Um encontro inexplicável iluminado pelas luzes do natal Marianense, momento em que duas almas se encontraram num puro capricho do amor. Para muitos obra do acaso para outros o tempo certo do amor.
Depois de passear pela praça Gomes Freire em Mariana, lugar conhecido como “Jardim”, Ícaro resolveu seguir adiante e se embrenhar em meio aos corredores de luz para usufruir do espetáculo de beleza que as luzes proporcionavam. Interrompeu sua caminhada na praça Claudio Manoel da Costa bem em frente à Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção ou Catedral Sé, mas popularmente conhecida como igreja da Sé.
De lá observava as pessoas passarem diante dele com as mais diversas expressões. Crianças corriam aqui e ali, as luzes davam ao lugar um toque mágico e todos demonstravam com sorrisos profunda alegria.
Ele observava tudo a sua volta com a satisfação de quem se entregava ao ambiente deixando fluir as mais belas expressões de contentamento.
Tudo estava muito bonito, quando mais bonito ficou. Ao seu lado parou uma mulher que mesmo desacompanhada, sorria e cantava as músicas que tocava na tenda que estava em frente. Tudo normal se não fosse o desejo de Ícaro em saber quem era a mulher que cantava bem ao seu lado. Não se contendo, movido por um impulso incontrolável ele virou lentamente e viu vestindo uma roupa leve, uma mulher que o fez tremer nas bases. Imediatamente começou uma revolução dentro dele.
Seu coração acelerou e as batidas descompassaram, um arrepio lhe tomou por inteiro. Ícaro deu dois passos para traz para tê-la no seu raio de visão e ficou a contempla- la. Ela bailava suavemente no ritmo da canção, os cabelos soltos balançavam ao vento como uma bandeira tremulando. O sorriso gostoso se misturava ao som de sua voz a cantar baixinho a canção que ecoava naquele lugar.
As luzes natalinas da cidade de Mariana incidiam sobre ela, enaltecendo ainda mais sua simplicidade e beleza.
De repente ela fez um movimento natural se virando para a esquerda e inevitavelmente seu olhar encontrou o de Ícaro. Seu rosto ruborizou-se e um sorriso lindo e contido se formou em seus lábios, o acontecimento repentino a deixou sem ação a ponto de desconserta-la.
Ele também impactado pelo magistral momento retribuiu o sorriso e piscou discretamente para ela. A partir daí foi dentro dela que aconteceu uma revolução. Ela não ficava mais que um minuto sem olhar para ele, e ele estava sempre esperando olhar dela.
Ela então deu dois passos par traz e mais dois lateralmente na direção dele e perguntou o seu nome. Ele não tardou em dizer, já deixando transparecer o desejo de saber o dela. Quando ela disse se chamar Emily, recebeu um pomposo elogio.
Na mesma hora começou a tocar uma música suave parecendo uma “deixa” das forças ocultas ou do acaso para que se prontificassem a dançar. E Emily mais desenvolta que Ícaro fez sem palavras um gesto que significava um convite para a dança. Ele tímido apenas se deixou levar e a abraçou deixando seu corpos flutuarem num bailar que representava anseios e desejos.
Nos primeiros minutos da dança era puro silêncio, ambos estavam de olhos fechados procurando sentir um ao outro.
Ícaro se prendeu ao perfume gostoso que emanava de Emily, e ela deixou-se perder no abraço enquanto bailavam. Ainda de olhos fechados, Ícaro sussurrando baixinho no ouvido de Emily, perguntou se ela tinha namorado, e ela logo disse não, e aproveitando o ensejo devolveu-lhe a pergunta.
Ícaro a fez saber que também não tinha namorada e ela o inquiriu com uma pergunta que o deixou sem ar momentaneamente.
— Você quer namorar comigo?
Uma pergunta proferida impulsivamente movida pelas fortes emoções do momento, mas que tinha grande verdade e real interesse. Teria que ser feita naquele momento senão poderia não haver outra oportunidade porque tudo estava acontecendo sem o controle da razão.
Após ter feito a pergunta Emily ficou ofegante, seu coração acelerou e uma mistura de ansiedade e medo lhe tomou conta. Ficou receosa de ter se precipitado, afinal embora houvesse entre eles algo intenso, tudo acabara de acontecer.
Ícaro depois de alguns segundos, afastou o rosto de Emily cuidadosamente a uma distância suficiente para olha-la nos olhos e contempla-la sem palavras. Dentro dele uma voz dizia dos lindos ombros de Emily, do belo coração tatuado em seu corpo, da verrugazinha a esquerda dos seus lábios, uma marquinha única para deixa-la inconfundível. Só depois desse breve momento contemplativo pronunciou um ressoante sim. O beijo que seguiu selou o início de uma belíssima história de amor.
Depois que se deram as mãos e saíram entre as luzes de natal se misturando aos Marianenses, percebiam as luzes cada vez mais brilhantes, era como se o trajeto percorrido fosse preparado especialmente para eles.
Quando ele descobriu que ela morava em Ouro Preto, ficou radiante de felicidade, pois sendo assim os dois ouro-pretanos ganhariam mais um tempo para namorar no caminho para casa.
E esse ir e vir a Mariana se repetiu por inúmeras vezes, afinal Ícaro e Emily não queriam esquecer das luzes que potencializaram o encontro dos dois, essa incandescência natalina que pode ser entendida como um capricho do amor para chegar aos corações e fazer neles morada.
Ícaro e Emily seguiram numa felicidade sem fim, própria de quem vive um grande amor.
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