O texto a seguir foi escrito há 13 anos, mas sempre que o leio, parece que o escrevi ontem. Devido à recente volta “dele” a Ouro Preto, então, tornou-se atualíssimo. Como a história tem 13 anos e na época pouquíssimo se sabia sobre internet, vários amigos feitos e encontrados neste período não conhecem a sua plenitude. E como sonho não tem idade, vale relembrar. A foto também é de 2000, mas a felicidade que transmite continua mais atual do que nunca. E ele não é nascido em Brasília, mas em São João Del Rey. Agora já sei. Como é bom ser feliz! SEMPRE UM SONHO Valdete Braga Quando ouvi pela primeira vez a primeira música dele, eu entendi. Havia alguma coisa mística, simbiótica, naquele jovem brasiliense que tocava aquele violão e cantava aquela música. Não me lembro mais de qual música era, mas, por incrível que pareça, as reações que ela me despertaram ficaram gravadas em minha mente e em meu coração. Como um sonho. Eu não era simplesmente uma fã ardorosa, “tiete” como tantas, para tantos artistas. Havia algo de especial naquele rapaz e nas coisas que ele dizia. Como se ele se dirigisse a mim. Especificamente. Musicalizando os MEUS sentimentos, independente de cada pessoa que ouvisse, pelo país a fora. Então, criei o meu sonho: Um dia, em Brasília, alguma força, ou energia, ou qualquer outro nome que se queira dar, desceu do espaço e envolveu um menino. Porque o escolheu, eu não sei. O menino cresceu, transformou-se em homem, virou artista e mudou-se para o Rio de Janeiro. Gravou discos e ficou famoso, conheceu lindas mulheres, casou, descasou, tornou a casar-se e descasar-se, sei lá. Enquanto isso, em uma cidade entre as montanhas, no interior de Minas Gerais, pelas vias normais e absolutamente terrena, nasci eu. Criança idêntica a todas as crianças, sem nada de especial, eu também crescia e seguia o meu caminho. E desde então ele sempre vinha em meus sonhos, através de sua música. Amigos riam de mim quando eu dizia, mas eu sabia, com uma certeza impossível de provar, vinda do meu misticismo: Oswaldo Montenegro trazia consigo a força intergaláctica que me faria encontrá-lo, um dia. Ele era o meu ET, predestinado a fazer contato comigo através da música. Mesmo que eu não conhecesse o homem que cantava, a energia emanada pela som era minha velha conhecida, pois havia uma simbiose dela com a minha própria energia. Um dia, em início de carreira, sabendo que em algum lugar deste país eu ouviria, ele reclamou comigo: “as rádios não gostam de mim”. Depois, quando adolescente eu passava pela inevitável crise da não aceitação do próprio corpo, ele contou-me a história da bailarina gorda que “sonhava com mil saltos mortais, mas os dedos do destino a desenharam gorda demais”. Mais tarde, quando o grande amor da minha vida partiu, ele escreveu os sentimentos que eu transformei em cartão para o meu amor. “Onde vá, vá para ser estrela, e onde quer que eu esteja, sempre terei o teu brilho”. E assim fomos seguindo. Mesmo sem conhecer-me, ele lia os sentimentos dentro de mim e os musicalizava. Era a minha energia que fluía dos lábios dele, não importando que ele tivesse ao seu lado todas as tietes e fãs deste Brasil. À medida que vieram a Universidade, o trabalho e a vida adulta, fui parando de falar sobre isto. Parentes e amigos iam achar ridículo. Mas dentro de meu coração eu dizia para mim mesma que não existe sonho ridículo. Continuei sonhando: O ET vinha, sondava a minha mente e colocava o que encontrava nela na mente do Oswaldo Montenegro. E a cada novo disco ou peça teatral, lá estava eu, sem ninguém saber, em uma, ou duas, ou três músicas que foram sugadas em minha mente pelo nosso ET protetor. Sempre havia algum recado para mim e eu sempre os recebia. Tempo passando, eu crescendo e sonhando. Até a realização do sonho no ano 2000, como mostra a foto. O livro nas mãos dele chama-se “Sempre um sonho” e conta a nossa história. Ao terminar de ler, recebi este beijo no rosto e o comentário “que texto lindo!”. Precisa mais pra ser feliz? Daí pra cá foi só alegria. Até hoje, Festival de Inverno de 2013, em algumas fotos, diga-se de passagem, discretíssimas , de mais um encontro. Com o advento da internet, as coisas se espalham muito mais rapidamente. Inclusive a minha felicidade. Amigos e desafetos (inimigos eu me recuso a ter) sonhem, sonhem, sonhem! E sejam todos felizes como eu. Valdete Braga
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