por Valdete Braga No mundo do politicamente correto, às vezes fica difícil falar sobre certos assuntos. Atualmente qualquer um com um celular na mão e uma idéia na cabeça (seja ela qual for) se transforma em jornalista, repórter, fotógrafo, escritor, filósofo, conselheiro sentimental, crítico de arte, crítico literário, analista político, etc, etc, etc. Pior: com todas estas qualidades, a pessoa se torna (só na cabeça dela, é claro) “formador de opinião”. Salvo raríssimas exceções, ninguém não está nem aí, mas o “artista”, com seu smartphone de última geração, acha que está abafando. Quando digo “qualquer um”, não se trata de sentido pejorativo, de jeito nenhum. Falo no sentido de qualquer pessoa, independente de sua responsabilidade, índole ou caráter. Neste “qualquer pessoa” encontra-se de tudo. Gente que ajuda, que faz um trabalho super positivo, seja de informação, cultura ou lazer, e gente que quer seus quinze minutos de fama a qualquer preço. É a estes que me refiro. Gente que, por ignorância ou má fé, sempre dá um jeitinho de distorcer um comentário ali, ridicularizar uma foto acolá; cuja intenção é “causar”, sem a menor preocupação com ética ou respeito. Estão diminuindo, graças a Deus. É sempre assim com pessoas mal intencionadas. Elas até conseguem, por um certo tempo, mas este tempo está ficando mais curto a cada dia. Vemos muita gente, movimentos, grupos, sérios. Mas aparece cada coisa também... neste dia internacional da mulher podemos tirar vários exemplos. Muito legal a movimentação de grupos de mulheres por todo o país, com atividades necessárias e importantes, que ajudam a tantas de nós. Trabalhos voluntários, mães de família que encontram um tempo para ajudar e conscientizar as mais necessitadas, jovens engajadas em grupos estudantis, e tantas outras, que não caberia aqui citar todas. Não apenas no Dia da Mulher, que como várias já disseram, são todos os dias, mas durante o ano inteiro, durante a vida inteira. O que incomoda, nestes movimentos, que são legítimos e necessários, são certos exageros, vindos do fanatismo de uma minoria, que, em busca dos quinze (às vezes menos) minutos de fama, extrapolam e atrapalham a grande maioria que luta, e luta bravamente, pelas conscientização e mudanças que precisam acontecer urgentemente no Brasil e no mundo. Vivemos em um país machista e a nossa sociedade é machista, sim. E nós, mulheres, anônimas ou famosas, na maior rede de televisão do país ou dentro de nossas casas, casadas ou solteiras, jovens, adultas ou idosas, precisamos nos unir nesta causa, isso é óbvio. Assisti em um programa de TV que 12 mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Estarrecida com os números, fui pesquisar, e a última pesquisa que encontrei, de outubro de 2017 (cinco meses atrás) confirma este dado. Dá vontade de chorar. E é exatamente por este ser um assunto tão sério, que assusta a forma como vem crescendo a banalização da palavra machismo. O machismo é uma das formas mais abomináveis de preconceito, assim como a homofobia, e outros. É abominável, é assustador, é crime, inclusive. Precisa ser visto e tratado com a devida seriedade, tanto por mulheres como por homens. Não pode ser banalizado, exatamente em respeito aos movimentos sérios e também a tantas mulheres que lutam diuturnamente sozinhas contra esta prática vil. Muitas sofrem agressões por isto, muitas morrem por isto. É muito sério. Indigna-me, como mulher e ser humano, ver esta minoria para a qual tudo é machismo. Calma, gente! Não generalizemos e principalmente não criemos um “fanaticismo” em cima do assunto. Não é porque o rapaz pediu à moça educadamente para diminuir o tom de voz porque ela estava falando muito alto dentro do cinema, no meio do filme, que ele é machista. Nem o marido que comentou com a esposa, também educadamente e sem intenção de ofender, que a carne do almoço ficou um pouco salgada, que isso caracteriza machismo. Para a minoria fanática, sim. Talvez para algumas, e eu disse algumas, o simples fato de eu estar escrevendo isto, me torne machista também. Não, gente! Mil vezes não. A coisa está tão exagerada (repetindo até cansar, que para uma minoria) que não duvido que alguém pertencente a esta minoria que leia este parágrafo, vá dizer: “que machista, só a esposa que pode cozinhar?” Já vou avisando que não, que o exemplo não tem nada a ver com “lugar de mulher é na cozinha” e que conheço homens que cozinham, e muito bem. Respeito e admiro muito os movimentos feministas e as mulheres feministas individualmente, também sérias. Mas não é porque sou mulher que preciso achar todos os homens do mundo machistas. Nem que se um homem olhar torto para mim ou me der uma má resposta, vou chamá-lo de machista. Vou chamar de sem educação e responder à altura, isso sim. Já se ele me tratar mal pelo fato de eu ser mulher, aí a conversa é outra, é machismo. Mas é preciso sensatez para saber discernir os fatos. Gostar ou não de mim, me achar feia ou bonita, gorda ou magra, inteligente ou burra, é opinião dele que não vai mudar em nada a minha vida. Se entrarmos nessa de banalizarmos algo tão sério a ponto de acharmos que toda atitude vinda de um homem é machismo, vamos atrapalhar o pouco que conseguimos conquistar até hoje. Não é isso que ninguém quer. Queremos igualdade, respeito e reconhecimento justo. Não misturemos as coisas, pelo Bem maior.
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