“Amigo”, por Valdete Braga

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 22/03/2017, 09:57 - Atualizado em 22/02/2021, 15:28
Uma amiga (minha) teve um desentendimento sério com uma amiga (dela). Contou-me a história, muito magoada pela atitude de uma pessoa a quem sempre considerou, respeitou e com quem mantém um relacionamento há anos. O que deixou-a mais magoada foi o fato da amiga, que era quem estava errada na história, ter parado de conversar com ela. Fiquei triste por ela, mas a vida é assim: as pessoas mudam, e precisamos estar preparados. Disse isto a ela e ela entendeu, mas então disse uma frase que deixou-me estupefata: “quando ela precisar de mim ela volta”. Argumentei que amizade não é isto, e perguntei, caso ela “precisasse” e voltasse, qual seria a sua reação. A minha amiga disse que não era a primeira vez que esta amiga dela se afastava, mas que sempre voltava e “ficava tudo bem”. Entrando em maiores detalhes, acabou contando que estava ficando cansada porque a amiga nunca aceitava ser contrariada e sempre que precisava, era ela quem resolvia seus problemas. Infelizmente, isto é muito comum no ser humano. Há pessoas que só se lembram da outra na hora da necessidade. A minha amiga é adulta, vacinada e dona do seu nariz, e não cabe a mim julgar o tipo de relação que tem com as pessoas, mas tenho o direito de não concordar que isso seja amizade. Prá mim, o nome disto é interesse. Amigo verdadeiro aceita opinião, mesmo discordando. Está presente nas horas boas e nas ruins. Mantém-se leal nas comemorações e nas necessidades. Amigo não é muleta. Não é para ficar à disposição quando o outro precisa e se sujeitar a não ser cumprimentado na rua quando o outro está de “birrinha”. Esta atitude da amiga da minha amiga, além de não ter nada de amizade, ainda é de uma infantilidade que beira o ridículo. Mas se ela age assim é porque encontra respaldo na atitude da outra. Disse isso a ela. Tenho inúmeros colegas e nem tantos, mas seletos amigos. Confio neles, gosto deles, estou com eles e eles estão comigo para todas as horas. O dia que alguém de minhas relações procurar-me só quando precisar, não vou chamar esta pessoa de amiga. Colega sim, companheira talvez, mas amigo é uma palavra muito forte. Uma pessoa adulta que “fica de mal”, para de conversar e “volta quando precisa”, como se nada tivesse acontecido, pode ser tudo, menos amigo. E cabe ao outro se fazer respeitar e mudar esse tipo de relação. Obviamente, não cabe a mim dizer o que a minha amiga deva ou não deva fazer com relação à amiga dela. Fazer isto seria incoerente com tudo o que disse até aqui. Cada pessoa é única e age de acordo com os seus princípios. Mas posso e devo aconselhar, sugerir, logicamente deixando-a livre para acatar ou não a minha opinião. Se nos deixarmos usar por estes pseudo-amigos que só se lembram de nós na hora que precisam, estaremos errando conosco e com eles, pois estaremos incentivando este tipo de atitude egoísta e infantil. Sejamos amigos de nossos amigos. Mas sejamos também amigos de nós mesmos. Desta forma, todos saem ganhando.

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