prestes a lançar seu EP “Motim”.

Além disso, Marina foi uma das primeiras artistas brasileiras a falar abertamente sobre temas que até então eram considerados tabu, como por exemplo, a sexualidade.

O sucesso do primeiro single

“Palhaço de Brinquedo” foi o primeiro single de JOY Albuquerque. A música foi produzida por Marcus Maia, produtor que já trabalhou com grandes artistas da nova geração, tais como Konai e Ana Gabriela. O single que abriu as portas para a artista nos streamings foi também sua principal forma de se abrir para o mundo.

Dias antes do lançamento, JOY disponibilizou em suas redes um teaser contando a história da música, feita para sua primeira namorada. A artista conta da liberdade que sentia em poder cantar sobre seus sentimentos por outra garota. O lançamento lhe rendeu, além de uma boa posição para uma primeira aparição, um grande engajamento daquele que viria a ser seu maior público, o LGBT+.

Representatividade

JOY acredita que esse posicionamento por meio de sua manifestação artística pode contribuir positivamente com a luta por direitos e igualdades da classe em um país que registra números assustadores de mortes contra homossexuais, transexuais ou qualquer indivíduo que fuja dos padrões impostos pela sociedade como “normal”.

“Eu acho que toda manifestação contribui. Alguns anos atrás, por exemplo, eu não teria coragem de gravar um clipe com outra garota. Ou falar sobre esse amor. Foi assistindo outras artistas e me sentindo representada que essa sensação de liberdade veio. Falar sobre gostar de meninas, hoje, é tão natural pra mim quanto falar que gosto de música. Mas muitas pessoas ainda estão escondidas e vivendo com medo de serem quem são. Esse medo também é natural e inevitável, principalmente pelo fato de que vivemos em um mundo extremamente preconceituoso. Mas se aceitar é o primeiro passo e eu tento falar sobre isso da forma mais leve possível para quem sabe inspirar ou acolher pessoas que ainda não se aceitaram”.

O primeiro clipe

Inspirada na série de cultura pop "How I Met Your Mother" (“Como eu Conheci a sua Mãe”, em tradução livre), o single "Tesouro do Destino" de JOY ganhou um clipe que também faz alusão à série. Com elementos raros e icônicos da sitcom, o trabalho audiovisual da artista também mostra o amor entre duas meninas. “O arranjo da música foi inteiramente pensado para a construção do clipe: do piano ao conjunto de cordas e bateria que apresentam o clímax dessa história”.

Produzida por Marcus Maia, que já trabalha com a cantora desde o primeiro single, a canção também passou pelas mãos de Ricardo Garcia, engenheiro de som que assinou trabalhos importantes da música brasileira, como discos de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Secos & Molhados, Rita Lee, entre outros.

A promessa de um álbum

Com a reformulação do mercado fonográfico e a força das plataformas de streaming, artistas do mundo todo estão se reinventando e saindo em busca de novos formatos em um contexto onde a mídia física (embora haja exceções) já foi, há pelo menos dez anos, substituída pelo consumo da música digital.

O “Global Music Report 2019”, relatório com os dados de 2020 elaborado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) reportou um crescimento nos lucros do mercado fonográfico, atingindo 19,1 bilhões de dólares. JOY está tomada pelo espírito do seu tempo e atenta a essa transição que ainda traz desafios para os artistas que querem fazer o seu trabalho chegar ao maior número possível de pessoas, mas de acordo com ela, ainda é cedo para se pensar em um álbum.

“Existe a intenção de lançar um álbum, mas não em breve. Um EP é o mais próximo que consigo imaginar por enquanto. Isso porque o mercado da música mudou muito e as pessoas estão cada vez mais ansiosas. Hoje as playlists são como as antigas lojas de discos, é ali que muitas das vezes a galera descobre música nova, já está selecionado. E se te descobrirem, você ainda precisa convencê-las nos primeiros segundos de que sua música é boa, ou elas pulam. Portanto, eu prefiro continuar lançando singles todo mês, assim tenho mais tempo para estudar e cuidar bem de cada um e trazer novidades com frequência. Estrategicamente, acredito que funciona mais”.

Caso continue nesse ritmo, mantendo a qualidade de seus materiais fonográficos e audiovisuais e, sobretudo, mantendo a verdade em seus trabalhos, certamente, ainda vamos ouvir falar, e muito, de Joyce Albuquerque, a JOY. Por enquanto, os números falam por si...

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