Chegamos ao último dia do mês de setembro, este ano denominado “Setembro amarelo” em alusão ao mês de prevenção ao suicídio.
Iniciativa importantíssima e de muita repercussão, com várias atividades e apoio da mídia, de entidades e pessoas comuns, pois este assunto merece a atenção de todos. Vários eventos foram realizados, todos de extrema importância.
Mas o que precisamos agora é que, mesmo com o término de setembro, o amarelo continue. A exemplo da propaganda do Instituto PROTEA que diz “todo mês é outubro rosa”, referindo-se ao mês dedicado à prevenção ao câncer do mama, que todo mês também seja setembro amarelo. Que a campanha e nossas atitudes de prevenção continuem o ano inteiro, e os próximos anos também.
Não tenho os números, mas estatísticas mostram que a grande maioria dos suicídios ocorrem motivados pela doença depressão. Campanhas inclusive falam disto. A depressão é uma doença silenciosa, que não escolhe idade, classe social ou condição cultural, ela está por aí, rondando, e qualquer pessoa pode se tornar uma vítima. É preciso estarmos atentos aos sinais, pois pode acontecer mais perto do que imaginamos, com um amigo, um vizinho, um parente.
Depressão tem cura, e diagnosticada e tratada a tempo, pode, sim, impedir que a pessoa chegue ao limite da dor, que leva ao suicídio. Não julguemos, tenhamos uma palavra de apoio, um abraço, tenhamos tempo para dar atenção e mostrar à pessoa que ela não está só. Jamais digamos a um depressivo frases como “falta de Deus”, “não tem motivo para estar assim” e outras coisas que costumamos ler ou ouvir por aí. A pessoa está doente e precisa de tratamento. Não somos seres isolados, somos um todo entre físico, mental e espiritual. Devemos oferecer a ajuda que pudermos, mas jamais julgarmos e muito menos condenarmos. Quem somos nós? Que direito temos? Trata-se, repito, de uma doença, que pode atingir a qualquer um.
Não sou médica nem especialista, mas infelizmente, com muita dor no coração, perdi amigos para esta doença e acompanhei de perto a dor dos familiares. Também infelizmente, ela está atingindo faixas etárias cada vez mais baixas. Nossos jovens precisam de ajuda. Não de um mês, sem desmerecer o excelente trabalho feito, mas diuturnamente. Ao primeiro sinal, à primeira suspeita, atitudes precisam serem tomadas.
Não, a doença não escolhe idade e quando chega, é muito cruel. O doente não precisa de críticas e sim de ajuda. Ajuda clínica, com medicamentos, mental, com terapia e espiritual, independente da religião que processe. Cada especialista ajuda em sua área, mas antes disso, para chegar ao tratamento, é necessário entendimento daqueles que convivem com o doente. Seja motivado pela depressão ou outra razão, o suicida precisa de ajuda, e às vezes o simples entendimento de sua situação pode ajudar.
O mundo está difícil. Intolerante. Cruel. Isto afeta a todos. Tentemos, dentro de nossas limitações, observar os sinais daqueles que estejam mais vulneráveis, e façamos o que pudermos para ajudar.
Suicídio é o limite da dor. Todos nós podemos, de alguma forma, ajudar a diminuir a dor do outro. Vamos continuar fazendo isto, cada um dentro de suas possibilidades. Acabou setembro. Que nossa preocupação e solidariedade não acabe. Continuemos amarelos, lutando como pudermos para que a dor do outro não chegue ao seu limite.
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