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Leia a crônica “Imprensa livre”, por Valdete Braga

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Por Valdete Braga Publicado em 20/11/2019, 16:25 - Atualizado em 22/02/2021, 15:28

Atualmente, esta expressão vem sido repetidamente usada, seja na mídia escrita, falada, televisionada ou via internet. Aliás, nem sei se devo dizer “pela mídia”, porque vivemos tempos em que um celular nas mãos já faz a pessoa se sentir um grande midiático.

O que mais me intriga é que esta expressão é tão óbvia, que não deveria ser preciso ficar batendo nesta tecla. Qualquer país, qualquer sociedade onde a imprensa não seja livre, está fadada a um triste fim. Pode ser rápido ou pode demorar, mas cercear o direito de livre expressão da imprensa acaba sempre mal. Não sou eu quem digo, a História está aí para mostrar.

O grande problema que enfrentamos hoje é esta interpretação equivocada de alguns, de que basta um celular nas mãos para a pessoa ou pessoas virar ou virarem “imprensa”. Um canal no Youtube, um programa de fofocas na televisão, um “digital influencer” na internet..... ainda existe quem pensa, e não são poucos, que basta digitar e publicar e pronto.... já é imprensa.

As redes sociais estão cheias disto. O facebook, especificamente, é um paraíso de especialistas em todos os assuntos. Vivemos em um mundo em que todos têm uma ou mais contas nas redes sociais. Ótimo, sinal dos tempos, precisamos acompanhar, nada contra. Mas daí à pessoa sair colando links sem checar a fonte, espalhando notícias muitas vezes falsas e se sentir “imprensa”, a diferença é enorme.

A imprensa precisa ser livre, sim, ou não é imprensa. Mas esta liberdade, se não for usada com responsabilidade, não vai prá frente, cai por si só. Imprensa livre não significa escrever o que se quer, onde se quer e como se quer. Abrir uma conta no facebook, sair fotografando tragédias e correr para dar a notícia em primeira mão, detonar o político do qual não gosta e encher de elogios o seu preferido, correr para dar a notícia da separação de algum ator ou atriz... qualquer pessoa pode fazer isto.

Imprensa são jornais, rádios, televisão, e canais de internet também, por que não? Mas por trás de qualquer que seja destes instrumentos, existem profissionais, pessoas preparadas, que estudaram, se aperfeiçoaram, desde a grande mídia com centenas de profissionais, até pequenos veículos de comunicação, ou mesmo algum canal de internet que a pessoa faça sozinha, como os “podcast” que estão na moda atualmente. Cito como exemplo um grande amigo, que não se formou em jornalismo, mas faz semanalmente um podcast em um jornal carioca e é sensacional. Entrevistas bem preparadas, assuntos de interesse, fontes seguras e bem checadas, como deve ser.

Quando uso a palavra “profissional” não estou dizendo necessariamente alguém formado em jornalismo, mas que saiba ser imprensa com responsabilidade. Esta imprensa precisa, sim, ser livre. Mas querer usar rede social para disseminar ódio, divulgar fotos de corpos despedaçados em acidentes, ou mesmo colar links de origem duvidosa e chamar isto de imprensa livre, é um enorme equívoco. Corresponde àquelas pessoas que querem sair pela internet xingando todo mundo, em nome da liberdade de expressão. A expressão pode até ser livre, mas a educação não é para todos. Da mesma forma, a imprensa tem de ser livre, sim, do contrário, viraremos uma ditadura. Mas assim como a liberdade de expressão, a da imprensa também é para quem sabe usar.

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