Roseiras não gostam de muita água. Após dias seguidos de chuva, elas ficam fracas, os caules brotam finos e os botões florescem bem menores do que o tamanho original.
Acostumada com isto, não estranho que as do meu pequeno jardim fiquem fragilizadas nesta época do ano, nascendo bem mais fracas.
Ontem, chegando à varanda, chamou-me a atenção uma dessas roseiras, cuja fragilidade eu já havia percebido há dias.
No alto de uma haste pequena e muito fina, um botão de rosa branca, ironicamente a mais frágil, brotava em seu tamanho original, que para o caule era enorme. O caule tombava, sem conseguir sustentar o peso da flor, que brotava em tamanho desproporcional ao seu suporte.
Finquei no chão um graveto e sustentei nele o caule da rosa, com cuidado para que não quebrasse, de tão fino que era.
Hoje verifiquei que o botão já estava bem mais aberto e nos próximos dias deverá estar em seu tamanho natural. Vou precisar de outro suporte para que o caule não ceda ao peso da rosa e já estou providenciando isto.
Diante deste fato, fico pensando em como a natureza sempre tem uma lição a nos apresentar, mesmo em coisas aparentemente pequenas. Quantas vezes, diante de falhas humanas, tentamos justificar buscando a origem das pessoas, suas faltas de oportunidades, etc. Existe até um ditado “o homem é fruto do seu meio”.
É inegável a influência do meio em todos nós. O local onde nascemos, a forma como somos criados, nossos familiares e contatos são muito importantes em nossa formação e não há como negar isto, mas esses não podem e não devem ser os únicos fatores. Temos livre arbítrio e direito de escolha, podemos lutar, mudar o ciclo e florescer além do caule.
Reconheço que não deve ser fácil para quem vive em um ambiente adverso seguir outros caminhos, principalmente se não conhece histórias diferentes da sua. Mas não é impossível e como a minha linda rosa branca, a pessoa pode, por si mesma, crescer e seguir caminho diferente, principalmente se encontrar em alguém um suporte, como o graveto que finquei na terra.
Nós podemos ser caule, botão ou graveto. Como caule, somos responsáveis pelo botão, o dito “meio” que vai influenciar o seu crescimento. Como botão, podemos nos guiar a vida toda pela fragilidade do caule ou insistirmos em sermos responsáveis pelo nosso tamanho, crescendo além do que ele nos quer permitir. Como graveto, podemos nos colocar a disposição para ajudar na sustentação de ambos.
Se você for o caule, seja forte, mesmo tendo nascido frágil. Se for o botão na haste fraca, lute para florir, em sua plenitude. Se tiver tido a benção de nascer e florir em um caule forte, seja o graveto. O mundo precisa dos três.
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