“Nossos amigos de quatro patas”, por Valdete Braga

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 14/08/2017, 15:31 - Atualizado em 22/02/2021, 15:28
Há pessoas que têm total convicção e defendem que os cães não têm sentimentos. Justificam o amor incondicional desses serzinhos de Deus como “instinto”. Como chamar de instinto um cãozinho que se deita no túmulo do falecido dono e ali fica sem aceitar água ou comida, querendo morrer também? Como pode ser instinto o animal, seja um cão ou outro qualquer, que quando o dono chega de viagem quase enlouquece de alegria, correndo de um lado para o outro, abanando o rabinho, demonstrando, como sabe, a saudade que sentiu? Ou mesmo suas reações do dia a dia, quando chegamos do trabalho e vêem correndo ao nosso encontro, ou ficam amuados quando nos vêem pegando a bolsa para sair? Animais são filhos de Deus, que ainda não atingiram o nosso grau de evolução espiritual (embora alguns pareçam mais espiritualizados do que muitos humanos que vemos por aí). Merecem nosso respeito, carinho e cuidados. Não sabem se cuidar, só atacam para se defender e muitos são vítimas dos próprios donos, que maltratam, batem, alguns matam. Ninguém é obrigado a ter um animal, seja ele um cachorro, gato, pássaro (fora de gaiola, pelo amor de Deus) ou um peixinho, que seja. Mas quem escolhe ter, tem por obrigação cuidar, e cuidar bem. Entenda-se que cuidar vai muito além de dar água e comida. Eles precisam de atenção, carinho e amor. O mesmo amor que nos dão incondicionalmente e é muito mais do que “instinto”. Seja de raça ou vira-lata, seja pequeno ou grande, tenha pedigree ou tenha sido encontrado na rua, não importa. São seres vivos, sentem frio, calor, fome, sede, dor. São filhos de Deus, como nós. E estão sob nossa responsabilidade. Temos obrigação de tratar bem. Obviamente, há exageros. Lembro-me, há algum tempo, de ter visto na televisão uma socialite cujo nome não me lembro, ter feito uma festa de aniversário para a sua cachorrinha, para 200 convidados, com bolo de ração, salão de festa e bufê. Havia o bufê para os donos, com direito a champanhe e seus derivados e o bufê canino, com “petiscos” feitos de ração. Já faz um tempo que vi esta reportagem, mas nunca me esqueci, exatamente pelo exagero. Aí é demais, é extrapolar em nome da excentricidade. Não precisa ser tão esdrúxulo, mas dentro do limite, tudo o que pudermos fazer por eles devemos fazer. São nossos companheiros, amigos que tudo dão sem pedir nada em troca, nos fazem companhia, nos amam mais do que muitos humanos são capazes de amar, e quando partem... ah, quando partem, como sofremos! Que falta nos fazem, e como dói perdê-los! Os que não acreditam em seus sentimentos acham muito fácil. Morreu? Arruma outro. Não entendem que não é assim, cada um é um, não são substituíveis. Com o tempo podemos conseguir outro, sim, quem gosta de animal não fica sem. Mas é preciso primeiro passar a dor da perda. A vida segue, mas é preciso um tempo, porque dói muito. Tanto eles se apegam a nós como nós nos apegamos a eles. E isto não é instinto. É amor.  

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