As fortes chuvas que caíram na região nos últimos dias deixaram a todos assustados. Casas foram alagadas, famílias ficaram desabrigadas, uma verdadeira tragédia.
Felizmente não houve vítimas fatais, as perdas foram grandes, mas materiais, e mais uma vez a solidariedade do nosso povo ficou nítida, nas ações rápidas de socorro às vítimas.
Tudo muito triste, mas não é justo culparmos a natureza, com frases como “a chuva fez muito estrago”, e tantas outras no mesmo sentido.
Não, a chuva não faz estrago, por si só. A água vem abençoada dos céus, sem saber o que vai encontrar ao chegar à terra. Chega aqui e se depara com o meio ambiente degradado por queimadas, desmatamentos, etc, tudo feito pelas mãos do homem. Em meio a esta realidade, ela apenas segue o seu curso natural.
As áreas afetadas foram os distritos de Cachoeira do Campo e Amarantina, mas o risco é iminente a todos. Muito preocupante também as nossas encostas, já tivemos tragédias em época de chuvas fortes, e quando ela cai todos ficamos apreensivos.
O medo de desmoronamentos nos ronda, e pela topografia de nossa cidade, o risco é muito grande. A ocupação das encostas já foi tema de inúmeras discussões, mas até hoje ficamos apenas nas discussões, sem que algo seja feito efetivamente, por órgãos capacitados para tal.
As pessoas precisam morar, e quem construiu a sua casinha com dificuldades que só a pessoa sabe, não sai dela facilmente, prefere correr o risco, que pode custar a sua vida. O erro vem de longe, da falta de uma política pública eficiente.
Ouro Preto é uma cidade difícil para se morar, difícil e muito cara. Alugar casa no centro é simplesmente impossível para o cidadão comum, e ele procura onde pode, seja para alugar ou construir, o que fez nossos bairros e distritos crescerem muito. A cidade vai muito além do que os turistas veem, com uma população que é tão ouro-pretana quanto os moradores das residências que os encantam.
Nossos bairros e distritos também fazem a cidade, também “são” a cidade, e quando são atingidos como foram estes dias, a cidade inteira é atingida. E somos alertados, mais uma vez, para o risco, que é também de todos.
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