Valdete Braga Ao entrar na internet, deparei-me com uma notícia tão estarrecedora que precisei ler duas vezes para acreditar. Um gato foi encontrado esquartejado na região da Barra, em Ouro Preto. A matéria, publicada pelo jornal Voz Ativa, logo se espalhou por várias redes sociais, causando, logicamente, indignação a todos. Quando nos deparamos com uma notícia destas, a primeira reação é não acreditar. Deve ser algum engano, alguma notícia truncada, a gente se apega a qualquer coisa, na esperança de que não seja verdade. É difícil acreditar que algum ser dito humano seja capaz de tamanha crueldade com outro ser, com certeza mais humano do que ele, indefeso e que não faz mal a ninguém. Que mundo é esse? A que ponto pode chegar a maldade humana? Eu sempre amei e amo escrever. Comecei muito jovem, em uma época em que não existia internet ou redes sociais e ninguém falava em mundo virtual. Os jornais eram impressos e raros, e por isso mesmo a concorrência era muito maior do que hoje, onde a mídia virtual está aí, graças a Deus, dando espaço a tanto talento e gente boa que pode abrir um blog, ou escrever em sua própria página, valorizando, com a facilidade que a tecnologia oferece, o mundo literário e jornalístico. Quando iniciei, pouco mais do que adolescente que era na época, ainda em jornais escolares, era tudo muito mais difícil, e foi este amor que me fez conseguir estar aqui até hoje. Escrever é a minha essência e lá se vão anos e anos na profissão. Porém, atualmente, começo a me sentir desanimada. Sinto vontade, com muita tristeza, de dar um tempo, arejar a cabeça, voltar no tempo... ah, se pudéssemos voltar no tempo... Parar não vou nunca, está no sangue. Mas eu quero escrever coisas boas, pelo amor de Deus! Também está no sangue. Quando me vejo escrevendo uma crônica sobre um animalzinho que foi esquartejado e penso no seu sofrimento, sinto um desânimo tão grande, uma descrença tão assustadora na humanidade, que fica claro o quanto o mundo mudou em tão pouco tempo. Lembro-me de tanta crônica alto astral que já escrevi, tanta positividade que já me inspirou e fico triste em constatar que à medida que o tempo passa estas energias ficam cada vez mais raras. E aí eu me pergunto: não deveria ser o contrário? Não estamos neste mundo para evoluirmos, para crescermos intelectual e espiritualmente? Então porque o mundo está como está? Existe alguma coisa muito errada aí. Só sei escrever o que está dentro da minha alma, e diante de uma barbárie dessas, minha alma sangra. Como ser positiva? Obviamente, o mundo nunca foi um mar de rosas. Problemas sempre existiram e continuarão existindo em qualquer época. Casos isolados de barbárie sempre existiram também. Mas eram isso, isolados. E como minhas crônicas nunca foram inspiradas em casos isolados, era muito mais fácil falar de coisas positivas. Era muito mais fácil rir do que chorar, escrever sobre coisas boas do que ruins, viver sem medo do que com medo. Atualmente os papéis se inverteram, e o mal não pode vencer o bem. Quem faz isto com um gato hoje, fará com um ser humano amanhã, e fará sem a menor dor de consciência. Esta ou estas pessoas precisam ser procuradas, investigadas e, se provada a culpa, punidas. Como bem diz a matéria do jornal, o que fizeram é crime, e crimes devem ser punidos de acordo com a lei.
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