Leia “Eu, hem?”, na coluna Valdete Braga

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 08/12/2017, 12:57 - Atualizado em 22/02/2021, 15:28
Ouvir conversa dos outros é falta de educação, mas quando a conversa é em público e em um tom de voz audível a todos os presentes, não seria eu a tapar os ouvidos. Principalmente pelo tema, prá lá de surreal. “- Minha mãe me deixou dormir na sua casa, vou levar meu celular. Eu voto no meu e você vota no seu. - Legal. Vamos votar a madrugada inteira. É Marcos campeão” E assim seguiu-se o diálogo entre as duas adolescentes, no ponto de ônibus. Creio que alguns sabiam do que falavam, outros não. No meu caso, eu sabia pela metade. Não gosto de reallity show e acho a tal da Fazenda um dos programas mais desestimulantes que já inventaram (consegue vencer até o Big Brother, em termos de baixaria e mau exemplo). Mas também não vou dizer que não sei do que se trata. Não assisto, mas vejo chamadas entre um programa e outro, leio alguma coisa na internet, etc. Dizer que conheço todos os participantes seria mentira, e nem quero conhecer, mas sempre se vê um comentário aqui, outro ali, principalmente sobre os mais polêmicos. Não participo do extremismo de “não vejo nada na Globo” ou “não vejo nada na Record”. Assisto aos programas que me interessam e não assisto aos que não interessam, independente de onde passam. E respeito a quem assiste o que eu não assisto e gosta do que eu não gosto. Quem gosta de novela, que veja novela. Quem gosta de filme, que veja filme. E quem gosta de reality show, que veja reality show. Quem sou eu para determinar o gosto do outro? Cada um que assista o que quiser, onde quiser, e seja feliz. O que não dá para entender é como existem pessoas, e não são poucas, que se propõem a passar horas em frente ao computador ou celular votando sei lá quantas mil vezes para um desconhecido ganhar um milhão e meio de reais. Essas duas meninas são um exemplo que aconteceu perto de mim, mas imagino que haja muitos, pelo país inteiro. O ônibus delas chegou primeiro e assim que entraram, a pessoa que estava comigo me contou que o reality da Rede Record, A Fazenda, termina amanhã. Meu primeiro susto: o tal Marcos Harter, que foi expulso do Big Brother e responde processo por agressão, está na final. Meu segundo susto: está na frente em todas as pesquisas para ganhar o prêmio. Isto segundo a amiga que estava comigo. Pensando bem, eu não deveria me assustar. Se duas adolescentes vão passar a noite inteira votando nele, o moço deve estar agradando. Repito: cada um que assista o que quiser, mas pelo pouco que li neste período, a coisa está feia em todos os níveis, mesmo. O indivíduo sai expulso por agressão de um programa, é convidado para outro e ganha? Eu, hem? Claro, não conheço, nunca vi, não sei quem é, mora lá pelo Rio Grande do Sul e nem tenho tempo para investigar a vida destas “celebridades”; de nenhuma delas. Tampouco vou entrar no mérito de quem deva ou não ganhar, quem assiste que faça sua leitura. O que questiono é este fanatismo de “eu voto no meu celular e você vota no seu a noite inteira”. Por um desconhecido. Por um agressor. Por uma “celebridade” instantânea. Para que ele ganhe mil e quinhentos reais e elas acordem morrendo de sono no dia seguinte. Em minha opinião, pelo histórico, esta pessoa nem deveria estar participando de programa nenhum. Mas já que estava, pensei que já tivesse saído há muito tempo. Em vez disso está na final e com torcida. Aliás, diga-se de passagem, para qualquer um que fosse, passar a noite inteira votando, tenha dó! O mundo está mesmo de cabeça pra baixo.

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