Palavras = borboletas
A boca fala; borboletas voam
Fazem o voo
Chegam aos ouvidos do intérprete de língua de sinais
Ele, o intérprete, processa as borboletas pelo corpo
As borboletas fluem por ele
Diversas, de todas as formas e tamanhos
Nova metamorfose: vão se transformando em sinais
Saindo do intérprete
Através dos dedos
Mãos
Expressões faciais
A pessoa Surda captura com os olhos aquelas novas borboletas, transformadas em gestos
Elas entram: “sejam bem-vindas”, diz o que as acolhem.
O coração Surdo se enche de conhecimento
Aumenta
Pulsa grande
Está grato com seu coração pulsante de borboletas
Então, repete o processo de volta
Sinais = borboletas
O corpo fala; borboletas voam
Novo voo, de volta
O intérprete acolhe cada borboleta que tremula,
às vezes intrépida,
às vezes inquieta,
E as transforma em palavras.
Sobre o autor
Filho de pais surdos, o filósofo carioca Márcio Messias Belém se utiliza da crônica, do conto e mesmo da prosa em verso para tratar de forma delicada e ao mesmo tempo descontraída de um tema que deveria ser mais discutido na sociedade, a inclusão.
Deslumbrante como o vôo de uma borboleta singular
Mais uma crônica de um valor filosófico maravilhoso. E como ir a uma opera sem entenderá linguagem viajar no explodido a espetáculo . Parabéns ao autoe