Encontro de talentos: Pintor Carlos Bracher faz live em homenagem a Van Gogh

Evento, com bate-papo e transmissão de filme, acontece no dia do aniversário do artista holandês e será transmitido pelos canais oficiais do Ateliê Casa Bracher.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 29/03/2021, 11:07 - Atualizado em 29/03/2021, 11:07
Foto – Carlos Bracher/Ateliê Casa Bracher, Outro Preto-2020Crédito Edmar Luciano. Siga no Google News

Em 1990, ano do centenário de morte de Vincent Van Gogh (1853–1890), o artista mineiro Carlos Bracher se lançou naquela que seria uma das maiores experiências de sua carreira. Ao lado de sua companheira, a artista Fani Bracher, passou um mês percorrendo cidades em que o pintor holandês morou, na Europa, para criar uma série de seis quadros em homenagem ao artista. De volta ao Brasil, inspirado por tudo o que viu e viveu, Bracher deu vida a uma coleção de cem obras.

Dia 30 de março, data de nascimento de Van Gogh, Bracher vai dividir com o público essa e outras curiosidades em uma live mediada pelo jornalista e crítico de arte Angelo Oswaldo de Araújo Santos. Antes do bate-papo, será exibido o documentário “Bracher/Van Gogh”. O evento começa às 19h, com transmissão ao vivo pelos canais oficiais do Ateliê Casa Bracher (YouTube, Instagram e Facebook). O Ateliê Casa Bracher tem patrocínio do SESI.

Segundo Bracher, a ideia da série “Homenagem a Van Gogh” era um sonho de juventude e seria como um tributo de amor e gratidão ao artista. “Esse complexo trabalho consistiu em me defrontar com as três últimas cidades onde ele viveu na França: Arles, Saint Remy e Auvers-sur-Oise.  Na verdade, esse era um sonho de quando era jovem, mas que guardei por 30 anos. Só aos 50 anos, me senti em condições de enfrentar”, confessa o pintor. Bracher conta que, após a viagem, retornou a Ouro Preto e deu início, então, a criação da extensa série, que durou seis meses.

Para Bracher, a principal razão que torna Van Gogh um artista tão genial é a sua verdade. Crédito - Edmar Luciano.

Descrito por Bracher como “abissal e de total entrega”, todo o processo foi acompanhando pelas lentes do diretor Rodolfo Magalhães, dando origem ao documentário “Bracher/Van Gogh”. Com narração de Ítalo Rossi, o filme foi lançado em 1991. Nos mesmo ano, tamanha dedicação resultou ainda na publicação do livro “Bracher: Homenagem a Van Gogh” (editora Empresa das Artes), cuja entrevista foi conduzida à época por Angelo Oswaldo, convidado agora para conduzir o debate da live

No texto de apresentação do livro, o escritor Affonso Romano de Sant’Anna atesta a relação entre os dois artistas. “Van Gogh foi para Arles, Saint Remy e Auver-sur-Oise; Gauguin para o Tahiti; Cézanne para Aix-en-Provence. Bracher, há décadas está refugiado em Ouro Preto, procurando o universal através da cor local. Essa sua necessidade de agora ir pisar o mesmo solo de Van Gogh, esse seu impulso de colocar os pés, as mãos, os olhos e telas no mesmo espaço do outro, é mais que uma homenagem, é um reencontro consigo através do outro”.

Para Bracher, a principal razão que torna Van Gogh um artista tão genial é a sua verdade. “Digo a verdade no sentido mais significativo do que possa existir. Van Gogh foi, definitivamente, o ser das contundências, do caos e das obsessões. Ele se lançava em tudo com a totalidade de suas emoções. E, portanto, de suas verdades. Até seu suicídio corrobora isso”, avalia. E completa “Desde meus primeiros anos de pintura tenho com Van Gogh uma relação mais que estética, de alma. Com ele tenho tido um interlúdio permanente do que seja a vida, a arte e a revelação dos estados profundos de minha existência. Mais que um mestre, ele é para mim o mito que me rege e conduz”.

A série “Homenagem a Van Gogh” passou por cinco capitais do Brasil e sete países. A primeira exibição foi no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Depois, foi para o Rio de Janeiro, nas galerias Bonino e D’Bieler; em São Paulo, na galeria Sadalla; e em Curitiba, na galeria Simões de Assis. Na sequência, foi para um roteiro internacional, inicialmente na Holanda, no World Trade Center, de Rotterdam. Em seguida, Paris (Galerie Debret); Auvers-sur-Oise, onde Van Gogh está enterrado (Musée D’Aubigny); Londres (Whitney – Atrium Gallery); Pequim (Palácio Imperial da Cidade Proibida); Tóquio (Universidade das Nações Unidas); e Bogotá (Museo de Arte Moderno).

Quadro- O quarto de Van Gogh, 89 x 116 cm Óleo sobre Tela. Série Homenagem a Van Gogh; Crédito Miguel Aun

Em São Paulo, a exposição rendeu uma história curiosa. Um holandês que morava na cidade mandou o livro para o museu Van Gogh, na Holanda. Para surpresa de todos, J. Van Gogh, sobrinho neto de Van Gogh e presidente da Fundação Van Gogh, respondeu a carta agradecendo o envio e dizendo terem ficado felizes com a obra. Em um trecho, ele diz: “Vou pedir ao diretor do museu que inclua este livro na biblioteca”.

Tanto a carta quanto alguns quadros da série fazem parte do acervo pessoal de Bracher e, hoje, podem ser vistos pelo público na “Sala Van Gogh”, que faz parte do tour virtual do site Ateliê Casa Bracher As demais obras da série ou foram adquiridas por colecionadores ou passaram a fazer parte do acervo dos museus por onde a exposição passou.

O projeto Ateliê Casa Bracher (www.ateliecasabracher.com) foi lançado em 19 dezembro de 2020, data do aniversário de 80 anos de Carlos Bracher. Pela primeira vez, mais de 150 obras da coleção pessoal do casal de artistas Carlos e Fani Bracher estão disponíveis online, em site, tour virtual e redes sociais. O acervo fica localizado anexo ao casarão onde ambos residem há cinco décadas, em Ouro Preto. Uma série de eventos com a participação dos artistas e de convidados acontecerá no site e nas redes sociais do Ateliê durante este ano.


Tour Virtual

Através de tour virtual no Ateliê Casa Bracher (www.ateliecasabracher.com), o público tem uma visualização em 360° dos ambientes do sobrado colonial, construído há mais de 200 anos, localizado no centro histórico de Ouro Preto (Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade) e pode apreciar, em detalhes, mais de 150 obras do casal, que traçam a trajetória de cada um desde o início da carreira. Ao clicar nas obras, é possível acessar conteúdos variados – fotos, vídeos e textos informativos.

No térreo da casa, estão obras de  Carlos Bracher, artista brasileiro que mais fez mostras individuais fora do país. Foram selecionadas 38 telas representativas de todas as suas fases:  paisagens; retratos (os de Pino Solanas, Affonso Romano de Sant'anna e Leonardo Boff são alguns deles); autorretratos (que vão desde o início da carreira até os mais recentes, feitos durante o confinamento); além de pinturas com motivos marinhos e flores.

Quadro -Trigais em Auvers sur Oise, 1990, 89 x 116 cm. Série Homenagem a Van Gogh. Crédito - Miguel Aun.

O acervo conta ainda com obras representativas de suas renomadas séries temáticas: “Homenagem a Van Gogh” (1990), feita no centenário da morte do pintor holandês com exposições nas Américas, Europa e Ásia; “Do Ouro ao Aço” (1992), sobre a siderurgia em Minas Gerais; “Brasília” (2006/2007), homenagem a Juscelino Kubistchek e Niemeyer; “Petrobras” (2012), uma ótica artística sobre o universo industrial do petróleo; e “Tributo a Aleijadinho” (2014), releitura contemporânea sobre a obra do grande mestre do Barroco em homenagem aos  200 anos de sua morte.

No segundo andar e no subsolo, localizam-se as obras de Fani Bracher das quais 85 delas serão exibidas no tour virtual. São óleos, objetos, mobiliário, panos, bordados, colchas, desenhos, figurinos de teatro, além de suas fases temáticas: “Paisagens”, “Mineração”, “Flores”, “Ossos”, “Pedras” e “Setas”. Também estão os pigmentos in natura usados na série “De Pigmentos e Pedras”, criada durante a pandemia.

Na reserva técnica, estão localizadas mais de 450 obras de Carlos Bracher. O acervo é coordenado pela jornalista e documentarista Blima Bracher, filha do casal, que há uma década se dedica à organização, catalogação e preservação da obra dos artistas. Nesse sentido, o projeto Ateliê Casa Bracher representa não só um canal para a difusão artística como também ferramenta para a continuidade da documentação digital deste valioso arquivo que, pela primeira vez, está sendo disponibilizado na internet.

Ao longo de 2021, o site terá uma programação com atividades artísticas e bate-papos ao vivo, sempre uma vez por mês. Entre os eventos com Carlos Bracher, estão previstos, além da pintura do retrato ao vivo, palestras sobre arte e pintura, exibição dos filmes “Âncoras aos Céus” e “Ouro Preto Olhar Poético” (ambos de Blima Bracher), seguidos de conversa com o pintor. Fani Bracher falará sobre seu processo criativo e como foram feitas as pinturas dos grandes painéis em afresco, com 2km de extensão, em Piau, na Zona da Mata mineira.

Sobre Carlos e Fani Bracher

Mineiro de Juiz de Fora e descendente de suíços, Carlos Bracher nasceem 1940,fruto de uma família de artistas. Autodidata, fez sua primeira exposição na cidade natal em 1960, com seus irmãos Nívea e Décio, também pintores. Em 1964, em temporada de viagens para estudos artísticos com Nívea, Carlos descobre Ouro Preto, cidade que elege para viver e retratar. Com apenas 27 anos, ganha o disputado “Prêmio de Viagem ao Exterior” – concedido pelo Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e considerado láurea máxima a um pintor brasileiro. Casa-se com Fani Bracher e partem juntos para dois anos de residência na Europa. Em viagens de estudos artísticos vão a Lisboa, São Petersburgo e Moscou.

Em 1980, Bracher foi um dos escolhidos para o importante “Prêmio Hilton de Pintura” como um dos artistas que mais se destacaram na década de 70 (ao lado de João Câmara, Siron Franco, Tomie Ohtake e outros). Intitulada “Pintura Sempre” e com curadoria de Olívio Tavares de Araújo, sua primeira retrospectiva ocorreu em 1989, ocupando em temporadas, significativos espaços de cultura em sete capitais do país. Realizou grandes séries de pinturas: “Do Ouro ao Aço”, “Brasília”, “Petrobras” e “Tributo a Aleijadinho”.

Entre 2014, a mostra “Bracher – Pintura & Permanência” percorreu as quatro unidades do CCBB (Rio, São Paulo, Brasília e BH). No CCBB de Belo Horizonte, a mostra bateu recorde de público de um artista nacional, recebendo ao todo quase 600 mil visitantes. A exposição foi contemplada com Destaque Especial no Prêmio Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) – 2015. Sobre seu trabalho já foram publicados sete livros e realizados dezenas de filmes e documentários. Bracher é um dos artistas brasileiros mais citados em publicações de pintura no país.

Fani Bracher nasceu na Fazenda Experimental em Coronel Pacheco, Minas Gerais. Graduada em jornalismo pela UFJF. Em 1968 casa-se com o artista Carlos Bracher e juntos viajam para a Europa, onde residem por dois anos. Em Portugal, fez cursos de história da arte com os críticos José Augusto França e Mário Gonçalves. Frequentou o atelier do pintor Almada Negreiros. Na cidade do Porto, conheceu a obra de Amadeu de Souza Cardoso. Depois de Portugal, partiu em viagem de estudos pelos Museus da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, Alemanha, Holanda, Bélgica e Inglaterra.

Fixou residência em Paris de agosto de 1969 a dezembro de 1970. Ainda na capital francesa, participou ativamente do "Centro de Artes para estudantes e artistas americanos". De volta ao Brasil, estabeleceu-se em Ouro Preto, onde começa a pintar em 1973. A partir desta data, participou de várias exposições em museus, centros culturais e galerias de arte no Brasil e no Japão. Realizou 30 exposições individuais em cidades brasileiras e também no Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Guiana Francesa, Jamaica e França. Sobre sua obra escreveram vários críticos, como Celma Alvim, Rubem Braga, Wilson Coutinho, Roberto Pontual, George Racs, Ferreira Gullar, Flávio de Aquino, Walmir Ayala, Walter Sebastião, Marcelo Castilho Avellar, Frederico Moraes e Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.

Ganhou 14 prêmios de pintura e tem seus trabalhos incluídos em 34 livros de arte. O livro “Fani Bracher”, de Frederico e Ronald Polito (editora Salamandra Consultoria e Editora SA) obteve o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o V Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, como “Melhor Livro de Arte”.  Tem ainda publicado o livro “Fani Bracher”,  (C/Arte Editora), de autoria de José Alberto Pinho Neves.

FICHA TÉCNICA ATELIÊ CASA BRACHER

Artistas:
Carlos Bracher
Fani Bracher
Coordenação Geral: 
Larissa Bracher
Sergio Saboya
Silvio Batistela
Coordenação ACB, pesquisa, arquivo, acervo, curadoria, vídeos, produção executiva de eventos e textos do site:
Blima Bracher

Assessoria de Imprensa: 
Paula Catunda
Fernanda Lacombe
Tour Virtual Hipermídia:
Ricardo Macedo e Cristiane Macedo
Coordenação site e tour virtual:
Carlos Chapéu
Sound designer e trilha sonora:
Marcello H .
Tradução:
Aline Casagrande (inglês e espanhol)
Roberta Arantes (inglês)
Social media:
THD Digital
Coordenação financeira e administrativa:
Letícia Nápole
Contabilidade:
Contabilidade Teixeira e Carvalho CTC
Anúncios publicitários:
Nea Palma Comunicações
Teasers dos eventos:
André Sutton
Fotos: Acervo pessoal, Blima Bracher, Edmar Luciano, Ricardo Correia de Araujo, Larissa Bracher, Rômulo Fialdini, Miguel Aun, Pollyanna Assis, Pirex, Dimas Guedes, Zélia Gattai, Eduardo Tropia, Sérgio Pereira Silva, Sérgio Bara.

Ateliê Casa Bracher
www.ateliecasabracher.com
Dia 30 de março (terça), às 19h. Gratuito
Evento: Bracher/Van Gogh
Exibição do documentário “Bracher/Van Gogh”, direção Rodolfo Magalhães. Duração: 23 min. Classificação: Livre.
Bate-papo com artista Carlos Bracher.
Mediação: Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Transmissão nos canais do Ateliê Casa Bracher:
Instagram e Facebook: @ateliecasabracher | YouTube: bit.ly/ateliecasabracher

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