Leia o artigo do doutor Iure Kalinine e saiba mais sobre a importância do treinamento em serviço para a formação médica

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Por João Paulo Silva Publicado em 03/12/2018, 09:30 - Atualizado em 03/07/2019, 20:29

De olho na formação médica, por Dr. Iure Kalinine Ferraz de Souza*

Ponto um: “O total de registros médicos no Brasil, em todos os quinquênios que compreendem o período de 1920 a 2017, apontam para taxa de crescimento do número de médicos de, no mínimo, duas vezes maior que o da população”. Ponto dois: Do total de 451.777 registros desses profissionais em atividade no país, 62,5% têm um, ou mais, títulos de especialista, os outros 37,5% não possuem registro de especialidade médica nos Conselhos Regionais de Medicina. A razão é de 1,67 especialistas para cada médico generalista.

Os dados são da edição 2018 do estudo de Demografia Médica no Brasil – elaborado por pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP; do Conselho Regional de Medicina de São Paulo; e do Conselho Federal de Medicina. A despeito desses números, a população tem visto, na prática, certo despreparo de alguns médicos para a condução de casos clínicos de maior complexidade.

Uma série de fatores contribui para este cenário, tais como o aumento indiscriminado na oferta de cursos de medicina. Contudo, vamos nos ater a outro fator crítico para a garantia da qualidade na formação médica: o treinamento prático em serviço seja para o graduando, para o recém-formado ou para o médico experiente que busca por uma oportunidade de educação continuada de qualidade.

Mais que entender e acompanhar os ensinamentos compartilhados em aulas expositivas, é imprescindível que o aluno tenha acesso às bases de dados que disponibilizem as mais recentes evidências na área médica, bem como significativa carga horária de treinamento prático em serviços de saúde qualificados como hospitais, ambulatórios, unidades de pronto atendimento e de apoio diagnóstico, contando com o apoio de pessoal técnico qualificado para garantir a integralidade da assistência ao paciente. Tudo isso, claro, com supervisão de docentes e preceptores devidamente titulados e com vivência profissional suficiente para uma troca de experiências enriquecedora.

A conclusão de um Programa de Residência Médica (CNRM/MEC), de uma especialização credenciada por Sociedades de Especialidades Médicas (reconhecidas pela AMB) ou de um Curso de Pós-Graduação lato sensu (oferecido por Instituição de Ensino Superior reconhecida pelo MEC), contribui para mudar este cenário. No caso de cursos pós-graduação lato sensu, é imprescindível a busca por uma instituição de ensino que garanta a possibilidade treinamento em serviço.

Para médicos que acabam de iniciar a carreira, será a oportunidade de aprimorar conhecimentos recém-adquiridos e de vivenciar novos aprendizados na área de seu interesse. Já para médicos mais experientes, é determinante o acompanhamento de casos clínicos reais que estimulem um novo olhar e uma atuação profissional diferenciada, objetivando melhor qualificação para o atendimento de pacientes de uma determinada especialidade. Desta forma, a população agradece.

*Diretor de Educação Médica da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas

 

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