“Amor, o encontro dos invisíveis”, por Roberto dos Santos

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 02/03/2021, 16:08 - Atualizado em 02/03/2021, 16:08
Foto – O colunista Roberto dos Santos no centro histórico de Ouro Preto. Crédito – Arquivo pessoal. Siga no Google News

Corpo moreno, cheirinho de shampoo, cabelos molhados, roupa de ginástica, óculos de sol, e um sorriso inigualável. Assim foi o sublime momento que Ana Beatriz passou bem a minha frente caminhando naturalmente e sem menor pretensão de provocar amor em mim. Só que ao cruzar meu caminho naquela lentidão programada, meu coração doeu.

Estava linda, meu olhar encontrou o dela, um sorriso se formou como uma flor no exato momento de desabrochar. Seguiu seu caminho deixando para traz um perfume – como a dama da noite nas noites primaveris - que dava um toque especial a um imenso azul que do alto enfeitava todo o lugar. Eu fotografei Ana Beatriz sem que ela soubesse e fui embora. Ela não era estranha para mim, eu a conhecia de vista. Só não sei explicar o motivo que fez daquele momento um momento diferente. Na verdade algo novo aconteceu, foi como um relâmpago que me acendeu e meu olhar para ela começou a envolver um querer mais que especial.

Como Sherlock Holmes eu a investiguei e descobri seus hábitos e sua vivenda. Provoquei encontros nos mais variados lugares, ruas, estabelecimentos comerciais, praças, jardins e outros tantos cantos por aí. Inventei endereços a procurar, só para ouvir sua voz que como uma linda canção de amor acariciava meus ouvidos.

Depois de todas as diligências e devassa, recolhi-me ao anonimato e solidão. Primeiro a solidão de fugir das multidões, depois a solidão de mim mesmo, de buscar nas apropriações de minha memória, a explicação para entender que forças eram aquelas que me levavam incessante na direção de Ana Beatriz.

Sentei-me a sombra de uma árvore e aproveitei as manifestações da natureza para me acalmar e achar algumas respostas. Encontrar explicações para entender os efeitos provocados com a passagem de Ana Beatriz diante de mim.  Senti a leve brisa, vi as folhas bailarem embaladas pela cadência do vento, ouvi o canto dos pássaros. Todas essas coisas eu aproveitei para buscar o equilíbrio entre o corpo e a alma e alcançar o máximo de paz para encontrar a explicação para o desarranjo que Ana Beatriz provocara em mim.

De olhos fechados mergulhei profundamente no insondável de mim, e por um tempo fiquei imerso em imagens e sensações. Meus pensamentos passeavam em mim como a lava e o vulcão, e nele Ana Beatriz era a totalidade. Sentia uma inexplicável força que dos pensamentos fluíam, uma luz alva e penetrante cujo principio ativo parecia com um remédio de ação rápida, pois me tomava por inteiro.

O barulho das folhas secas caindo ao meu lado por ação do vento, dava sensação de que estava bem perto de mim. Cheguei a imaginar seus cabelos cacheados e volumosos a balançar, mesmo sabendo que em alguns momentos ela os envolvia numa tiara domando-os a seu jeito.

Percebi naquele silêncio contemplativo que meu encanto por Ana Beatriz vinha desse olhar que mesmo a distância tinha a capacidade de me tocar e do sorriso que na mesma condição me acariciava. Aquele invisível que se encontrava com o outro invisível reagindo na formação de forças que se atraem. Talvez isso explique o amor.

No meio desses inexplicáveis uma coisa tenho que dizer sem medo e com a máxima ousadia: Ana Beatriz é a mulher mais linda do mundo, a expressão da pura beleza, eu só precisava olhar para ela, o meu sonho de amor. Sonho que eu realizava todas as vezes que eu a via. O sonho de simplesmente amá-la.

Abandonei o aconchego da árvore e sai a caminhar, não mais me preocupei em entender meus sentimentos, outra sensação passou a povoar o meu ser.

 Agora a saudade de Ana Beatriz era que insistia em mantê-la o tempo todo em mim, saudade do seu cheiro, do seu jeito, da mulher dos cabelos cacheados e volumosos.        

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