Leia “Escolhas”, na coluna de Valdete Braga

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 17/11/2022, 11:14 - Atualizado em 17/11/2022, 11:14
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Valdete Braga / Arquivo pessoal. Siga no Google News

Duas amigas foram juntas ao supermercado.

Uma saiu maldizendo o dono do estabelecimento, os governantes, as pessoas “ricas que podem comer bem” e até a Deus, por Ele permitir tanta desigualdade entre as pessoas. Reclamava dos altos preços e se lamentava reiteradamente por não poder comprar tudo o que gostaria.

A outra bendizia a sua saúde e o seu emprego, que permitiam, mesmo com os preços “pela hora da morte”, alimentar a si e aos filhos, com dignidade e muito amor.

A primeira lamentava-se pelo esposo que não conseguia “subir na vida” e mantinha a ela e aos filhos em uma vida humilde e com sacrifícios, enquanto tantas pessoas viviam “no bem bom”, muitos sem nem precisar trabalhar, vivendo no que ela chamava de “vida boa”, enquanto a amiga agradecia também pela saúde do companheiro, que tinha um salário modesto como o dela, mas que também era, como ela, trabalhador honesto, construindo, juntos, o futuro.

Ela gostaria, às vezes, de poder colocar no carrinho de compras alguns alimentos que via nas casas em que trabalhava como diarista, e sentia vontade de poder comprar para os filhos as guloseimas com que muitas vezes via os filhos dos patrões se lambuzarem, mas, devido aos preços, nem se aventurava a pegar nas prateleiras. Enquanto a amiga se lamuriava, ela se limitava a pegar o básico daquele corredor de alimentos e seguir para o próximo. Os filhos estavam saudáveis e não passavam necessidades, frequentavam a escola, eram inteligentes e tiravam boas notas. Isto era o mais importante.

Na volta para casa, ao comentarem o alto preço dos alimentos, falavam sobre o custo de vida em geral. Conversavam sobre os brinquedos que não podiam comprar para os filhos, as viagens de férias que não podiam fazer com a família e outras coisas que a falta do dinheiro necessário as impedia de conseguir.

Em toda a conversa, enquanto uma se lamentava, a outra encontrava motivos para agradecer. Não podia comprar brinquedos caros para os filhos, mas ensinava-os a se divertirem com os mais baratos, não podia fazer uma longa viagem em férias com a família, mas iam para o sítio dos pais, onde ela e o marido descansavam ao ar livre e os filhos passavam horas agradáveis com os avós, que aproveitavam para curtir a presença dos netos.

Assim é a vida. O destino nos coloca em um determinado lugar ou situação, mas cabe a cada um de nós saber como agir neste lugar e o que fazer da situação. Sempre haverá dificuldades a enfrentar, em maior ou menor grau, e sempre teremos algo a conquistar.

A maneira como encaramos as dificuldades define como vamos nos sentir diante delas, podemos enfrentá-las sem sofrimento ou deixar que elas nos abatam. Saibamos escolher.

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