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“Alma não tem cor”: Evento em Mariana-MG integra a programação do II Novembro Negro

A atividade aconteceu na tarde deste sábado (17) no Centro de Cultura SESI Mariana e trouxe atividades como roda de samba, apresentação de maculelê, dança afro e desfile de beleza negra.

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Por João Paulo Silva Publicado em 17/11/2018, 19:12 - Atualizado em 02/07/2019, 01:46

Foto-“Alma Não tem Cor”, evento de resistência negra realizado neste sábado (17), em Mariana-MG
Crédito-João Paulo Teluca Silva

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em todo o país na próxima terça-feira, 20 de novembro. A data é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e foi escolhida por coincidir com a morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, em 1695.

Por isso, com o mote “Se fere nossa existência, nós seremos resistência! ”, várias atividades estão sendo realizadas em Mariana e Ouro Preto durante todo o período, chamado de Novembro Negro. São trocas de experiências científicas, escolares, culturais, espirituais, festivas, entre outras, que marcam a reexistência do povo negro.

Na tarde deste sábado, 17 de novembro, o Centro de Cultura SESI Mariana recebeu o evento “Alma Não tem Cor”, também inclusa nesta programação, iniciativa do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI/UFOP) e apoio do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR/ Mariana). Houve roda de confraternização, apresentação de maculelê, dança afro e desfile de beleza negra.

A atividade foi organizada pelo estagiário Amendoim, sob supervisão geral do Mestre Ray, presidente do Grupo Oficina da Capoeira de Belo Horizonte e propagador da cultura negra pelo mundo. O “Alma não ter cor” contou ainda com a participação dos alunos Casa Lar Estrela (CRIA-Mariana), alunos da Escola Municipal Cônego Paulo Dilácio e usuários do Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CRESCER) e da presidenta do Conselho de Igualdade Racial de Mariana, Ainda Anacleto.

“A homenagem a Zumbi é mais do que justa, pois este personagem histórico representa a luta do negro contra a escravidão e morreu em combate, defendendo seu povo. Os quilombos representavam a resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana no Brasil”, com essas palavras o evento foi aberto.

O Mestre Ray, ressaltou que a capoeira, além de ser esporte, arte, cultura, dança e música, é uma arma de resistência e consciência social. “Estar em Mariana e Ouro Preto nos transporta para o mais íntimo de nós mesmos, pois a história do negro em Minas Gerais é muito forte. É preciso levar às novas gerações esse conhecimento, essa ancestralidade que a capoeira traz consigo”.

Já o estagiário Amendoim destacou a importância do evento para a cidade. “O negro precisa ser lembrando não só em novembro, mas o tempo todo. Existimos, resistimos, estamos aqui. Somos todos iguais. Precisamos ficar atentos, agora mais que nunca”, afirmou em menção ao atual contexto sócio-político do país em que “muitas pessoas estão tirando o crédito de pautas tão sérias como a dos direitos humanos”.

Mais luta que celebração

De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em parceria com o Senado Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”.

Os dados da secretaria foram divulgados pela jornalista Marília Marques, ano passado. Já de acordo com o Programa do Fundo de População da Organização das Nações Unidas, todos os anos são assassinadas no país 30 mil pessoas, 23 mil são jovens negros. Os dados são de 2017 e foram divulgados pelo Geledés, uma organização política brasileira de mulheres negras contra o racismo e sexismo.

 

Foto-"Alma não tem Cor". Crédito-João Paulo Teluca Silva.

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