Coisas do Cotidiano: Leia “Saudosistas”, por Antoniomar Lima

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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Por Antoniomar Lima Publicado em 16/01/2025, 12:53 - Atualizado em 16/01/2025, 12:53
Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Nós, brasileiros, somos saudosistas de carteirinha. Comumente evocamos passagens de algum ano que ficou grudado em nossa memória. Evocamos passagens significativas e também as desagradáveis.

Se por um lado, as primeiras nos causa orgulho e suspiros; por outro, das segundas tiramos lições, aprendizados.

Havemos de reconhecer que ambas deixaram seus efeitos em nosso espírito e modo de ver o mundo e, até as pessoas. 

Enfim, sobre tudo que se reporta a nosso cotidiano com suas miríades de circunstâncias e situações diversas.

Somos saudosistas de coisas, sobretudo de pessoas. E, em algum nível de nós mesmos.

Sentimos prazer em voltar, mesmo imaginariamente, em tempos que não voltarão mais, de lembrar de coisas que por quaisquer razões ficou também pelo caminho ou está em posse de outros donos; de pessoas conhecidas e outras mais chegadas que conhecemos em algum momento que não lembramos exatamente quando, ou até lembramos, mas de um modo ou de outro foi inexoravelmente suprimido pela passagem do tempo.

Lembramos de tudo, ou quase tudo, até de coisas que aparentemente não teve nenhuma ligação conosco, mas que - sabe-se lá porque - a memória guardou em algum cantinho do labirinto de nosso ser, sem sabermos de sua utilidade, mas deve ter alguma que ainda, quem sabe, descobriremos.

Lembramos de nós mesmos ao nos desconhecermos, ao sentirmos o impacto de alguma crise existencial; em algum instante de angústia, de alegria, num momento de solidão, em qualquer instante, enfim.

Tem coisas que a memória não retém, talvez, por não nos servirem e nem nos fazer sentir quem somos ou quem supomos ser.

Nessa avalanche de imagens que idealizamos como um consolo diante da impotência que nos assiste; diante do nada que supomos ser alguma coisa tocamos a vida com a tênue chama da esperança que é como um sol que brilha dentro de nós e aquece à vontade, a verve de dar continuidade a luz externa de cada amanhecer de onde podemos arrancar também sorrisos.

Enfim, com o calendário -   pelo menos, numericamente – mudado, renovado, pedimos aos céus iluminação, amparo e proteção para seguirmos nessa longa, ou curta estrada...

Que o número de grandes momentos suplante os de pesar, tormentos que supostamente vierem!...

Laudate Dominum

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