Leia “Uma frase infeliz”, por Valdete Braga

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Por Valdete Braga Publicado em 25/08/2022, 16:31 - Atualizado em 25/08/2022, 16:31
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Valdete Braga / Arquivo pessoal. Siga no Google News

Quando um cabo eleitoral pede votos para o seu candidato sob o argumento de que “ele já é rico, não vai precisar roubar”, alguma coisa está muito errada, talvez não no candidato ou no cabo eleitoral, mas em nós, eleitores.

Aceitar este tipo de argumento significa endossar que outros candidatos “vão roubar”, e, pior do que isto, significa aceitar que esta é uma prática normal, por “não serem ricos”. Se elegermos alguém, seja quem for, sob este argumento, estaremos compactuando com o que precisa ser exceção e não regra.

É público e notório que muitos são os casos de corrupção dentro de nosso cenário político, em todas as instâncias. Não deveria ser assim e cabe ao eleitorado mudar este triste cenário, e uma das motivações para isto é não cultivarmos esta mentalidade, que acredita que devemos eleger “ricos” porque “não vão roubar”.

Na outra ponta deste pensamento está outro, o de que “os que não são ricos” necessariamente “vão roubar”. Onde fica, dentro desta mentalidade, as ideias do candidato? Seus projetos? Sua ética? Sua maneira de enxergar o cargo que está pleiteando e o que poderia fazer, estando nele, pela população? Só “não roubar” é o suficiente?

Claro que não. “Não roubar” não é virtude, é o mínimo que todos nós, políticos ou não, temos que ter em mente sempre. Não pode ser visto desta maneira, como argumento para se eleger alguém. Ouvir este tipo de coisa com as eleições batendo à porta chega a ser surreal.

Pensar assim também é injusto para com os políticos honestos, que existem, sim, em nosso país. Com dinheiro ou não, nem todos são corruptos, e se analisarmos cuidadosamente, existem opções que vão muito além disto. O próprio candidato do cabo eleitoral em questão com certeza deve ter muitos outros argumentos para a sua campanha do que esta frase infeliz.

Frases como esta demonstram mais o pensamento do eleitor do que do candidato. Estamos tão acostumados com o modelo desonesto que passamos a achar o erro normal e nos esquecemos que ainda existem pessoas corretas, que a honestidade não acabou, e colocamos todos em um mesmo cesto.

Que nestas próximas eleições, saibamos eleger bons candidatos, independentemente de sua condição financeira, porque existem pessoas honestas e desonestas em todas as camadas da sociedade. Não se trata de “não precisar” roubar, como foi dito, e sim de “não querer”. O bom candidato, qualquer que seja a sua situação financeira, não quer roubar, nem mentir, nem iludir. O bom candidato, como o bom cidadão fora da política, não comete atos ilícitos porque isto não faz parte de sua índole.

Eles existem, assim como existem os opostos. Cabe a nós, votantes, estudarmos, analisarmos e escolhermos o que desejamos para o nosso país.

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