Por coincidência ou ironia do destino, a pandemia do coronavirus, no Brasil, aconteceu no ano de eleições municipais.
Começam a surgir as pré candidaturas e, junto com elas, as campanhas eleitorais, nas mais diferentes formas. De debates ideológicos a agressões gratuitas, brigas pela internet e questões pessoais travestidas de “opinião”, vemos de tudo. As redes sociais “bombam” entre grupos a favor e contra, banalizando algo tão sério como uma pandemia.
Uso ou não uso de máscaras, abertura ou não do comércio, organização ou não de barreiras sanitárias, etc, viraram discussões políticas e não de saúde pública. Perdida, a população se vê entre a cruz e a espada, sem saber em quem acreditar, sem uma definição confiável do que é verdade e do que é jogado ao vento, com segundas intenções.
A internet, que já ocupava lugar importante em campanhas anteriores, este ano tornou-se fundamental, devido, exatamente, ao momento que vivemos, onde tudo se virtualiza, em conseqüência do isolamento social. Vemos muitos canais de informação sérios, vemos também opiniões sérias, cabos eleitorais de A, B ou C, em seus inegáveis direitos de se manifestarem. Mas, como tudo tem dois lados, existem aqueles que querem apenas falar, ou escrever, sem o mínimo de embasamento. São os que não entenderam ainda que a sua liberdade de expressão não lhe dá o direito a agressões. A diferença entre estes dois é enorme, expressar-se é um direito, agredir é próprio de quem não tem argumentos.
Até hoje, mesmo com tantos exemplos do contrário, ainda há quem acredite que internet é terra sem lei. Ah, já se foi o tempo! Cada um pode, sim, falar o que quiser, mas todos somos responsáveis pelo que falamos, seja no mundo real ou no virtual, e isto não apenas no quesito eleições, mas para tudo na vida.
Com relação à questão das eleições, há dois grupos distintos: o “a favor” e o “contra”. Quem é a favor é a favor de tudo, e quem é contra é contra tudo, independente do que seja, mesmo que se trate do cuidado com a vida. Então, se o uso de máscaras é obrigatório e a pessoa é a favor do governo, as máscaras salvam vidas, se por outro lado a pessoa é contra, o uso delas é uma bobagem. Se fosse o contrário e o uso não fosse obrigatório, o grupo a favor ia achar que não precisa e o grupo contra ia achar indispensável. E assim está acontecendo para tudo, no tocante à pandemia. As máscaras são apenas um exemplo.
Por incrível que pareça, já vi quem dissesse que o vírus é invenção de determinada emissora de televisão, com o intuito de “derrubar o presidente”. Nossa, que emissora poderosa e que presidente importantes são estes, a ponto de se “inventar” um vírus e enganar o mundo inteiro? O Covid 19 não é prerrogativa do Brasil, pelo amor de Deus! O que vivemos não é chamado de pandemia à toa. E essa mentalidade para o macro acaba afetando o micro. A “guerra” travada em âmbito nacional atinge o municipal, à medida que se aproximam as campanhas.
Isto tudo é muito triste, porque tira o foco do verdadeiro inimigo, que é este vírus que não tem partidarismo nem interesses pessoais, e pode atingir qualquer um de nós. Em um momento tão crucial, quando chegamos, em nossa cidade, a mais de uma centena de infectados, é inadmissível que alguns, em detrimento de muitos, ainda insistam em politizar cuidados contra uma doença que já provou de todas as formas que não é “invenção”, mas uma realidade contra a qual deveríamos lutar juntos, que deveria nos unir e não nos dividir. O vírus não sabe que é ano eleitoral.
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