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‘Indignação é uma coisa, agressão é outra’, por Valdete Braga

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Por Valdete Braga Publicado em 30/10/2019, 11:09 - Atualizado em 22/02/2021, 15:28

O assunto que tomou conta da mídia esta semana foi o vídeo do funkeiro Mc Gui debochando de uma criança, na Disneylândia. Tanto na mídia televisiva como nas virtuais, só se falou neste assunto.

A atitude do rapaz, tida por ele como “brincadeira”, é indesculpável. Não se debocha de ninguém, não se filma ninguém sem autorização, ridicularizando a pessoa, muito menos uma criança. Adulto ou criança, doente ou saudável, ninguém merece passar por isto. A atitude foi mesquinha sim, e a indignação que tomou conta das pessoas é mais do que justificável.

Porém, existe uma questão nesta história que precisa ser avaliada com muito cuidado. Nada justifica a “brincadeira”, que na verdade de brincadeira não tem nada. É errado, é cruel, é crime, inclusive. Não se faz isto com ninguém. Mas nisto tudo, principalmente depois da repercussão, apareceram pessoas que, ao condenarem um ato, cometem outro, igual ou pior.

A indignação pelo fato fez com que várias pessoas se manifestassem. Famosos e anônimos, em redes sociais, colocaram a sua posição em relação ao acontecido. Depois das redes sociais, todos podem se manifestar, e isto seria uma coisa muito boa, se todos soubessem como fazê-lo. Acontece que, como tudo na vida, existem os dois lados da moeda.

O rapaz teve uma atitude horrível. Ao comentar a atitude horrível, pessoas escrevem “devia morrer”, “tomara que o avião dele caísse”, isto sem mencionar os incontáveis palavrões e expressões de baixíssimo calão, impublicáveis.

Impublicáveis aqui, porque nas redes sociais de alguns, estas expressões são usadas como se fosse a coisa mais natural do mundo. Talvez seja, na vida deles. Talvez falem assim em casa ou com amigos, mas quando se escreve publicamente, o mínimo que se espera é educação.

Desejar a morte do rapaz não é menos grave do que o que ele fez. Indignação é uma coisa, agressão é outra, muito diferente. Assisti e li comentários super relevantes, até educativos, todos contra a atitude, mas sem o nível de agressividade de outros.

Contra a atitude, todos nós somos, ninguém está aqui para defender o indefensável. Mas até para demonstrar indignação é preciso o mínimo de educação e, porque não dizer, humanidade. Dentre tantos absurdos, um chamou especialmente a minha atenção. A pessoa escreveu, literalmente: “Deus podia mandar um câncer para ele”. Li e reli para acreditar. Alguém precisa avisar a esta pessoa que, em primeiro lugar, Deus não é um anjo vingador para atender este tipo de desejo, e em segundo, todos nós estamos sujeitos a esta e outras doenças, inclusive o próprio ou a própria que escreveu, seus filhos, seus pais, sua família.  Aterrador este comentário.

Já virou lugar comum a frase “as redes sociais são boas, o problema é o mau uso delas”. Concordo. Acontece que a cada dia que passa, cresce o número de pessoas que não sabem usar. Entrar em uma rede social para desejar a morte de alguém, ou lançar enxurrada de palavrões, está cada dia mais comum.

Neste caso específico, muitos se aproveitaram para destilar mais ódio em cima de algo já tão condenável. Não li todos os comentários, alguns começava e parava pela metade, não por concordar com o que o Mc fez, jamais, mas por estar presenciando atitudes iguais ou piores do que a dele. Chega a ser irônico como, ao criticar, a pessoa faz pior.

Vários “perfis” se manifestaram sobre a questão. Alguns famosos, outros não. Na televisão, vários programas comentaram sobre. Como já dito, alguns educativos, indignados e explicando o porque da indignação. Alguns com palavras duras, outros com conselhos, outros condenando mesmo, mas sem agressões, sem desejar queda de avião ou doença.

Posicionamentos válidos, até para que outras pessoas e mesmo o próprio não repitam isto. A estes vale a pena acompanhar. Quanto aos que vêem com discurso de ódio, estes deveriam primeiro aprender um pouco de humanidade, para depois comentar o que quer que seja.

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