Cada um tem o seu tempo Não existe sensação pior do que a pessoa procurar um amigo com um problema e ouvir frases como “esqueça isto”, “deixe pra lá”, “não pense mais nisto”, etc. Pode até ser o caso. Mas não é o momento. Quando se procura um amigo ou amiga com um problema, a pessoa precisa de apoio e este tipo de reação, mesmo que seja o melhor a ser feito, se dito desta forma e nesta hora, passará ao outro a impressão de descaso e falta de interesse. Claro que estou me referindo a amigos e não colegas, o que são duas coisas totalmente diferentes. Colegas são importantes e fazem parte de nossa vida, mas amigo é aquele que procuramos na alegria e na tristeza, com quem dividimos nossos segredos mais íntimos, em quem confiamos e que também podem confiar em nós. Por isso quando ouvimos as frases citadas, dói. Machuca, porque por mais que o problema em questão não mereça o nosso sofrimento, e muitos não merecem mesmo, cada momento é único e precisa ser vivido. O que para alguém é uma coisa boba, para outro pode ter um peso incalculável. Cada um é um e cada um sente de acordo com o seu coração. É verdade que a pessoa que está de fora do problema tem mais discernimento para enxergar os fatos do que quem está afundado nele até o pescoço, mas é exatamente aí que precisamos ter muita parcimônia e cuidado com as palavras, para não deixar o outro ainda mais perdido e infeliz. Às vezes só ouvir é o suficiente. Quando um amigo nos procura, muitas vezes tudo o que precisa é desabafar. Colocar para fora aquilo que está oprimindo o seu peito, impedindo-o de respirar, tamanha é a sua angústia. Muitas vezes ouvimos e não enxergamos com tanta intensidade. Achamos que o melhor é ele esquecer o assunto e seguir em frente, mas não devemos externar isto em palavras. Não naquele momento. O outro não está pronto para ouvir, como nós estamos prontos para enxergar. Nesta hora o verdadeiro amigo oferece o ombro, escuta, consola, e aguarda. Chegará a hora em que o outro estará pronto. Aí então ele dirá “não pense mais nisto” e será compreendido. Sem mágoas, sem parecer desinteresse ou falta de paciência para o assunto. Em alguns casos, Deus entra na frente e nem é preciso. Quando o amigo, e eu friso a palavra amigo, acha que é a hora e vai dizer para o outro “esqueça isto” ele já esqueceu. Mas não se pode ter pressa e nem exigir que o tempo do outro seja o nosso tempo.
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