‘Não viemos a turismo’: crônica inédita de Valdete Braga para o JVA
“Não nascemos por acaso. Ninguém vem fazer turismo no planeta Terra, se aqui estamos neste tempo e lugar é porque aqui devemos estar”, escreve Valdete Braga. Leia a íntegra da crônica publicada hoje (21/03).
Não nascemos por acaso. Ninguém vem fazer turismo no planeta Terra, se aqui estamos neste tempo e lugar é porque aqui devemos estar. Precisamos e aceitamos vir para aprendermos alguma coisa, independentemente do que seja.
Chegamos aqui e nos esquecemos, pensamos que viemos para ter dinheiro, luxo, poder, e crescemos sonhando com isto. Passamos a lutar pelo que não precisamos e nos esquecemos do que realmente importa. Na ânsia de alcançarmos nossos objetivos materiais, seguimos destruindo nossa casa maior, o planeta que escolhemos habitar.
O ser humano destrói a fauna e a flora sem pestanejar, em busca de um pseudo conforto que na verdade não lhe faria falta se voltasse os seus olhos para outros valores.
É lícito querermos uma vida confortável, e feliz daquele que a consegue por merecimento, com o suor do seu trabalho, sem pisar em ninguém ou apelar para práticas desonestas. O homem que batalha e vence é digno de admiração e respeito, porque enquanto estamos aqui precisamos de uma certa comodidade, até mesmo para cumprirmos nossa missão com tranquilidade.
Engana-se quem pensa que o conforto material não é algo correto; o que não é correto é a forma como alguns lidam com este conforto. Em um mundo tão desigual, o erro está em se utilizar do que se tem apenas para sua própria comodidade, ignorando os menos favorecidos. Importante também é a forma como esta comodidade foi adquirida. Se com honestidade, respeito ao próximo e ética, a pessoa só tem do que se orgulhar. Se, pelo contrário, foi conseguida através de meios ilícitos, mais cedo ou mais tarde, terá de prestar contas.
Quando aqui chegamos, temos uma programação para a nossa própria evolução e ninguém evolui no egoísmo e materialidade desenfreada. Precisamos saber equilibrar o conforto necessário e merecido com o respeito ao nosso “eu” interior, que também precisa ser cuidado.
Precisamos entender também que além da responsabilidade conosco, temos responsabilidade com o planeta que decidimos habitar. Ao destruirmos o meio ambiente, estamos igualmente nos destruindo, e assim perdemos o objetivo de nosso comparecimento aqui.
Queremos sempre uma casa maior, um carro mais novo, roupas melhores, escolas mais caras para os nossos filhos, empregos com maiores salários, e para isto não medimos esforços. O homem, tido como racional, é o único da espécie que destrói para construir, e o planeta escolhido para sua evolução tem se tornado sua grande vítima.
Tudo está interligado, da nossa chegada à nossa partida, e é o que fazemos neste intervalo que vai nos definir.
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