Na data de finados, celebrada em 02 de novembro, como parte da fé cristã, é comum lembramos dos nossos entes queridos com gestos de carinho e muita saudade. Os cemitérios ficam mais coloridos pelas flores depositadas nas sepulturas de amigos, parentes e pessoas pelas quais guardamos forte apreço.
Para acompanhar o dia de finados em Ouro Preto, conversamos com José de Paiva Gonzaga, Juiz da Irmandade Senhor Bom Jesus de Matozinhos São Miguel e Almas.
O cemitério Bom Jesus, o segundo maior da cidade, é o lar de memórias preciosas e desafios enfrentados diariamente pelo Juiz da Irmandade, José de Paiva Gonzaga.
Desde 2001, José emprega seu tempo zelando pelo funcionamento do cemitério da igreja, sendo também sacristão nas missas que acontecem aos domingos no auditório do Colégio Arquidiocesano.
Com 122 túmulos na parte superior, 156 sepulturas na inferior e quatro níveis com 33 gavetas cada, o cemitério guarda os restos mortais de notáveis como Padre Carmélio, Padre Paulo Rocha e Padre Mendes. No entanto, não há registros sobre a construção da igreja e do cemitério, que se destaca como o segundo maior da cidade, perdendo apenas para o cemitério de Santa Efigênia, ambos pertencentes a irmandades.
José de Paiva compartilha que, inicialmente apreensivo com as demandas do cargo, hoje está bem mais acostumado com a rotina. Entretanto, a pandemia trouxe desafios, resultando em um número elevado de sepultamentos e levando a irmandade a suspender a admissão de novos irmãos.
Atualmente, o cemitério atingiu sua capacidade máxima, e José de Paiva destaca a importância de manter a anuidade em dia para garantir a continuidade dos serviços prestados pela irmandade. A anuidade, no valor de 40 reais, enfrenta grande inadimplência, dificultando o trabalho da instituição.
Dos 2.500 irmãos que compõem a irmandade, mais da metade possui dívidas pendentes. José ressalta a necessidade de regularizar a situação financeira, incentivando aqueles em débito a procurarem o escritório para acertar suas contas, sem a incidência de juros.
“Não cobramos juros nas dívidas com a irmandade, por isso convido a todos os que estão inadimplentes a procurarem o escritório para regularizar os débitos. A irmandade precisa muito desses recursos para manter os seus trabalhos e inclusive a manutenção do cemitério”, explicou José de Paiva.
Em relação aos prazos de sepultamento, José de Paiva defende a aplicação da Lei Canônica, que estabelece um período máximo de 4 anos, contrastando com o limite atual de 6 anos em Ouro Preto. O coveiro, a cargo da funerária, e um zelador designado pela irmandade cuidam da manutenção e limpeza do cemitério.
Em um momento emocionado, José compartilha que seus pais e sua esposa repousam no cemitério Bom Jesus. Diariamente, ele dedica suas orações aos túmulos de seus entes queridos, testemunhando a importância e a profundidade das histórias que ecoam entre as lápides.
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