Leia a crônica “Ícones”, pela escritora Valdete Braga

Em seu novo texto para o Jornal Voz Ativa, Valdete fala sobre Roberto Carlos que completou 80 anos nesta segunda (19) e o duvidoso título de celebridades recebido por muitos nos dias atuais.

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Por Valdete Braga Publicado em 20/04/2021, 15:30 - Atualizado em 20/04/2021, 15:30

Na data de ontem, 19 de abril, o cantor e compositor Roberto Carlos completa 80 anos de idade. Assistindo a um documentário em homenagem a ele, encontrei, como um dos adjetivos, que ele é “um ícone” para a música brasileira. O documentário fala sobre a época da Jovem Guarda, a mudança gradativa do cantor e mostra como ele foi desenvolvendo seu estilo musical, de acordo com os temas e a época.

Coincidentemente ou não, terminado o documentário, vim para o computador desenvolver um trabalho e encontro no Youtube a mesma expressão, em um vídeo sobre o reality show Big Brother Brasil. Em uma live com vários participantes, um deles se refere à “ícone Juliette, rainha do Brasil”. Ainda com o recém documentário muito nítido na memória, não pude deixar de fazer uma comparação.

Essa moça, Juliette, uma paraibana muito carismática e preferida para ganhar o prêmio do reality, está “estourada” na mídia. Internet e canais de TV têm falado muito nela, e chega a ser divertido ver, nas redes sociais, alguns “memes”, isto sem falar nas incontáveis brigas entre torcidas, a maioria formada por adolescentes, que encaram o “game”, como dizem, quase como um estilo de vida.

Nada contra a Juliette, não mesmo, dentro da realidade do “game”, quem faz a audiência são exatamente essas torcidas, e as pessoas estão precisando mesmo de diversão. Mas daí a chamá-la “ícone e rainha do Brasil”.... Repito, chega a ser divertido.

De um lado, Roberto Carlos, cantor e compositor de 80 anos de idade e 62 de carreira consolidada, autor de mais de 140 milhões de álbuns vendidos, é considerado, pelo autor do documentário, ícone. De outro, Juliette, participante de um reality show, em três meses participando de jogos e duas festas por semana, é considerada, pela internet, também ícone.

Mesmo que não queiramos, fica difícil não comparar. O mundo mudou e precisa mudar mesmo, mas confesso que é um pouco difícil acompanhar uma mudança tão drástica e rápida. Há dez anos, não existia todo esse acesso à internet, há cinco anos, ela ainda não era tão popular, hoje, consegue-se em três meses, o mesmo título que se levava décadas para conseguir.

Nisto tudo, fica uma dúvida: esses títulos, conseguidos tão rápidos, tanto da Juliette como de outras “celebridades” se consolidarão, ou serão daquelas famosas “nuvens passageiras” que logo estarão esquecidas? Isso, só o tempo dirá. O tempo e o talento.

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