Duas amigas se desentenderam feio. Para mim, o motivo não era para tanto, mas há muito tempo aprendi que não nos cabe julgar as razões de ninguém. O que para um pode parecer uma bobagem, para outro pode ter grande importância. Como amiga das duas, fiquei entre o fogo cruzado, tentando não julgar nenhuma e entender ambas. Ao falar sobre o assunto, uma delas me disse, com relação à outra: “eu a odeio”. Nesta hora, deixei de lado todas as minhas convicções do “não envolvimento” e quando dei por mim já estava pedindo a ela que não falasse aquilo. A palavra ódio é forte demais. Tenho por princípio não odiar ninguém. Já passei por muitas coisas nesta vida e confesso que motivos não me faltaram. Mas eu me recuso. Por maior que seja o mal que alguém me faça, eu posso sentir raiva, ficar irritada, mas jamais odiei e jamais odiarei. Um sentimento tão negativo só pode atrair energias ruins, inclusive para quem o sente. Falei prá minha amiga: “por mais que você esteja ferida agora, isso vai passar. Vocês já foram amigas e eu sei o quanto gostavam uma da outra. Mesmo que este sentimento nunca mais volte, não fale em ódio. Não atraia para ela nem para você mesma algo tão ruim, em nome do que vocês já foram um dia”. Ela me olhou e disse que eu não entendia o que ela estava sentindo. Respondi que eu não podia sentir como ela, porque cada sentimento é único e cada um sabe de si, mas que eu podia entender e odiar jamais seria a solução. Temos por hábito usar palavras sem pensar em seu real significado. Tanto negativas como positivas. “Eu te amo”, “eu te odeio”, expressões tão significativas são banalizadas nos contextos mais esdrúxulos No caso em questão, é óbvio que nenhuma odiava a outra. Na hora da raiva (raiva, não ódio) uma falou pelo impulso da emoção, pela mágoa, pela dor do ressentimento, que seja. Mas palavras têm peso e precisamos nos policiar antes de abrirmos a boca. Agradeço a Deus por conseguir vencer este sentimento terrível e peço a Ele que continue a seguir a minha vida sem nunca senti-lo. E Ele retribui este agradecimento a cada dia que nasce. A maior prova que eu podia ter foi a de conseguir explicar isto à minha amiga. Mais um motivo para agradecer.
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