Um dos assuntos mais discutidos, e com razão, nos meios de comunicação, é o mundo violento em que vivemos. Assunto que está sempre em pauta porque, infelizmente, por mais que se lute contra, parece que a violência aumenta a cada dia. Quando falamos em violência, automaticamente nos reportamos a atos extremos, como violência doméstica, assassinatos, espancamentos, estupros, crimes de ódio. O ser humano está se desumanizando tanto, que não é raro vermos em jornais, TV, internet, barbáries que chegamos a ter dificuldade em acreditar que foram cometidas por alguém dito humano. Eu, pelo menos, tenho esta dificuldade. Hoje ouvi um comentário, feito por uma jovem, que me fez pensar que, talvez justamente pelo crescimento destas barbáries, estamos começando a confundir as coisas. Diante de tanta crueldade no dia a dia, passamos a banalizar um outro tipo de violência. A agressividade gratuita, muitas vezes, contra nós mesmos. As pessoas cometem atos agressivos e contam como se fosse vantagem. Justificam “eu perdi a cabeça”, “eu fiquei nervoso”, e saem esmurrando paredes, chutando portas, e isto não é mais considerado violência. Passaram a ser “atitudes nervosas”. O caso da jovem é um exemplo clássico e com toda certeza não é o único. Ela comentava que estava sem celular e justificava porque, com a maior naturalidade. “Meu aparelho estava uma b...., não conseguia falar com ninguém, fiquei nervosa e joguei ele longe, de tanta raiva”. Com certeza não foi ela quem comprou o aparelho. Papai ou mamãe devem ter dado ou ganhou de presente de alguém. Se ela soubesse o custo, possivelmente não faria isto. Ou talvez fizesse, é difícil saber, quando a “nervosia” justifica tudo. Moral da história: continuou sem falar com quem queria e perdeu o celular. Ou terá de pagar o conserto, dependendo da força que a “raiva” dela colocou no lançamento do aparelho. Santa ignorância! Passamos a definir esse tipo de atitude insana (cada vez mais comum, diga-se de passagem) como atos de rebeldia, raiva, como ela mesma definiu, e estamos começando a esquecer que isto também é violência. Obviamente, não comparável com crimes bárbaros, outro tipo de violência, mas violência sim. E o mais triste nesta história é que o próprio autor se vangloria da violência cometida, sem noção de sua agressividade e falta de civilidade. Para o autor, como no caso da moça do celular, parece que é bonito, ele conta se auto elogiando, mostrando aos amigos do que é capaz quando está “nervosa”. Precisamos repensar estes atos de “nervosismo” e deixarmos de achar normal. Ainda que com uma conseqüência mínima, toda violência precisa ser evitada. Quem sabe, se começarmos evitando os atos mínimos, não conseguiremos chegar aos maiores?
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